Em iniciativa lançada pelo «Guardian», e que conta com a participação do Maisfutebol, foi preparado um «mini-guia» dos grupos do Mundial2018, no qual os textos de cada seleção foram, salvo algumas exceções, elaborados por jornalistas desses mesmo países.
O sorteio da fase final começou a definir equilíbrios de força e os próximos seis meses são de afinações para todas as seleções. O que se segue é uma apresentação, grupo a grupo, das 32 seleções, vistas de dentro.
Neste artigo a apresentação do Grupo C
França
«Não estamos ao mesmo nível da Alemanha, Espanha e Brasil, ainda», diz Didier Deschamps: «Podemos não controlar todos os jogos com a mesma autoridade mas temos uma equipa competitiva e forte, com grande potencial.» A França tem uma frente de ataque explosiva e entusiasmante, com Antoine Griezmann, Kylian Mbappé, de 18 anos, e Ousmane Dembélé, que tem 20 (se estiver fisicamente apto). Há um meio-campo forte construído à volta de Paul Pogba e NGolo Kanté e genericamente muita qualidade técnica em jogadores como Thomas Lemar, além de um eixo defensivo sólido. No entanto, a França parece mais eficaz quando joga na rutura e usa a sua velocidade. O elo mais fraco? A posição de lateral-esquerdo se Benjamin Mendy, do Manchester City, não recuperar a tempo da sua lesão no joelho.
Como se qualificou: 1º lugar no Grupo A da Europa, à frente da Suécia
Sistema preferido: 4-4-2 or 4-3-3
Estrela: Antoine Griezmann (Atlético Madrid)
Jogador a seguir: Kylian Mbappé (PSG)
Selecionador: Didier Deschamps
Odds 11-2
Patrick Urbini, France Football
Peru
O Peru está de volta ao Mundial e regressa ao maior palco ao fim de 36 anos depois de voltar às origens. Quando Ricardo Gareca assumiu a equipa focou-se em trazer jogadores novos e mais jovens e reintroduziu um estilo de jogo que estava perdido há algum tempo. Passes curtos e posse de bola voltaram a fazer parte do ADN da seleção peruana, com excelentes resultados. Uma equipa jovem com idade média de 24 anos e um treinador que impôs regras disciplinares trouxeram maior compromisso dos jogadores. O Peru olhou-se ao espelho e encontrou forma de voltar ao que o tinha tornado bom no passado.
Na base da equipa está um guarda-redes muito confiante, Pedro Gallese. A defesa tem o líder Alberto Rodriguez, o meio-campo é comandado pelo físico e inteligente Yoshimarr Yotun, com Jefferson Farfán e Paolo Guerrero na frente. Os alas, Aldo Corzo e Miguel Trauco, são muito astutos taticamente e muito importantes para o jogo do Peru. Por fim, se a equipa precisa de alguma improvisação para desbloquear uma defesa, tem o talentoso Christian Cueva.
Como se qualificou: 5º lugar na qualificação sul-americana e vencedor do play-off com a Nova Zelândia
Sistema preferido: 4-2-3-1
Estrela: Jefferson Farfán (Lokomotiv Moscovo)
Jogador a seguir: Christian Cueva (São Paulo FC)
Selecionador: Ricardo Gareca
Odds: 150-1
Dinamarca
Não só conseguiu o primeiro apuramento desde 2009, como os adeptos acabaram apaixonados pela equipa que esmagou a Polónia com 4-0 e a Irlanda com 5-1 no espaço de dois meses, no outono. A principal razão para este sucesso chama-se Christian Eriksen, que atingiu um nível digno de Michael Laudrup, com onze golos em doze jogos, incluindo um «hat trick» no decisivo jogo de playoff, em Dublin.
«O Mundial merece uma estrela como Eriksen. Seremos um perigo para todas as equipas por causa dele», disse o selecionador, Age Hareide.
A Dinamarca vai manter-se fiel ao futebol direto que Hareide assumiu no outono. Um estilo que caiu bem a Thomas Delaney, médio «box to box» que acabou por ser o segundo melhor marcador da equipa na qualificação. Provavelmente o selecionador continuará à procura do seu ponta de lança preferido, com Nicolai Jorgensen, Andreas Cornelius e Nicklas Bendtner na corrida. Quanto à defesa, Andreas Bjelland (Brentford) é a primeira escolha, a par do capitão Simon Kjaer, dada a maior experiência relativamente a Andreas Christensen (Chelsea). Jens Stryger Larsen, da Udinese, deve surgir como lateral esquerdo, embora seja destro.
Como se qualificou: 2º no Grupo E da zona europeia, atrás da Polónia, depois afastou a Irlanda no play-off.
Sistema preferido: 4-3-3
Estrela: Christian Eriksen (Tottenham)
Jogador a seguir: Thomas Delaney (Werder Bremen)
Selecionador: Age Hareide
Odds: 80-1
Søren Lissner, Jyllands-Posten
Austrália
A 31ª equipa a garantir a presença no Mundial trabalhou mais do que ninguém, com 250 mil quilómetros percorridos e viagens para destinos longínquos como Arábia Saudita, Bangladesh, Tajaquistão, Irão, Japão, Malásia e Honduras.
A prestação não foi totalmente convincente, na medida em que os «socceroos» ficaram em terceiro lugar do grupo, atrás do Japão e da Arábia Saudita, pelo que tiveram de disputar o playoff. O problema é que, apenas alguns dias depois de ter ultrapassado as Honduras e cumprido o objetivo, o selecionador Ange Postecoglu demitiu-se. Ninguém sabe bem o que motivou esta decisão, mas o técnico moderno, que assumia riscos, vai fazer falta.
Postecoglu tentou introduzir um estilo mais evoluído e flexível na equipa que conduziu ao título asiático de 2015. Os resultados foram irregulares, mas seria um dos técnicos mais interessantes para seguir na Rússia.
Comparativamente com presenças anteriores em Mundiais, esta seleção australiana ressente-se da falta de estrelas, de jogadores com experiência no futebol europeu. Aos 37 anos, Tim Cahill ainda salvou os «socceroos» com os dois golos da vitória caseira sobre a Síria, mas isso demonstra a falta de qualidade na equipa. A aposta no 3-4-1-2 nos últimos jogos da qualificação foi controversa, mas o novo selecionador, sejam quem for, pode ter outras ideias.
Muito depende da forma de Aaron Mooy (Huddersfield), Tom Rogic (Celtic) e Mile Jedinak (Aston Villa).
Como se qualificou: 3º lugar no Grupo B da zona asiática, atrás do Japão e da Arábia Saudita, e depois vitórias sobre Síria e Honduras nos playoffs.
Sistema preferido: 3-4-1-2
Estrela: Tom Rogic (Celtic)
Jogador a seguir: Matt Jurman (Suwon Bluewings)
Selecionador: -
Odds: 300-1