FC Porto e Sporting defrontam-se no próximo sábado no Dragão. Depois de na primeira volta os leões terem mostrado superioridade no embate com os rivais, os dois emblemas enfrentam agora um momento bem diferente da época, com os azuis e brancos a um ponto da liderança e o clube de Alvalade seis pontos abaixo e a fazer depender grande parte do que aí vem do resultado do clássico. Embora o FC Porto tenha uma margem de erro um pouco maior, não quererá certamente deitar a perder a recuperação feita nos últimos jogos em relação ao Benfica.

O MAISFUTEBOL compara nesta análise os dois candidatos, à luz dos números conseguidos na Liga. Este é o seu retrato.

O melhor ataque mora no Dragão

A equipa de Nuno Espírito Santo marcou 37 golos contra os 35 da de Jorge Jesus nas 19 jornadas do campeonato. 1,95 golos por partida para 1,84 dos que serão agora visitantes.

Vinte e três dos 37 azuis-e-brancos foram conseguidos no palco de sábado (62,1%). Já apenas 12 dos 35 (34,2) dos alcançados pelos leões surgiram fora do seu reduto. Uma situação que pode ser considerada normal.

Mais curioso é o facto de os portistas marcarem mais golos na segunda parte do que na primeira, embora haja dois períodos com o mesmo número de golos, dos 31 aos 45 minutos e dos 75 aos 90. Ou seja, o FC Porto tem sido forte nos últimos períodos, o que explica ou pode ser explicado pelo desgaste que provoca nas defesas contrárias e também pela necessidade de ter já sido obrigado a virar quatro resultados negativos. A equipa de Espírito Santo leva quatro reviravoltas, frente a Rio Ave, Boavista, Chaves e Rio Ave (de 1-2 para 4-2, depois de ter começado a vencer por 1-0).

No plano oposto, consentiu apenas uma reviravolta, em Alvalade, frente ao Sporting. Da outra vez em que não aproveitou o facto de ter marcado primeiro, empatou no Dragão frente ao Benfica.

Primeira parte: 15
0-15: 3
16-30: 3
31-45: 9

Segunda parte: 22
46-60: 7
61-75: 6
76-90: 9

o conjunto de Jorge Jesus chega ao golo com maior facilidade no primeiro tempo, com 19 remates certeiros em 35. O seu período mais produtivo é o segundo quarto de hora de jogo, com 7 golos, contra os 5 em cada um dos últimos dois períodos.

No que a reviravoltas diz respeito, o Sporting apenas pode reclamar uma, na receção ao FC Porto. Recuperou ainda mais três resultados desfavoráveis mas sem conseguir vencer, perante o Tondela, Chaves e Marítimo.

O encontro com os flavienses tem ainda o outro lado, o das mini-recuperações consentidas, uma vez que também esteve a vencer por 2-1, mas os locais igualaram perto do fim.

Primeira parte: 19
0-15: 6
16-30: 7
31-45: 6

Segunda parte: 16
16-60: 6
61-75: 5
76-90: 5

De acordo com as estatísticas oficiais da Liga, o FC Porto precisou de 314 remates (16,5 por jogo) para chegar aos seus 37 golos, contra os 234 do Sporting (12,3) para 35. Um golo a cada 8,5 remates para os de Nuno Espírito Santo, um a cada 6,7 para os de Jesus.

Alex Telles e o peso das bolas paradas no FC Porto, também com os centrais e Danilo em destaque.

Nas bolas paradas, será o FC Porto mais forte?

Uma das imagens a retirar dos últimos jogos do FC Porto é a importância das bolas paradas na manobra ofensiva da equipa. Foi com três golos de livres indiretos que os dragões deram a volta ao Rio Ave (4-2).

De acordo com os dados recolhidos pelo MAISFUTEBOL, o seu peso no ataque do FC Porto é francamente superior ao do Sporting. Os portistas apontaram 13 golos (4 penáltis, 4 livres indiretos, 4 cantos e um golo na sequência de um lançamento lateral) dessa forma (35,1%) contra os 10 (5 cantos, 2 livres indiretos, 1 livre direto, 1 penálti, 1 na sequência de lançamento) dos leões (28,6%).

Chaves, na Liga e na Taça, deixou marca no Leão.

Um leão de posse de bola

Os leões ganham na contabilidade dos cantos (150 contra 146) e sobretudo na posse de bola. O Sporting é a única equipa do campeonato com posse de bola positiva (50% ou mais) em todos os jogos, com uma média de 60%. O seu pior registo verificou-se precisamente frente ao Paços de Ferreira, na última partida, em que conseguiu 54%, mais uma vez de acordo com os dados da Liga.

Já o FC Porto tem uma boa média de 59%, mas conseguiu apenas 45% em Alvalade e 49% na receção ao Rio Ave.

A melhor defesa também está no Dragão, mas...

São contas fáceis de fazer. O FC Porto sofreu 10 golos, o Sporting 20. Pouco mais de meio golo por encontro (0,52) para os que serão visitados no sábado, pouco mais do que um por partida para os visitantes (1,05).

Curiosamente, os dragões sofreram mais golos em casa (6) do que fora (4), já os leões consentiram 12 dos 20 fora de Alvalade.

Há uma questão inevitável que nasce dos minutos dos golos sofridos por ambas as equipas, neste caso mais premente no caso leonino. O Sporting sofre bem mais golos na segunda parte (12)  do que na primeira (8), com especial destaque para a última meia-hora (10). Só a equipa técnica do emblema de Alvalade conhecerá a(s) resposta(s) correcta(s), mas haverá uma explicação possível a apontar para algum desgaste físico e mental da própria equipa com o tempo.

Também o FC Porto tem três golos dos 10 para explicar no último quarto de hora, mas os seis do primeiro tempo, equitativamente divididos pelos três períodos, parecem ser mais case-study, que têm obrigado a várias reviravoltas esta temporada, como dito acima.

Golos sofridos:

FC Porto
0-15: 2
16-30: 2
31-45: 2
46-60: 1
61-75: 0
76-90: 3

Sporting
0-15: 3
16-30: 2
31-45: 3
46-60: 2
61-75: 6
76-90: 4

Rui Pedro foi um dos autores dos golos dos azuis e brancos nos últimos minutos.

Tanto FC Porto como Sporting consentem números de remates semelhantes aos adversários. 131 remates em 19 jogos para os dragões (6,89 por encontro), 130 para os leões (6,84), embora depois o reflexo prático seja diferente: os homens de Nuno Espírito Santo sofrem um golo a cada 13 remates (13,1) enquanto que os rivais do conjunto de Jesus festejam a cada 7 (6,5).

A defesa do FC Porto apresenta já 70 pontapés de canto marcados contra (59 do Sporting). Terá sido essa jogada mais problemática de resolver para ambos os candidatos?

As bolas paradas

Analisando os golos sofridos, a equipa de Nuno Espírito Santo sofreu seis dos seus dez golos de bola parada, com destaque para os livres indiretos (3) e, sim, os cantos (2). O outro tento consentido resultou de um penálti. Ora seis em dez dá 60% de golos sofridos de bola parada. Só não parece dramático por os portistas sofrem muitos poucos e, sobretudo, de bola corrida.

o Sporting tem 7 em 20, ou seja 35%. Foram três livres indiretos, um livre direto, dois cantos e um penálti. 

Arcos: o primeiro mau momento do Sporting na Liga, depois de quatro triunfos consecutivos.

O FC Porto comete menos faltas (277 vs 331), mas também provoca menos (306 vs 318) e vê menos amarelos (30 vs 49). Nenhum dos emblemas tem expulsões na Liga.

Dost, André Silva e quem mais?

Bas Dost e André Silva são figuras incontornáveis de ambos os emblemas e foram tratados à parte.  Se o holandês tem sido puro golo, já o jovem internacional português teve uma participação mais abrangente com três assistências. Nos 12 golos de André Silva há quatro grandes penalidades convertidas.

No FC Porto:

No Sporting:

Nos quadros de cima distinguem-se os números de Gelson Martins e de Alex Telles no papel de assistentes, com o brasileiro a ser exímio na transformação das bolas paradas. Também Joel Campbell, que ainda não se afirmou como titular, tem tido um percurso bastante interessante: é o terceiro leão mais influente, com três golos e quatro assistências.

Dezasseis jogadores inscreveram o seu nome na tabela de cima, ao participarem direta (golo) ou indiretamente (assistência) nos golos da respetiva equipa. João Aurélio surge aqui por motivos menos felizes, já que se trata de um autogolo do futebolista do Nacional. Dezasseis criadores de golo para cada lado, precisamente.

Gelson e Dost, as duas grandes figuras do Sporting à luz dos números.

Os totalistas Iker Casillas e Felipe

Há apenas dois jogadores no plantel do FC Porto que estiveram em campo todos os minutos (1710) de todos os 19 encontros realizados. São eles Casillas e Felipe.

A seguir, aparecem André Silva (1657) e Marcano (1620). Dos utilizados, o jogador com menos minutos jogados foi Sérgio Oliveira, entretanto emprestado aos franceses do Nantes.

O onze com mais minutos é o seguinte:

Não há no caso do Sporting nenhum totalista. William Carvalho é aquele que mais se aproxima, com 1639. O médio falhou o pleno, ao ser substituído frente ao Belenenses e ao começar no banco no empate da Madeira frente ao Marítimo. Gelson Martins apresenta menos cinco minutos apenas, Rui Patrício encontra-se em terceiro lugar (1530), tal como Coates.

Mais uma vez entre os utilizados, Carlos Mané, agora no Estugarda, e Matheus Pereira têm apenas um minuto jogado, mais descontos.

Se fizéssemos um onze leonino com os jogadores com mais minutos no campeonato daria qualquer coisa como o seguinte:

Bruno César foi utilizado em múltiplas posições ao longo da temporada, tal como, embora em menor escala, Bryan Ruiz. O brasileiro foi segundo avançado, lateral-esquerdo, médio-esquerdo e inclusive médio centro em vários momentos nos jogos do Sporting ao longo da temporada.

Diogo Jota tem sido um dos jogadores com maior rendimento no FC Porto.

O FC Porto utilizou até agora 22 jogadores, contra 24 do Sporting. E os dragões têm um plantel mais jovem na Liga, com média de 25 anos, enquanto a do Sporting é de 25.7.

A melhor sequência

Tanto FC Porto e Sporting têm como melhor sequência quatro vitórias seguidas na Liga. Os leões conseguiram-na logo a abrir, nas primeiras quatro jornadas, que meteram pelo meio a receção ao rival de sábado.

os dragões podem igualar, em caso de triunfo no clássico, a série conseguida da 12 à 15ª ronda, entre Sp. Braga e Chaves, interrompida com o empate em Paços de Ferreira, e que antecedeu a atual, iniciada depois com um triunfo caseiro frente ao Moreirense.

Sábado, no Dragão, defrontam-se velhos rivais. Alguns dados estatísticos parecem não ser muito favoráveis ao Sporting, que tem ainda o peso da classificação e o facto de jogar no estádio do rival, que ficou com a liderança à vista. No entanto, este é apenas um retrato do que pode estar a caminho.

O futebol continua a ser imprevisível.