Portugal tem o sétimo campeonato mais indisciplinado da Europa, se olharmos para o número de cartões mostrados pelos árbitros. Os dados foram recolhidos pelo CIES – Observatório do futebol, e deixam clara uma diferença de abordagens entre «Europas»: mais cartões nos países do Sul e do Leste, menos na Europa central e do Norte.

É uma análise a 31 campeonatos europeus e ao número de cartões mostrados esta época, até final de fevereiro. A Grécia é recordista de cartões mostrados, com média de 5.52 cartões por jogo. Lidera nos amarelos e é segunda nos vermelhos, atrás da Roménia. A Ucrânia completa o pódio dos campeonatos mais indisciplinados e a Turquia vem logo a seguir.

A Espanha é a única das cinco grandes ligas no «top 10» e completa a lista de campeonatos onde se mostram em média mais de cinco amarelos por jogo. Está à frente de Portugal, que tem 4.90 cartões amarelos por jogo em média, mas fica pior na fotografia se juntarmos os vermelhos.

Aí, a Liga portuguesa chega a um registo de 0.26 por jogo, o sexto pior da lista. Ainda assim, o campeonato português parece caminhar para um registo melhor neste campo do que nas últimas temporadas. Em 2015/16 viram-se em média 0.29 vermelhos por jogo no campeonato, tendo sido 0.28 no ano anterior.

O clube da Liga com mais cartões esta época é o Tondela, se somarmos amarelos e vermelhos. O último classificado do campeonato, posição que divide com o Nacional, já teve sete jogadores expulsos neste campeonato. Curiosamente, segue-se na lista precisamente o Nacional, que já teve seis expulsões. Tobias Figueiredo, cedido pelo Sporting ao clube madeirense, é o único jogador da Liga que já viu três cartões vermelhos. E aquele que tem mais cartões no total, 11, é Vítor Bruno, do Feirense.

Há duas equipas na presente edição da Liga que ainda não tiveram qualquer jogador expulso. São o V. Setúbal e o Marítimo. O que é uma novidade no caso dos insulares, que foram a equipa mais indisciplinada na época passada. Teve nada menos que 18 cartões vermelhos no campeonato. Uma abordagem radicalmente diferente nesta temporada para a equipa orientada por Daniel Ramos, o treinador que substituiu ainda em setembro Paulo César Gusmão.

Voltando ao cenário global, o contraste entre culturas na Europa é flagrante. Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca, por esta ordem, são os campeonatos onde os árbitros mostram menos cartões. Na Noruega não chegam a mostrar três por jogo. E o número de vermelhos fica-se em 0.10 por partida. Menos de metade da Grécia, no extremo oposto. A análise do CIES conclui que «estas diferenças refletem a existência de culturas diferentes tanto da perspetiva de jogadores como de árbitros».

A Premier League continua a fazer justiça à ideia de que os árbitros deixam jogar mais do que noutros campeonatos. Uma tendência que se nota mais ainda no número de vermelhos. Se no total de cartões a média em Inglaterra é de 3.99, acima da França, por exemplo, quando a expulsões o valor é o segundo mais baixo de todos os 31 campeonatos contabilizados. O campeonato francês é contraditório neste aspeto. Embora se mostrem poucos cartões em média, o número de vermelhos é dos mais altos registados.

A partir destes dados, o Maisfutebol olhou também para os registos disciplinares da Liga dos Campeões. E concluiu que no palco onde jogam os melhores do planeta os números globais são quase «nórdicos». Ao longo dos 112 jogos desta edição da Liga dos Campeões mostraram-se 427 cartões amarelos, uma média de 3.81 por jogo. Vermelhos foram 21, 0.18 por jogo.

Nesta edição, Portugal fica mal no quadro de vermelhos. Tanto FC Porto como Sporting tiveram dois jogadores expulsos, os «leões» na fase de grupos e os «dragões» nos dois jogos dos oitavos de final com a Juventus. O Sporting também está entre as equipas com mais cartões, daquelas que ficaram pela fase de grupos, um total de 16.

Em absoluto o Barcelona foi quem viu mais amarelos, um total de 22, mas tem também os jogos dos oitavos. O FC Porto viu 17 amarelos, mais os dois vermelhos, enquanto o Benfica, também eliminado nos oitavos de final, somou apenas 13 cartões nos oito jogos disputados.