A sua revista digitalO primeiro golo português deste campeonato aconteceu logo no jogo inaugural da Liga 2016/17. André Silva marcou em Vila do Conde, ao Rio Ave, na vitória por 3-1 do FC Porto.
Esse golo fechou o resultado, portanto, foi o último do encontro. Antes, dois mexicanos e um brasileiro faturaram. Falamos de Corona, Herrera e Marcelo. O que se passou na partida inaugural é um pouco o espelho do que tem sido o nosso campeonato há quase 15 anos.
O estrangeiro é o dono do golo e a última jornada também foi nessa tendência. Rafa Silva, Costinha e Tomané foram os únicos jogadores portugueses a marcar, naquela que é, a par da 20, a ronda com menos golos nacionais em toda a liga.
Os números atuais e o lugar de André Silva
Já festejaram golos nesta edição da Liga 186 jogadores. Curiosamente, apenas um o fez por dois clubes diferentes. É um dos homens do momento, até: Tiquinho Soares, pelo V. Guimarães e pelo FC Porto.
Quando se olha as tabelas dos marcadores, dois estrangeiros surgem no topo: Bas Dost primeiro, Kostas Mitroglou depois. Segue-se André Silva, que fecha o pódio.
Isso até é uma novidade, pois da última vez que um campeonato terminou com um português entre os três maiores matadores foi em 2010/11: João Tomás fez os mesmos 16 golos de Falcao, enquanto Hulk marcou 23.
É de sublinhar que a jornada 23, a última, foi uma das quatro (2ª, 9ª e 16ª) que teve menos golos: 15. Se todos marcaram menos, os portugueses também.
Porém, na ronda mais produtiva até ao momento apontaram-se 29 golos e apenas cinco foram de futebolistas nacionais.
Quando é que isto mudou?
Neste momento, então, há 81 jogadores portugueses com golos na Liga, enquanto estrangeiros são 105. O campeonato ainda não acabou, mas dificilmente a diferença se vai inverter. Porque ela já é significativa e porque é uma tendência do nosso campeonato.
A Lei Bosman entrou em vigor em dezembro de 1995, após ser conhecido o acórdão do Tribunal Europeu. A movimentação de futebolistas comunitários tornou-se um hábito, mas a tendência aqui apresentada verificou-se mais tarde em Portugal: na viragem do século.
Em 1998/99 e 1999/00, os portugueses marcaram mais do que os estrangeiros, mas em 2000/01 houve 118 futebolistas nacionais a celebrar perante 120 estrangeiros.
Liedson naturalizou-se português, mas contou-se com o Levezinho como estrangeiro até à data em que adquiriu nacionalidade portuguesa. Assim, o ano em que Simão Sabrosa terminou com os mesmos golos do melhor marcador do campeonato (Fary) foi também o último em que o jogador nacional se superiorizou ao estrangeiro no golo: 127 contra 110.
A última jornada, e esta Liga, confirmam o que se tem visto nas últimas 13 temporadas. Ou podemos dizer que são já 14?
