Numa altura em que seria de esperar, cada vez, a progressiva redução das folhas salariais dos clubes, a realidade demonstra que os grandes do futebol português continuam a contratar jogadores em quantidades assinaláveis e mantêm listas de empréstimos demasiado extensas. É isso que acontece em Benfica e FC Porto, enquanto o Sporting conseguiu reduzir o número de emprestados.

Aliás, comparando os cenários no final da época passada e no arranque de 2015/16, agora que encerrou o mercado de transferências, percebe-se que os números gerais aumentaram em vez de diminuírem.

Por cada dossiê resolvido neste verão, com transferência ou rescisão de contrato, surgiu outro nome na esfera dos clubes.

O Benfica optou pela contratação de elementos que acabaram por ser encaminhados ainda na pré-época para outros clubes. Foi o que aconteceu com Marçal (Gaziantepspor), Diego Lopes (Kayserispor), John Murillo (Tondela) ou Pelé (Paços de Ferreira), assim como Dálcio, que fica mais uma temporada no Belenenses.

Benfica aumentou a extensa lista para 33 cedências

O FC Porto apostou bastante no reforço do plantel e, como tal, houve lugar a várias saídas no grupo da época passada, sobretudo por empréstimo: Fabiano (Fenerbahçe), Ricardo Nunes (V. Setúbal), Ricardo Pereira (Nice, dois anos), Diego Reyes (Real Sociedad), Juan Quintero (Rennes), Hernâni (Olympiakos) e Adrián López (Villarreal).

FC Porto: mais jogadores emprestados do que no plantel

No Sporting, por outro lado, houve espaço para uma diminuição do número de jogadores emprestados, embora subsistam cinco casos por resolver, nesta altura: Labyad, Viola, Diogo Salomão, Salim Cissé e Oriol Rossell. Um cenário mais desanuviado em relação aos rivais diretos, ainda assim.

Sporting: menos emprestados, mas sobram casos pendentes

Embora surjam alguns casos de retorno financeiro após os empréstimos, com a valorização dos ativos, essa não é a regra geral, contribuindo para um lento arrastar de situações. Por outro lado, são ainda menos os exemplos de recuperação desportiva para uma reintegração no plantel.

Silvestre Varela (FC Porto), Ricardo Esgaio (Sporting) e Filip Djuricic (Benfica) são as exceções neste defeso, com o sérvio a ficar no plantel encarnado depois de se gorarem as possibilidades de transferência.

Emprestados não podem defrontar os clubes de origem

Benfica, FC Porto e Sporting têm jogadores emprestados pelos quatro cantos do mundo, embora a maioria se encontre em outros clubes portugueses, na I e II Ligas. E nesse aspeto há um dado novo a ter em conta, que irá marcar este campeonato: na presente época, por decisão da Liga, os elementos cedidos estão formalmente impedidos de defrontarem os clubes de origem. Para além disso, só é permitido o empréstimo de três jogadores a cada emblema.

O limite foi atingido pelo Tondela de Vítor Paneira, por exemplo, que recebeu um trio de elementos vinculado ao Benfica: Jhon Murillo, Raphael Guzzo e Romário Baldé. Os encarnados têm ainda dois jogadores do Paços de Ferreira (Fábio Cardoso e Pelé), um no Belenenses (Dálcio) e outro no Sp. Braga (Rui Fonte), para um total de sete em quatro clubes.

No caso do FC Porto, há mais clubes da Liga como recetores de dragões. Destaque para V. Guimarães (Otávio e Licá) e Académica (Gonçalo Paciência e Leandro Silva), com dois jogadores cada, enquanto Arouca (Ivo Rodrigues), Marítimo (Tiago Rodrigues), V. Setúbal (Ricardo Nunes), Rio Ave (Kayembé) e Paços de Ferreira (Roniel) receberam um elemento cada. Sete clubes, nove jogadores.

O Sporting tem seis atletas colocados em cinco clubes da Liga, incluindo dois no Moreirense (Iuri Medeiros e João Palhinha). Rio Ave (Heldon), União da Madeira (Filipe Chaby), Vitória de Setúbal (Ruben Semedo) e Belenenses (André Geraldes) também receberam jogadores dos quadros leoninos.

No total, há 12 emblemas do campeonato a receber jogadores dos grandes. Boavista, Nacional da Madeira e Estoril são as exceções neste panorama. Em alguns casos, os clubes têm atletas de dois candidatos ao título. É o que acontece no Rio Ave, Paços de Ferreira, V. Setúbal e Belenenses.

Veja o mapa descritivo desta situação. Nos clubes onde há jogadores de mais que um clube, a cor de referência é o preto. Nos outros, a cor alude à proveniência do ou dos atletas em questão.