Ponto forte: esquerdinos que desequilibram
Porventura por influência do diretor desportivo Zahovic (embora nenhum esteja ao seu nível), o Maribor tem três esquerdinos que procuram muito criar desequilíbrios entre linhas, na zona central. Também o brasileiro Marcos Tavares, que assume habitualmente a função de segundo avançado, mas sobretudo Vrsic e Ibraimi, que a partir das alas procuram muito a zona central. Proteger bem essa zona será importante para o Sporting. Curiosamente o filho de Zahovic joga mais adiantado no terreno e não é canhoto.

Ponto fraco: primeiras linhas defensivas
Esta tendência dos extremos para procurar zonas centrais faz com que, muitas vezes, a reação à perda de bola seja lenta, sobretudo a fechar os corredores. Mesmo quando já recuperou a posição (teoricamente), Vrsic tem tendência para ficar muito por dentro e permitir que entrem passes a lançar a velocidade do lateral esquerdo. Refira-se ainda que o Maribor defende normalmente em 4x4x2, com uma primeira linha composta pelos dois avançados, e depois uma distância excessiva para as duas outras linhas, que se juntam em zonas bem mais recuadas.

A figura: Filipovic
Apesar da tal qualidade de alguns esquerdinos do plantel, é por este médio (destro) que passa todo o jogo do Maribor. Alto, o camisola 5 do Maribor é um importante fator de equilíbrio defensivo, mas concilia isso com a capacidade para assumir o papel de pensador do jogo ofensivo da equipa. Opta frequentemente por passes longos para os flancos, agitando o posicionamento defensivo do adversário, e é também bastante perigoso nos passes de rutura pela zona central. Mas que fique claro: o craque desta equipa é Luka Zahovic, mas é um jovem ainda a conquistar o seu espaço.

Onze habitual:



HANDANOVIC: Primo de Samir Handanovic, guarda-redes do Inter, está longe de oferecer as mesmas garantias. Andou também por Itália, mas por emblemas mais modestos, como o Mantova e o Empoli. Agora com 36 anos, é um guarda-redes muito «preso» ao chão, e que pouco ou nada sai da linha de baliza em situações de cruzamento, nomeadamente em lances de bola parada. Ainda no último jogo sofreu um golo de chapéu em que parece ter confiado no golpe de vista e nem sequer saltou. A jogar com os pés também é muito limitado.

STOJANOVIC: pode ser médio ou lateral, mas tem sido utilizado quase sempre no lado direito da defesa. Com apenas 18 anos é um jogador tecnicamente evoluído, que entrega bem a bola, difícil de superar no drible, mas que revela ainda muitos problemas posicionais, sobretudo a fechar junto dos centrais ou a coordenar a linha de fora-de-jogo com os colegas.

RAJCEVIC: central forte fisicamente mas limitado tecnicamente, que joga habitualmente pela direita quando faz dupla com Suler.

SULER: aos 31 anos, e depois de uma carreira construída sobretudo no estrangeiro, o camisola 4 do Maribor é o líder do setor defensivo. Não é muito evoluído tecnicamente, mas compensa isso com experiência, que se traduz sobretudo na forma como lê os lances.

VILER: lateral esquerdo interessante, bastante competente do ponto de vista defensivo e influente no ataque, sobretudo através de cruzamentos. Já fez cinco assistências para golo esta época, e ainda apontou um tento.

VRSIC: outro pé esquerdo muito perigoso, sobretudo na cobrança de bolas paradas (e sobretudo do lado direito), já com três golos e quatro assistências esta época. Joga sobretudo como ala direito, mas pouco ou nada desequilibra pelo flanco. Leva muito a bola para a zona central, ou então aparece lá para a receber. Em contrapartida acaba por «esquecer-se» muitas vezes de fechar o corredor defensivamente.

MERTELJ: tem alternado na titularidade com Dervisevic. A outra opção é mais física, pouco influente na construção de jogo, enquanto que Mertelj é um jogador com mais qualidade de passe, que melhora a circulação de bola.

IBRAIMI: mais um pé esquerdo a ter em conta nesta equipa do Maribor. De regresso após um empréstimo ao Cagliari tem jogado tanto na frente de ataque como na ala. Na primeira opção acaba por ter menos liberdade, pois essa é dada a Marcos Tavares, enquanto que a partir da ala consegue aparecer em zona central a criar desequilíbrios, um pouco à imagem do que faz Vrsic.

MARCOS TAVARES: capitão de equipa e autor do golo que apurou o Maribor para a fase de grupos, o brasileiro está no clube desde 2008. É a unidade mais móvel da frente de ataque, é sempre o destino preferencial dos passes dos extremos ou dos médios, dada a sua capacidade para segurar a bola e depois rodar para a baliza.

MENDY: ponta de lança francês, de origem senegalesa, é lançado no «onze» quando o técnico quer um ponta de lança mais possante e fixo. Muito forte fisicamente, é daqueles avançados que exige muito dos defesas a nível físico, até quando é ele que está em tarefa defensiva.

Outras opções:
A primeira referência tem de ir, obrigatoriamente, para Luka, filho de Zahovic, antigo jogador de V. Guimarães, FC Porto e Benfica, agora diretor desportivo do Maribor. Tem só 18 anos e foi titular apenas três vezes, suplente utilizado em outros tantos jogos, mas é o melhor marcador da equipa com cinco golos. Isto em 330 minutos de utilização, o que dá um tento a cada 66 minutos. Muito promissor.
Como opções para a dupla de ataque o Maribor tem ainda o bósnio Fajic, que na última época marcou 17 golos, e o recém-contratado Dudu Biton, israelita emprestado pelo Standard de Liège.
Nas alas destaque para Bohar, jogador de apenas 22 anos muito combativo e dinâmico, que solicita muitos passes de rutura através de movimentos em diagonal para a zona de finalização. Tem já quatro golos marcados. Sallallich, internacional sub-21 israelita nascido na Etiópia, aparece com menos regularidade no «onze», mas já tem três assistências.
Para a zona central, conforme já referido, tem existido alternância entre Mertelj e Dervisevic, um jogador forte fisicamente, que cria um «muro» ao lado de Filipovic, mas que pouco contribui ou nada contribui para a construção de jogo. Outra possibilidade, menos utilizada, é o senegalês Welle N’Diaye (ex-Gorica).
No setor defensivo destaque para Ales Mejac, lateral de 31 anos que vai alternando com Stojanovic no lado direito mas que é também a alternativa a Viler do lado esquerdo. Argus, o outro brasileiro do plantel, é o terceiro central da hierarquia, à frente do jovem Vuklisevic, de apenas 19 anos.

Análise detalhada:
O Sporting vai encontrar um adversário moralizado pelo regresso à fase de grupos da Liga dos Campeões, quinze anos depois. Um grande objetivo conseguido à custa de um início de Liga eslovena atribulado, com duas derrotas (e um jogo a menos) que deixam o Maribor a nove pontos da liderança. 

Treinada por Ante Simundza, que esteve na última participação na «Champions», enquanto jogador, o Maribor apresenta-se habitualmente em 4x4x2, com extremos que procuram muito o espaço interior, conforme já referido, e avançados que, em contrapartida, vão aparecendo nas alas.

Claramente inferior ao Sporting, não terá problemas em entregar o domínio territorial à equipa portuguesa, mesmo a jogar em casa. Se a primeira linha defensiva, composta pela dupla de avançados, fixa-se na zona do meio-campo, as duas outras apresentam-se bem mais recuadas. Aí forma-se um bloco que, no entanto, é pouco pressionante sobre o portador da bola, permitindo que o mesmo tenha tempo para pensar. Uma boa dinâmica na troca de bola acabará por desmontar com alguma facilidade esta muralha defensiva, com destaque para a lentidão dos centrais (destacam-se pela capacidade física) e para as dificuldades do lateral direito Stojanovic a fechar o espaço interior e também a reagir a bolas nas costas. Os laterais do Sporting serão importantes para «furar», até porque os extremos jogam muito por dentro, mas a equipa portuguesa terá obrigatoriamente de melhorar o jogo interior para conseguir contornar o obstáculo.

Pese embora a tendência dos extremos para procurar zonas interiores, o Maribor é uma equipa com bom jogo exterior, nomeadamente pelo lado esquerdo, através do lateral Viler, forte nos cruzamentos (tem já cinco assistências).

Importa também referir que 9 dos 23 golos marcados até ao momento surgiram através de lances de bola parada, quase todos saídos do pé esquerdo de Vrsic. São especialmente perigosos quando são cobrados do lado direito, cortados em direção à baliza, a ponto de já terem provocado dois autogolos.