Em iniciativa lançada pelo «Guardian», e que conta com a participação do Maisfutebol, foi preparado um «mini-guia» dos grupos do Mundial2018, no qual os textos de cada seleção foram, salvo algumas exceções, elaborados por jornalistas desses mesmo países.

O sorteio da fase final começou a definir equilíbrios de força e os próximos seis meses são de afinações para todas as seleções. O que se segue é uma apresentação, grupo a grupo, das 32 seleções, vistas de dentro.

Neste artigo a apresentação do Grupo D

Argentina 

A Argentina chegou à Rússia no limite e esta deverá ser uma festa de despedida para muitos dos seus jogadores. Sergio Romero, Ángel Di María, Sergio Agüero, Gonzalo Higuaín, Lucas Biglia e Éver Banega, entre outros, estão quase seguramente a preparar-se para jogar a sua última grande competição. Para Lionel Messi, o capitão e o maior responsável por terem conseguido a qualificação, também é muito uma questão de agora ou nunca.

Tendo isso em mente, o selecionador Jorge Sampaoli deve optar por uma abordagem mais ofensiva na sua tentativa para conquistar o primeiro Mundial da Argentina desde 1986. A equipa foi instável na qualificação e Sampaoli tem também de a tornar mais forte na defesa. Gabriel Mercado, Javier Mascherano e Nicolás Otamendi devem ocupar os três lugares na defesa da Argentina, enquanto Lucas Biglia e Enzo Pérez ocuparão provavelmente os seus lugares no meio-campo.

Como se qualificou: 3º lugar na qualificação da América do Sul, atrás de Brasil e Uruguai

Sistema preferido: 3-4-3

Estrela: Lionel Messi (Barcelona)

Jogador a seguir: Paulo Dybala (Juventus)

Selecionador: Jorge Sampaoli

Odds 8-1 

Cristian Grosso, La Nación

Croácia

Como de costume, os resultados da Croácia foram piorando ao longo da qualificação antes de, como de costume, o selecionador ser despedido. O novo homem ao comando, Zlatko Dalic, foi nomeado dois dias antes do último – e decisivo – jogo do Grupo I, mas foi suficiente para uma vitória da improvisação em Kiev. Depois a Croácia eliminou a Grécia com autoridade no play-off. Luka Modric tem 32 anos e a maior parte dos outros prováveis titulares terão 29 ou mais no Mundial, que pode bem ser a última hipótese realista de algo grande para esta extraordinária geração, a melhor da Croácia desde a seleção que levou o bronze em 1998. Mas a seleção que corre sempre por fora no futebol internacional foi apanhada numa rede de divisões internas envolvendo homens-chave da federação, adeptos, media e políticos, dizimando o seu apoio em casa e dificultando o foco da equipa em campo.

Como se qualificou: Segundo no Grupo I europeu atrás da Islândia, depois vencedor do play-off com a Grécia

Sistema preferido: 4-2-3-1

Estrela: Luka Modric (Real Madrid)

Jogador a seguir: Nikola Vlasic (Everton)

Selecionador: Zlatko Dalic

Odds 25-1

Aleksandar Holiga, Telesport

Islândia

Será que os adeptos da mais pequena nação a disputar um Mundial serão capazes de fazer notar a sua presença como no Europeu? Quase dez por cento da população islandesa viajou para França em 2016, e fenómeno idêntico pode verificar-se agora.

A Islândia teve de ultrapassar vários obstáculos para conseguir o primeiro apuramento para o Mundial: a perda da sua principal referência ofensiva, Kolbeinn Sigthorsson, devido a lesão; a partida do selecionador Lars Lagerback; uma fase de apuramento com três equipas que estiveram no Europeu. Mas não só a equipa conseguiu o apuramento, como até venceu o grupo.

Heimir Hallgrímsson é agora o líder único da equipa, e mostrou maior flexibilidade tática do que Lagerback. A Islândia ainda joga preferencialmente em 4x4x2, mas em alguns jogos adota o 4x5x1 com elevada eficiência. Tirando Sigthorsson, a equipa base deve ser a mesma do Euro2016.

Como se qualificaram: vencedores do Grupo I da zona europeia, à frente da Croácia

Sistema preferido: 4-4-2

Estrela: Gylfi Sigurdsson

Jogador a seguir: Hordur Bjorgvin Magnusson

Selecionador: Heimir Hallgrimsson

Texto: Vidir Sigurdsson, Morgunbladid

Nigéria

O grupo de qualificação tinha a Argélia, Camarões e Zâmbia, campeã africana em 2012, mas as «Super Águias» conseguiram o apuramento com um jogo por disputar, o que transmitiu enorme confiança entre os adeptos. A reviravolta com a Argentina, no recente particular disputado na Rússia, alimentou ainda mais este otimismo relativamente ao que a Nigéria pode alcançar no Mundial, com Gernot Rohr ao comando. O técnico alemão melhorou a equipa radicalmente, apostando na frescura da juventude para recuperar uma seleção que vinha de duas qualificações falhadas para a Taça das Nações Africanas. Desde que chegou ao cargo, em 2016, o antigo treinador do Bordéus só perdeu um jogo e formou um contra-ataque implacável com o brilhante Alex Iwobi e Victor Moses, ala dinâmico e talismã. A equipa assenta numa defesa robusta, com enérgicos recuperadores de bola e a presença tranquila de John Mikel Obi a alimentar o ataque.

A federação nigeriana tem tomado medidas para que não se repita a polémica de 2014, quando os jogadores recusaram treinar antes do encontro com a França, devido a prémios por liquidar. A federação ofereceu ainda mais dois anos de contrato a Rohr, para afastar dúvidas relativamente ao futuro do selecionador.

Como se qualificou: 1º lugar no Grupo B da zona africana, à frente da Zâmbia

Sistema preferido: 4-3-3

Estrela: Victor Moses (Chelsea)

Jogador a seguir: Alexander Iwobi (Arsenal)

Selecionador: Gernot Rohr

Odds: 150-1

Solomon Fowowe, The Guardian Nigeria Newspaper