O Benfica tem uma águia no seu símbolo. O Sporting tem um leão. São ambos predadores, animais que caçam para comer. O 3-0 com que os verde e brancos saíram da Luz neste domingo tem boa tradução numa efabulação. As águias bem voaram acima das eventuais presas, mas estas fugiram sempre por entre as suas garras. Os leões só foram à caça pela certa, mas não perdoaram nos ataques e encheram a barriga.

A eficácia com que o Sporting se apresentou no Estádio da Luz é o fator que mais ressalta deste jogo e que foi determinante para que, na primeira parte, a equipa de Jorge Jesus tivesse feito em 26 minutos os três golos que vingaram até ao fim: do minuto 9 ao 36. Isto, com cinco remates também nesse período sendo que um deles é no mesmo lance, é o de Slimani que dá a recarga vitoriosa a Bryan Ruiz.



À luz dos números traduzidos pelo Centro de Estudos da Universidade Lusófona para o Maisfutebol, as diferenças entre perdas e recuperações de uma para a outra equipa não são assim tão díspares como foi o resultado final para uma e para outra. A eficácia sim. O aproveitamento dos leões nos lances que criaram foi de 80% no primeiro tempo: quatro lances criado, três golos marcados. E não se esquece o rigor tático e/ou defensivo que também define jogos.

A eficácia do Sporting está também patente na forma como aproveitou duas bolas ganhas a este Benfica, que muito quis sair a jogar de pé para pé desde muito perto da sua área, mas que perdeu bolas de mais e ainda mais com isso. No lance do primeiro golo do Sporting é uma perda de bola do Benfica ainda perto da área que os leões aproveitam para desequilibrar de forma decisiva. No segundo, outro aspeto tático ganha relevância: a profundidade ofensiva dada pelos laterais do Sporting, em particular de Jefferson, autor de um cruzamento perfeito para a cabeça de Slimani. No terceiro dos verde e brancos é uma bola ganha num corte feito ali logo no círculo central.



O Benfica, contrariamente ao arqui-rival leonino, teve um aproveitamento nulo, sobretudo acentuado pela produção ofensiva mais rematadora numa segunda parte em que os encarnados tentavam encontrar soluções ainda para o seu primeiro golo e o Sporting continuava a gerir bem (e ainda mais) a caçada e o repasto de golos numa diferença de três.

O défice de aproveitamento entre as duas equipas no que respeita à construção de situações e à concretização das mesmas tem também reflexo nos lances de bola parada numa partida que não foi demasiado faltosa. Ao longo de todo o jogo, o Benfica teve várias oportunidades para colocar a bola no coração da área do Sporting, nomeadamente em lances de bola parada em que os leões abusaram em dar ao adversário cometendo muitas faltas propensas a cruzamentos.



Em quatro ocasiões construídas para finalização na sequência de lances de bola parada, o Benfica só conseguiu uma finalização. E isto atesta também que este Sporting não foi (ou é) apenas eficácia. O trabalho defensivo dos leões também se fez notar no dérbi deste domingo. A melhor oportunidade do Benfica acabou por ser na sequência de uma facilidade concedida por um defesa leonino, mas Jiménez deixou fugir a presa – lá está, o contrário do que os leões de Jorge Jesus fizeram: não perdoaram.