Vem aí um Benfica-FC Porto que já é fora do comum, sem nenhum dos dois rivais no comando da Liga. É o Sp. Braga quem vai na frente à 6ª jornada, com um ponto de vantagem sobre os dragões e dois sobre as águias. Esta será uma jornada especial, uma vez que o líder defronta também uma das cinco equipas da frente: o Sp. Braga-Rio Ave está marcado para sábado, véspera do duelo da Luz. Mas Clássico é Clássico, como diria Jardel,  e o Maisfutebol foi olhar para os números da época dos dois rivais, à procura de tendências para o duelo de domingo. Como marcam (só de bola corrida no caso do Benfica), como sofrem (tarde, tendencialmente), as apostas (com mudanças forçadas à vista).

Está aí um Clássico que chega em tons diferentes para ambas as equipas. Ambos vêm de vitórias a meio da semana para a Liga dos Campeões, o Benfica em Atenas a quebrar um longo ciclo sem triunfos na competição e o FC Porto em casa para o Galatasaray, mas no campeonato as águias cederam um empate em Chaves na ronda passada que os atrasou na corrida.

É também um duelo em que ambos os treinadores terão de fazer alterações em relação a referências da equipa: o FC Porto por não ter Aboubakar e o Benfica com Jardel ainda em dúvida.  São dois dos jogadores mais utilizados por ambos os técnicos, ambos com um núcleo duro de opções no campeonato. Que se centra no eixo defensivo, mas tem outras referências.

Este olhar para os dois rivais, feito com base nos dados do Maisfutebol e nas estatísticas oficiais da Liga de clubes, dá conta de um FC Porto mais eficaz e de um Benfica mais dinâmico em alguns aspetos do jogo, mas mais perdulário, e sem conseguir transformar bolas paradas em golos. E de algumas tendências comuns, como os golos tardios marcados mas também sofridos por ambos, alguns deles a custar pontos preciosos.

Num olhar geral para o que já se jogou de campeonato temos o FC Porto com o melhor ataque da Liga, mais dois golos que o Benfica. Ambos têm o mesmo número de golos sofridos, cinco para cada um, sendo que a melhor defesa da Liga é nesta altura do Feirense, com apenas três golos sofridos. Os encarnados são uma das duas únicas equipas ainda sem derrotas nesta altura – a outra é o Sp. Braga – e jogam o segundo clássico da época em casa, depois do empate com o Sporting (1-1) na terceira jornada.

Olhando para as várias competições da época, o Benfica tem mais jogos nas pernas: 13, contra 10 do FC Porto. Pesam os quatro jogos de pré-eliminatórias da Liga dos Campeões e os dados globais dão uma outra medida no saldo da época. Aí os encarnados têm uma derrota sofrida, frente ao Bayern Munique para a Liga dos Campeões e um total de 26 golos marcados, contra 13 sofridos. O FC Porto tem 22 golos marcados e oito sofridos.

Mais golos do dragão, mais remates do Benfica e a diferença das bolas paradas

Na Liga, o Benfica tem uma média de 2,33 golos golos por jogo, que baixa ligeiramente no total da época, para 2 golos. O FC Porto segue a mesma tendência, com melhor média global: 2,66 na Liga e 2,1 nos 10 jogos da época, que incluem a Supertaça, duas partidas da Liga dos Campeões e uma de Taça da Liga.

Golos marcados:

Benfica: 14 na Liga/26 nos 13 jogos da época. Média de 2,33/2

FC Porto, 16 na Liga/21 nos 10 jogos da época. Média de 2,66/2,1

As bolas paradas são um factor claramente diferenciador para as duas equipas no campeonato. O Benfica não marcou ainda na Liga qualquer golo a partir de livre, canto ou penálti na Liga. O FC Porto tem cinco: três de livre, um a partir de canto e outro de penálti. Ou seja, quase um terço dos golos apontados.

Se olharmos para o total da época, o Benfica equilibra um pouco esse saldo de bolas paradas, muito graças ao play-off de Champions com o PAOK, onde beneficiou de três grandes penalidades e marcou ainda um golo de canto. Também marcou de penálti ao Rio Ave, para a Taça da Liga. Quanto ao FC Porto, resultaram de lances de bola parada os dois golos que soma até agora na Liga dos Campeões: ao Schalke de penálti e na quarta-feira a partir de um canto frente ao Galatasaray.

O penálti batido por Alex Telles na vitória ao cair do pano sobre o Belenenses é o exemplo máximo de outra das tendências relativas aos golos marcados pelos rivais na Liga. O FC Porto marca mais nos últimos 15 minutos de jogo, ao todo foram cinco até agora. O de Alex Telles valeu três pontos e o de Tiquinho Soares, na 6ª jornada frente ao Tondela, também.

O Benfica divide mais os golos pelas retas finais de cada parte: marcou quatro nos últimos 15 minutos da primeira parte e outros tantos no quarto hora final. Um deles, o golo de João Félix no dérbi com o Sporting, valeu um ponto. O último golo tardio, apontado por Rafa em Chaves, acabou por não decidir, porque Ghazaryan empatou ainda a seguir para a equipa da casa.

Os minutos dos golos na Liga

Benfica

1-15 – 2

16-30 – 2

31-45 – 4

46-60

61-75 – 2

76-90 – 4

FC Porto

1-15 – 3

16-30 – 3

31-45 – 3

46-60 - 1

61-75 - 1

76-90 – 5

Benfica remata mais, marca menos e só dentro da área

A diferença não é grande ao fim de seis jogos, mas existe. O Benfica tem nesta altura 104 remates no total no campeonato, de acordo com as estatísticas oficiais da Liga. Dá uma média de 17,33 por jogo e de 7,4 remates para conseguir um golo.

O FC Porto tem sido mais eficaz. Precisou de 97 remates para marcar os 16 golos que tem na Liga, o que dá uma média de 16,16 por jogo e um golo a cada seis remates.

O total de ataques contbilizados nas estatísticas da Liga dá um caudal mais dinâmico ao Benfica, mas a diferença não é assim tão significativa: 236 ataques contra 228 do FC Porto.

Todos os golos do Benfica foram marcados dentro da grande área, sendo dois deles de cabeça. Os encarnados tentaram muito de fora, um total de 43 remates, 41 por cento do total, mas sem sucesso. Melhor registo de eficácia do FC Porto, que tem dois golos de fora da área, para 33 remates tentados, 34 por cento do total. O FC Porto tem três golos de cabeça.

Remates

Benfica, 104/17,33 por jogo/Média de 7,4 por golo

FC Porto, 97/16,16 por jogo/Média de 6 por golo

Iguais a sofrer golos... tarde

Olhando agora para o outro lado da balança, os golos sofridos, a base é idêntica para os dois rivais, ambos com cinco encaixados no campeonato nacional. Uma média de 0.83 golos sofridos por jogo, que desce ligeiramente no caso do FC Porto alargando às outras competições (0,8) e sobe no caso do Benfica, para uma média de 1 golo sofrido por jogo.

Dois desses golos sofridos pelo Benfica no campeonato foram de bola parada: o penálti no dérbi com o Sporting e o livre que iniciou a reação do Desp. Chaves na ronda passada, batido por Ghazaryan e que tanto deu que falar pela forma como estava (ou não estava) disposta a barreira benfiquista. No total das competições o Benfica sofreu mais dois golos de livre, ambos os golos do PAOK no play-off da Champions.

Também o FC Porto sofreu dois golos de bola parada no campeonato, ambos de penálti. De resto, dos outros três golos sofridos pelos dragões esta época apenas o de Falcão que inaugurou o marcador na Supertaça com o Desp. Aves nasce de uma situação de bola parada, um canto, embora aconteça já depois do decorrer dessa jogada.

Tanto Benfica como FC Porto sofrem golos na reta final do jogo. Na Liga, todos os golos encaixados pelos encarnados aconteceram na última meia hora. Em contextos diferentes. Se os golos apontados pelo V. Guimarães na primeira ronda não alteraram o resultado, assente no hat-trick de Pizzi na primeira parte, em Chaves o Benfica ainda marcou na reação ao primeiro golo adversário, mas o segundo acabou mesmo por definir o empate e os pontos perdidos para as águias. No dérbi, Nani também adiantou os «leões» já no segundo tempo, mas o golo de João Félix assegurou o empate.

Quanto ao FC Porto, sofreu quatro dos cinco golos na Liga também na última meia hora. Também com desfechos diferentes. Se a reação do Belenenses na segunda parte, à 2ª jornada, foi anulada pelo golo tardio de Alex Telles que garantiu a vitória, o V. Guimarães conseguiu mesmo a reviravolta total.

Na defesa, o Benfica ganha mais bolas que o FC Porto, mas também perde mais. São 327 contra 304 bolas ganhas pelos dados da Liga de clubes, e 263 contra 235 bolas perdidas.

No saldo disciplinar, o Benfica também comete mais faltas que o FC Porto, 101 contra 90. Os dragões têm mais cartões amarelos, 13 contra 10, mas nenhum vermelho, enquanto o Benfica já viu um jogador expulso: Conti, na jornada passada.

Golos sofridos

Benfica, 5 (0,83)/13 (1)

FC Porto, 5 (0,83)/8 (0.8)

Uma baixa entre os mais valiosos

Do global para o individual, há óbvios destaques na Liga em cada uma das equipas, a começar pelos melhores marcadores: Aboubakar do lado do FC Porto e Pizzi pelo Benfica, ambos com quatro golos.

Aboubakar, já se sabe, enfrenta uma longa paragem, depois da lesão frente ao Tondela, uma rotura dos ligamentos do joelho que deixa o camaronês fora das contas e obriga Sérgio Conceição a mexer no onze. O avançado foi titular em todos os jogos da Liga, alterando-se apenas o parceiro de ataque no onze inicial, Marega ou André Pereira. Frente ao Galatasaray na Champions, não tendo também Tiquinho Soares, que não foi inscrito, Conceição optou por alterar o habitual 4x4x2 da Liga. A ver qual será a opção para o clássico.

Aboubakar é a maior referência de golos na Liga, mas os «dragões» têm de resto uma lista de marcadores «democrática». São 12 os jogadores que já marcaram no campeonato. Brahimi é, além de Aboubakar, o único jogador com mais de um golo.

O Benfica divide os golos por menos jogadores. Foram oito a marcar, num início de época em que, com Jonas fora das primeiras opções, foram Pizzi e, ainda mais contra a corrente, Rafa a aparecer como principais finalizadores. Os dois têm metade dos golos do Benfica. Depois há o menino João Félix, que já bisou, e que é uma das baixas prováveis do lado do Benfica para o Clássico.

Se aos golos somarmos assistências, Pizzi aparece como o jogador mais valioso em campo no Clássico, somando três passes para golo nos seis jogos de campeonato, de acordo com as estatísticas oficiais da Liga. Está a par do bracarense Dyego Souza, que além disso é o melhor marcador, com cinco golos, e portanto em absoluto o jogador que mais golos vale no campeonato.

E outra entre os mais utilizados

No Benfica, Rui Vitória também terá provavelmente que mexer numa posição fulcral, o centro da defesa, se Jardel não recuperar de lesão. O central brasileiro foi titular em todos os jogos da época até à lesão, fazendo dupla com Rúben Dias. Com Conti castigado depois de ter sido expulso em Chaves, a opção provável é Lema, que fez a estreia absoluta na segunda parte do jogo com o AEK, depois da expulsão de Rúben Dias.

Com a substituição frente ao Desp. Chaves, Jardel deixou de fazer parte do grupo de totalistas do Benfica na Liga, exclusivo da defesa. Vlachodimos, André Almeida e Rúben Dias são nesta altura os jogadores que cumpriram cada minuto em campo no campeonato.

Grimaldo e Fejsa são os outros jogadores que foram titulares em todos os jogos da Liga, onde Rui Vitória já utilizou de resto 19 jogadores.

Nas contas totais da época, destaque para André Almeida, o único jogador utilizado até agora em cada minuto da temporada do Benfica. Só Pizzi jogou também os 13 encontros do Benfica esta temporada, mas em termos absolutos Vlachodimos e Grimaldo têm mais minutos de jogo que o médio do Benfica. Alargando às outras competições, Rui Vitória utilizou até agora 24 jogadores.

No FC Porto restam quatro totalistas no campeonato e se a referência de maior estabilidade também é na defesa há também o caso do capitão Herrera, que jogou todos os minutos na Liga. Tem a companhia de Casillas, Alex Telles e Felipe. E há ainda Maxi, a quem faltam apenas 10 minutos para fazer o pleno (foi substituído aos 80 minutos frente ao Tondela). A única posição na defesa portista que sofreu alterações foi a segunda opção para o centro da defesa. Começou o jovem Diogo Leite, mas depois foi Éder Militão a ganhar o lugar. Sérgio Conceição já utilizou na Liga 20 jogadores.

Em absoluto, o FC Porto tem dois jogadores totalistas na temporada, Felipe e Alex Telles. Herrera descolou do grupo na quarta-feira, quando foi substituído aos 89 minutos frente ao Galatasaray. E há mais três jogadores utilizados em todos os 10 jogos da época: Otávio, Brahimi e Corona. São 23 os jogadores utilizados no total por Conceição, menos um que o Benfica, mas também com menos três jogos no acumulado da temporada.