Em iniciativa lançada pelo «Guardian», e que conta com a participação do Maisfutebol, foi preparado um «mini-guia» dos grupos do Mundial 2018, no qual os textos de cada seleção foram, salvo algumas exceções, elaborados por jornalistas desses mesmo países.
O sorteio da fase final começou a definir equilíbrios de força e os próximos seis meses são de afinações para todas as seleções. O que se segue é uma apresentação, grupo a grupo, das 32 seleções, vistas de dentro.
Neste artigo a apresentação do Grupo A
Rússia
Stanislav Cherchesov tornou-se selecionador depois das exibições dececionantes no Euro 2016 e o antigo guarda-redes mudou muito num ano e meio.
As principais mudanças aconteceram na defesa, onde o trio Sergei Ignashevich, Vasily Berezutsky e Igor Akinfeev eram intocáveis. O guarda-redes manteve o lugar, mas Vasin, do CSKA, Kudryashov, do Rubin Kazan, e Dzhikiya, do Spartak Moscovo, jogam agora na defesa, com Cherchesov a usar três defesas centrais em vez de dois.
O principal motive de debate tem sido o facto de Igor Denisov estar fora das opções. Ele é o melhor médio defensivo da Rússia mas desentendeu-se com Cherchesov quando estavam ambos no Dínamo Moscovo e esse incidente não parece ter sido esquecido.
O ataque da Rússia é claramente mais forte que a defesa. Cherchesov tem um vasto leque de escolhas na frente. O experiente Alan Dzagoev ainda está forte e avançados como Fyodor Smolov e Aleksandr Kokorin marcaram muitos golos em 2017. Mas merecem especial atenção os gémeos Aleksei e Anton Miranchuk, do Lokomotiv, tal como Aleksandr Golovin, do CSKA. São jovens médios tecnicistas que têm potencial para se afirmarem no Mundial.
O ambiente em torno da equipa melhorou com Cherchesov e a equipa deixou boa impressão na Taça das Confederações, apesar de não ter passado o grupo. Recentemente empataram com a Espanha, por 3-3, e há grandes expectativas na Rússia num bom torneio dos anfitriões.
Como se qualificou: Anfitrião
Sistema preferido: 3-5-2
Estrela: Igor Akinfeev (CSKA Moscovo)
Jogador a seguir: Aleksandr Golovin (CSKA Moscow)
Selecionador: Stanislav Cherchesov
Odds: 40-1
Philipp Papenkov, Sport-Express
Uruguai
A equipa de Óscar Tabárez qualificou-se com tranquilidade pouco habitual. Depois de quatro presenças consecutivas no play-off para o Mundial (apurou-se em 2002, 2010 e 2014 e foi eliminado em 2006), desta vez terminou em segundo atrás do Brasil, qualificando-se com brilho. Agora, no entanto, à medida que o Mundial se aproxima, Tabárez tem uma grande decisão a tomar: se deve continuar a confiar na abordagem atacante que correu bem até agora ou se deve fazer mudanças. A chave para a questão parece estar no meio-campo. Federico Valverde (Real Madrid, emprestado ao Deportivo da Corunha), Mathías Vecino, (Inter), Nahitan Nández (Boca Juniors) e Rodrigo Bentancur (Juventus) são todos jogadores jovens e ofensivos que ganharam lugar na equipa, forçando Tabárez a virar-se para um estilo ofensivo, que também dá mais destaque às super-estrelas Luis Suárez e Edinson Cavani. No entanto, os particulares de novembro, com esta nova abordagem, acabaram com um 0-0 frente à Polónia e uma derrota por 1-2 com a Áustria, por isso serão de esperar alguns ajustes antes de começar o Mundial.
Como se qualificou: Segundo na qualificação sul-americana, atrás do Brasil
Sistema favorito: 4-4-2
Estrela: Luis Suárez (Barcelona)
Jogador a seguir: Federico Valverde (D. Corunha, emprestado pelo Real Madrid)
Selecionador: Óscar Tabárez
Odds 40-1
Ignacio Chans, El Observador
Egito
Confortável a jogar na expectativa, a defender, o Egito é uma seleção difícil de ultrapassar. Sob o comando de Hector Cúper, só uma vez em trinta jogos é que os faraós sofreram mais do que um golo. Apesar de ter conduzido o Egito à final da Taça das Nações Africanas, com apenas dois golos sofridos e uma percentagem de vitórias de 63 por cento, Cúper tem sido criticado pelo estilo defensivo.
A seleção egípcia é um misto de juventude e experiência, com o veterano guarda-redes Essam El-Hadary preparado para tornar-se o jogador mais velho a participar num Campeonato do Mundo, com os 45 anos que vai atingir em janeiro.
À sua frente o Egito tem uma parceria sólida, formada por Rami Rabia (ex-Sporting) e Ahmed Hegazi (WBA), que tem impressionado na Premier League. O meio-campo é construído à volta de Mohamed Elneny e Abdallah Said (Al Ahly), que mesmo com 32 anos continua a ser uma faísca de criatividade.
Na frente as esperanças egípcias passam por ver Mohamed Salah (Liverpool) dar continuidade ao bom momento. O ala foi o principal responsável pelo primeiro apuramento do Egito para um Mundial desde 1990, ao estar ligado a sete dos oito golos da qualificação. Para a outra ala os faraós têm várias alternativas: Ramadam Sobhi, Kahraba ou Mahmoud Hassan “Trezeguet”, um nome a ter em conta. Seja qual for o escolhido, terá de contribuir com golos, dadas as dificuldades do Egito para encontrar um ponta de lança de qualidade.
Como se qualificou: vencedor do Grupo E da zona africana, à frente do Uganda
Sistema preferido: 4-2-3-1
Estrela: Mohamed Salah (Liverpool)
Jogador a seguir: Mahmoud Hassan «Trezeguet» (Kasimpasa, emprestado pelo Anderlecht)
Selecionador: Héctor Cúper
Odds 250-1
Ahmad Yousef, Kingfut.com
Arábia Saudita
Pode ser a seleção com o ranking mais baixo do Mundial, mas nunca há momentos aborrecidos quando os «Falcões Verdes» estão presentes. Poucos treinadores duram mais do que um ano na mais quente das cadeiras quentes, mas o holandês Bert van Marwijk conseguiu estar dois anos no cargo e conseguiu a primeira qualificação para o Mundial desde 2006. Nem sempre foi bonito, mas a seleção saudita retirou o máximo de pontos dos duelos com os adversários mais fracos, e depois fez o suficiente frente ao Japão e a Austrália para meter-se entre os dois favoritos e segurar a segunda vaga.
Poucos dias depois Van Marwijk foi para casa. A federação saudita queria fazer alterações na equipa técnica e desejava que o técnico passasse mais tempo no país, de forma a preparar o Mundial. O holandês recusou e foi substituído por Edgardo Bauza, despedido pela Argentina em abril. Dois meses e cinco particulares depois, Bauza foi afastado.
Apenas três dias antes do sorteio de Moscovo, Juan Antonio Pizzi foi anunciado como novo selecionador. O técnico que conduziu o Chile à conquista da Copa América 2016 mas não conseguiu o apuramento para o Mundial vai estar mesmo na Rússia (embora com a Arábia Saudita nunca se saiba).
A equipa tem talento, mas falta-lhe experiência internacional, e recentemente tem sido veiculada a possibilidade de emprestar jogadores sauditas a clubes da Liga espanhola de forma a corrigir esta situação. Uma medida que parece estranha e impraticável, mas quem sabe?
Como se qualificou: 2º lugar no Grupo B da zona asiática, atrás do Japão
Sistema preferido: 4-3-3
Estrela: Nawaf Al Abed (Al-Abed)
Jogador a seguir: Fahad Al-Muwallad (Al-Ittihad)
Selecionador: Juan Antonio Pizzi
Odds 1,000-1
John Duerden, The Guardian