Portugal foi o país europeu que contratou mais jogadores ao longo de 2016, aquele que mais contribui para a crescente mobilidade dos futebolistas, que passam cada vez menos tempo num clube. A Liga também continua a ser um dos campeonatos onde há mais estrangeiros e menos jogadores formados nos clubes.

Estes dados fazem parte da informação divulgada pelo CIES – Observatório do futebol, com base num estudo demográfico anual do futebol europeu que analisou dados de 31 campeonatos europeu, incluindo o português. E conclui que, nos oito anos analisados até agora, estes são os números mais baixos desde 2009: os clubes nunca usaram tão poucos jogadores da casa e nunca tiveram tantos estrangeiros.

Portugal destaca-se na análise daquilo a que o estudo chama mobilidade e que pretende avaliar a estabilidade dos jogadores nos clubes. É de todas as Ligas observadas aquela com mais novos jogadores no plantel, ou seja, jogadores contratados desde o início de 2016. São incluídos futebolistas que chegaram de fora e não aqueles que foram promovidos da formação.

São em média 14.2 por equipa, bem mais de metade do total de um plantel médio. E ainda mais do dobro do que o país com maior estabilidade neste ranking, a Áustria.

Comos se pode ver no quadro acima, os grandes campeonatos europeus apresentam maior estabilidade no número de contratações. Das cinco grandes Ligas, é na Alemanha que se contrata menos, mas Inglaterra, Espanha e França também surgem na metade inferior da tabela.

O valor de jogadores novos nos plantéis tem vindo a aumentar gradualmente desde 2009, de 36,7 por cento em 2009 para os correntes 43,9 por cento. A média de tempo que um jogador fica num clube, conclui ainda o estudo, é de 2.2 anos, também a mais baixa do período contabilizado.

Quanto a jogadores estrangeiros, os dados também são claros, e deixam igualmente Portugl no topo do ranking. O termo usado pelo estudo é «expatriados» e compreende os jogadores que estão fora do país onde começaram a carreira. O estudo analisa jogadores com ligação aos clubes a 1 de outubo que tenham jogado nas provas nacionais ao longo desta época ou jogado pelos seniores nas duas temporadas anteriores, uma contabilidade que além disso integra segundos e terceiros guarda-redes.

A Liga portuguesa é uma das setes incluídas nesta análises que apresenta mais estrangeiros do que jogadores nacionais nos plantéis. Um dado que já tínhamos analisado sob outro ponto de vista, o do tempo de jogo efetivo, que dá os portugueses ainda em minoria, mas a ganharem terreno nos minutos em campo.

Em termos gerais o número de estrangeiros tem subido regularmente nos vários campeonatos. Se em 2009 eles representavam em média 34.8 por centos dos jogadores, oito ano depois passaram a 38.7 por cento, número que tem subido a cada ano.

O aumento de estrangeiros e a diminuição de jogadores treinados nos clubes são paralelos.  Olhando para os futebolistas que passaram pelo menos três temporadas no mesmo clube entre os 15 e os 21 anos, a definição da UEFA, os dados apontam para a sua diminuição, e mostram Portugal na cauda do pelotão.

Só a Turquia, com 6.9 por cento, tem pior média de jogadores formados a atuar no campeonato. Portugal divide a penúltima posição com o Chipre, com 9.6, muito longe dos 31,5 por cento da Liga que mais aposta nos jogadores locais, a eslovaca.

Aqui, três dos «Big 5» também aparecem na metade inferior da tabela: Inglaterra, Itália e Alemanha. Só a França e a Espanha estão acima da média de 20 por cento de jogadores formados no clube.

Nas conclusões, o estudo nota que o «normal» será para este valor continuar a cair, uma vez que a tendência do mercado de transferências é para muita especulação em torno de jovens talentos, que irão continuar a deixar os seus clubes de formação.