Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ele que passa. Ele? Ele, sim: o mercado de Inverno. Acabou mais uma edição de transferências à última hora, a janela de mercado devidamente autorizada pela FIFA a partir dos anos 90.

Em Portugal, a moda das transferências de inverno pegou, e de que maneira. O que justifica um olhar particular sobre os negócios que se fizeram neste mercado muito particular.

Chegou a vez do FC Porto.

Ljubinko Drulovic é um nome histórico no universo do FC Porto. É ele o primeiro reforço contratado no mercado de janeiro. Em bom rigor, Drulo chega às Antas em dezembro de 1993, proveniente do Gil Vicente, e ainda faz duas partidas nesse final de ano. 

Na primeira época pelo Gil, Drulovic marca dez golos em 34 possíveis. Na segunda, de Agosto a Novembro de 1993, mais sete em 14. Claro, motiva o interesse do FC Porto, sem pedalada para o ritmo de Benfica de Toni e Sporting de Queiroz. Com a inovação da reabertura das inscrições, o FC Porto é o único grande a atirar-se de cabeça ao mercado. Primeiro, Drulovic. Depois, Bobby Robson mais Mourinho. A aliança rende golos atrás de golos, ao ponto de acabar o campeonato em segundo lugar, à frente do Sporting, que, a quatro jornadas do fim, é apontado como favorito ao título.

Nesse curto período de Dezembro a Maio (em 1993, e até 2002, o mercado só abre em Dezembro), Drulovic assina 11 golos, mais que Kostadinov e Domingos, juntos. Mais tarde, viria Jardel, com quem Drulovic se entendia de olhos fechados, à base daqueles cruzamentos com a parte exterior do pé esquerdo, porque, como dizia, jogava "muito pouco com o direito". Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ele que passa. Ele? O Drulovic.

A figura de peso nesta lista chama-se Deco. Chega a Portugal em 1997, do Corinthians Alagoano para o Benfica. É emprestado ao Alverca e, depois, ao Salgueiros, onde joga seis meses. Os outros seis passa no FCP, em 1998. O resto é história: vencedor da Taça UEFA-2003, campeão europeu em 2004 e titular da selecção do Euro-2004 até ao Mundial-2010. Craque. Um pouco à imagem de Drulovic, o primeiro real reforço de Inverno em Portugal. Logo ele que aterra em Portugal para pasar tão-só cinco ou seis dias, em Julho 1992. "Era Verão e tempo de experiências. O Gil Vicente quis testar-me e acabei por ficar.” A simplicidade linguística traduz-se em 14 títulos nacionais, entre cinco campeonatos, quatro Taças e cinco Supertaças, todos conquistados pelo FC Porto, embora também tenha vestido a camisola do Benfica e Penafiel.

O recorde de contratações do FC Porto nesta janela é cinco, em 2005, o tal ano da ressaca de Mourinho e do título europeu em Gelsenkirchen (3-0 ao Monaco). Chegam Cláudio Pitbull, Ibson, Leandro, Leandro Bonfim e Léo Lima. E? Nada feito, ganha o Benfica de Trapattoni o campeonato. Muito à conta, diga-se em abono da verdade, da contratação de Nuno Assis ao Vitória SC. É ele quem mexe os cordelinhos no meio-campo daí para a frente, com Simão, Nuno Gomes e Mantorras lá na frente a dar que falar. Esse é o melhor reforço invernoso do Benfica. Pelo menos, com efeitos imediatos. Claro que há David Luiz com retroactivos - Que o diga Jorge Jesus em 2009-10.

Os últimos homens pedidos por Sérgio Conceição são Manafá, Loum, Fernando Andrade e Pepe, em janeiro de 2019. O médio senegalês assina no último dia do mercado e é também o último a entrar nesta lista.

Veja a lista completa e percorra a GALERIA DE FOTOS associada para recordar todos estes atletas.