PONTO FORTE: criatividade sustentada

O Shakhtar já teve mais sotaque brasileiro, até pela saída de Alex Teixeira para a China e a indisponibilidade de Fred (suspenso por doping), mas na frente de ataque continua a ter jogadores «canarinhos» que desequilibram com facilidade. Esta criatividade tem sido suportada por uma coesão defensiva naturalmente mais vincada na Liga Europa, prova em que a formação ucraniana sofreu apenas um golo em quatro jogos (vieram da Liga dos Campeões). A equipa de Mircea Lucescu tem sido sólida defensivamente e depois cínica no aproveitamento dos contra-ataques e também de situações de bola parada. Uma espécie de reforço de gelo para as caipirinhas das noites europeias.

PONTO FRACO: falta um goleador

Facundo Ferreyra tem sido o ponta de lança do Shakhtar, mas os escassos cinco golos marcados em quinze jogos confirmam a ideia de que não é o goleador que a equipa precisa. Gladkiy também não tem conseguido assumir esse estatuto, e só marcou mais um tento em 25 jogos. Eduardo da Silva, com 33 anos, ainda é o elemento mais produtivo (12 golos), embora esteja na fase final de uma carreira marcada por algumas lesões, e jogue muitas vezes como segundo avançado ou a partir da ala. O mais provável é que a época termine com Alex Teixeira como melhor marcador do Shakhtar (26 golos), embora tenha sido transferido para a China no início de fevereiro.

A FIGURA: Taison

Após a saída de Alex Teixeira discute o estatuto de melhor jogador da equipa com o também compatriota Marlos. Embora jogue quase sempre a partir do flanco esquerdo, Taison é o estratega da equipa, com liberdade total para aparecer em zonas interiores. Um médio ofensivo tecnicamente evoluído, muito perigoso quando embala com a bola controlada, mas também inteligente a explorar o espaço entre linhas no corredor central. Tem oito golos marcados e treze assistências.

ONZE BASE:

ANÁLISE DETALHADA:

O QUE NASCE TORTO...SAI DIRETO. O Shakhtar é uma equipa eficaz a explorar o espaço, mas limitada perante equipas mais fechadas. Embora procure sair a jogar através dos elementos mais recuados, insistindo até em atrasos para o guarda-redes para fugir à pressão e esperar por uma alternativa melhor, a equipa ucraniana sente dificuldades a ligar o seu jogo, e acaba por cair na tentação do futebol direto.

MAIS DO QUE UM «10», MAS A VER A BOLA PASSAR POR CIMA. No início de construção de jogo o Shakhtar aposta frequentemente no recuo de um médio defensivo para junto dos centrais, ao mesmo tempo que os laterais (Srna e Ismaily) adiantam-se logo no terreno e «empurram» os falsos extremos (normalmente Taison e Marlos) para zonas interiores. É normal ver quatro ou cinco jogadores no corredor central, mas a equipa é pouco incisiva a encontrar estes elementos dentro do bloco defensivo contrário.

Apenas Kovalenko, o «10», faz um movimento de aproximação ao portador da bola. Os quatro elementos mais adiantados já estão à espera de um passe longo para as costas da defesa
Organização ofensiva do Shakhtar: saída a três (Rakitskyi-Malyshev-Kucher), Kovalenko por perto e os extremos em zonas interiores, com os laterais projetados (Ismaily não aparece na imagem mas está em linha com Srna) 
Taison, ala esquerdo, sempre à procura de zonas interiores

DUPLA DE SEGURANÇAS. O adversário europeu do Sp. Braga tem mostrado solidez em organização defensiva, sobretudo no corredor central, com uma dupla de centrais consolidada e um duplo pivot de meio-campo que se complementa muito bem, formado por Malyshev e Stepanenko. Dois seguranças que raramente perdem as referências posicionais e que dão excelente cobertura ao quarteto defensivo, nomeadamente a salvaguardar o adiantamento dos laterais. Com o recuo de Kovalenko para uma das posições do duplo pivot a equipa perde alguma desta coesão defensiva à frente da defesa, mas em contrapartida ganha qualidade na primeira fase de construção.

ACELERAÇÃO BRASILEIRA. Muito perigoso, o contra-ataque do Shakhtar está dependente sobretudo das acelerações de Taison e Marlos (ou Bernard/Dentinho). Os (falsos) extremos estão sempre disponíveis para apoiar defensivamente os laterais, mas também sempre à espreita de uma abertura que permita sair em velocidade para o contra-ataque.

DOS LATERAIS OFENSIVOS ÀS BOLAS PARADAS. O capitão Dario Srna e o ex-bracarense Ismaily têm influência elevada na produção ofensiva da equipa. O croata soma cinco golos e onze assistências, e o brasileiro tem três golos e três assistências. Dois jogadores que sobem bem no terreno, muito fortes nos cruzamentos e também perigosos na conversação de bolas paradas. Essa é, de resto, outra das armas da equipa ucraniana, com vários jogadores que cobram livres diretos e indiretos com qualidade.