Em iniciativa lançada pelo «Guardian», e que conta com a participação do Maisfutebol, foi preparado um «mini-guia» dos grupos do Mundial2018, no qual os textos de cada seleção foram, salvo algumas exceções, elaborados por jornalistas desses mesmo países.

O sorteio da fase final começou a definir equilíbrios de força e os próximos seis meses são de afinações para todas as seleções. O que se segue é uma apresentação, grupo a grupo, das 32 seleções, vistas de dentro.

Neste artigo a apresentação do Grupo E

Brasil

Tite não tem sequer 20 jogos no commando da equipa mas o renascimento de uma equipa desorientada, traumatizada e sob pressão foi tão impressionante que o Brasil está entre os favoritos à conquista do título.

Tite fez muito em pouco tempo, implementando um sistema de 4-1-4-1, o seu favorite, e geriu cuidadosamente a falta de tempo de jogo para alguns dos seus jogadores nos clubes. Acomodou Neymar na esquerda, Casemiro na frente da linha defensiva, Gabriel Jesus no centro do ataque e aproveitou o melhor dos laterais Dani Alves e Marcelo. Renato Augusto é outro jogador a atuar ao melhor nível, e Paulinho, um dos jogadores favoritos de Tite, geriu a mudança da China para o Barcelona notavelmente bem.

O processo também tem riscos associados. Para lá do onze titular não há muita profundidade na equipa – Willian e Roberto Firmino à parte, Tite não parece ter confiança em muitos outros jogadores. Houve um enorme progresso, mas serão precisas mais opções no banco para o Brasil conseguir ir até ao fim na Rússia.

Como se qualificou: 1º lugar na qualificação da América do Sul, à frente do Uruguai

Sistema preferido: 4-1-4-1

Estrela: Neymar (PSG) 

Jogador a seguir: Paulinho (Barcelona) 

Selecionador: Tite 

Odds 5-1

Carlos Eduardo Mansur, O Globo

Suíça

Surpreendentemente, não houve muita euforia quando a Suíça se qualificou para o Mundial depois dos dois jogos de play-off com a Irlanda do Norte. As pessoas na Suíça parecem ter-se habituado a ver a sua equipa jogar nas grandes competições e as expectativas aumentaram. Os suíços esperam que a sua seleção passe a primeira fase na Rússia – e vá talvez mais longe. «A minha equipa tem excelente espírito de equipa, os jogadores são muito positivos e tem uma vontade tremenda de sucesso», disse o selecionador Vladimir Petkovic: «A equipa quer sempre atingir o objetivo mais alto possível.» Será interessante ver como a Suíça se sai frente às melhores equipas, porque esta seleção é muito boa a adaptar o seu jogo em função do adversário, como fez no Mundial 2014 quando quase eliminou a Argentina nos oitavos de final.

Granit Xhaka é coração da equipa e quem dita os ritmos de jogo. Com jogadores criativos e rápidos como Xherdan Shaqiri e Steven Zuber, a Suíça é sempre capaz de criar algo nos flancos, especialmente porque os extremos têm laterais muito fortes atrás de si: na direita Stephan Lichtsteiner, da Juventus, e na esquerda Ricardo Rodriguez, do Milan. Com Fabian Schär e o jovem Manuel Akanji a Suíça tem também agora uma defesa central sólida em que se apoiar. A parte mais fraca da equipa é a posição de avançado-centro, que é quase sempre ocupada por Haris Seferovic. Se o jogador do Benfica não é servido, fica com frequência completamente fora do jogo.

Como se qualificou: 2º lugar no Grupo B da Europa atrás de Portugal, vencedor do play-off com a Irlanda do Norte

Sistema preferido: 4-5-1

Estrela: Granit Xhaka (Arsenal) 

Jogador a seguir: Denis Zakaria (Borussia Mönchengladbach)

Selecionador: Vladimir Petkovic

Odds 66-1

Kevin Lutz, Blick

Costa Rica

Equipa-sensação há quatro anos, dada a presença nos quartos de final, a Costa Rica tem agora o desafio de alcançar feito idêntico. Jorge Luis Pinto cedeu o cargo de selecionador a Óscar Ramírez, e «La Sele» mostrou na qualificação que é a equipa da CONCACAF a bater, garantindo o apuramento a dois jogos do fim.

Ramírez continuou a utilizar o 4x5x1 que Pinto aproveitou tão bem. Um sistema que exige muito de Bryan Ruiz e de Celso Borges. Ruiz é a principal referência ofensiva e Borges tem de dar equilíbrio no meio-campo. O guarda-redes Keylor Navas é a estrela da equipam, e Marco Ureña, dos Sam Jose Earthquakes (MLS) acrescenta qualidade ao ataque.

A Costa Rica pode ter dificuldades para repetir a presença nos quartos de final, mas tem qualidade para passar a fase de grupos.

Como se qualificou: segundo lugar na CONCACAF, atrás do México

Sistema preferido: 5-4-1

Estrela: Keylor Navas (Real Madrid)

Jogador a seguir: Marco Ureña (San Jose Earthquakes)

Selecionador: Óscar Ramírez

Odds: 400-1

Esteban Valverde, La Nación

Sérvia

Sete anos depois, a Sérvia voltou a qualificar-se para uma grande competição, e com estilo. Com apenas uma derrota em dez jogos, a Sérvia superou o País de Gales, semifinalista em 2016, e a resistente seleção da Irlanda, mas isso não foi suficiente para Slavoljub Muslin conservar o cargo. O experiente técnico de 64 anos não resistiu ao conflito com o presidente da federação, gerado pelo estilo de jogo da equipa e a escolha dos jogadores, com Milinkovic-Savic (Lazio) no epicentro da polémica.

Mladen Krstajic assumiu o cargo de forma interina e chamou logo Milinkovic-Savic para os particulares de novembro. O médio retribuiu com duas fantásticas exibições - com uma assistência pelo meio - e enviou uma clara mensagem para Muslin, deixando indicações de que pode liderar a equipa.

Como se qualificou: vencedor do Grupo D da zona europeia, à frente da Irlanda

Sistema preferido: 3-4-3

Estrela: Nemanja Matic (Man Utd)

Jogador a seguir: Sergej Milinkovic-Savic (Lazio)

Selecionador: Mladen Krstajic (interino)

Milos Markovic, sportske.net