A data amplia o escândalo vivido pelo FC Porto na terceira jornada da Liga 2018/19. É preciso entrar na máquina do tempo e viajar rapidamente até 21 de fevereiro de 1943, há mais de 75 anos, para encontrar uma derrota dos dragões com contornos parecidos.

Nessa tarde, o FC Porto desperdiçou pela última vez uma vantagem de dois golos, jogando em casa para a I Divisão Nacional. Na altura, tal como agora com o Vitória de Guimarães, os azuis e brancos estiveram a vencer por 2-0. Perderam 3-4.

O visitante? Unidos do Barreiro, emblema que daria origem à CUF e mais tarde ao Fabril.

Essa temporada de 1942/43 é especialmente dolorosa para o FC Porto, de resto. De acordo com o «Almanaque do FC Porto», autoria do jornalista Rui Miguel Tovar, os dragões perderam o icónico guarda-redes Bela Andrasik depois da primeira jornada e utilizaram mais três nomes na baliza até esse jogo contra o Unidos: Valongo, Luís Mota (sofre 12 golos do Benfica!) e Soares dos Reis II.

O FC Porto acaba o campeonato num impensável sétimo lugar. No 3-4 contra o Unidos, o andamento do marcador é este: Taipa e Póvoas dão uma vantagem madrugadora e aparentemente sólida ao FC Porto – 2-0 aos 15 minutos; Palma reduz aos 30, mas Taipa faz o 3-1 aos 33 minutos.

O Unidos arrasa o pelado da Constituição no segundo tempo com três golos: Galinheiro, Fernandes e Palma. De 2-0 (e 3-1) para 3-4. Tivemos de esperar 75 anos para ver uma coisa assim.

Alguém se lembra do Artmedia?

Se a análise incluir jogos da UEFA, então o Maisfutebol avança até à época 2005/06 e ao tristemente célebre - para as cores portistas - duelo FC Porto-Artmedia.

Co Adriaanse é o treinador e vê Lucho Gonzalez (32 minutos) e Diego (39) darem lógica e justiça ao marcador. O visitante era, de facto, modestíssimo.

De repente, o caos. Petras (45), Kozak (53) e Borbely (73) oficializam o escândalo europeu no Dragão.

Vale a pena recordar a equipa apresentada por Adriaanse nesse 28 de setembro de 2005:

Vítor Baía; Bosingwa, Ricardo Costa, Bruno Alves e César Peixoto; Diego, Ibson e Lucho; Quaresma, Benni McCarthy e Jorginho.

Entraram Alan e Hugo Almeida.

Pode recordar AQUI a Crónica do Jogo, da autoria do jornalista Filipe Caetano.

No final da partida, Co Adriaanse assumiu estar «envergonhado».

«Quando se está a vencer por 2-0, com a primeira parte a terminar, tem de se segurar a bola, mas nós demo-la. O segundo golo deles é falta de organização defensiva da nossa parte e no terceiro houve falta de marcação. Tivemos dois dias de concentração, estudámos muito bem o Artmedia, mas no relvado é tudo muito diferente».

«Ibson e Quaresma, que arriscaram em alguns momentos e não da forma mais apropriada. São jovens, sem experiência, mas também têm de aprender a defender».

E como reagiu o FC Porto de Adriaanse a esse 2-3? Mal. Primeiro empatou 0-0 nos Barreiros (Marítimo) e depois perdeu em casa contra o Benfica: 0-2, bis de Nuno Gomes.  

Veja o resumo desse 2-3, imagens da RTP: