O funil a apertar-se mais, ao quinto ano da Bola de Ouro no atual formato. Entre os 23 nomeados para a eleição do melhor do ano, com Cristiano Ronaldo na linha da frente na defesa do troféu, estão representados apenas 12 países, apesar de este ter sido ano de Campeonato do Mundo. Com a Europa e os seus 17 candidatos a liderar de muito longe. Mais: são apenas oito os clubes representados na lista, um mínimo histórico neste período. Quanto aos treinadores, tem também muitos nomes fortes a lista, que volta a apresentar José Mourinho, o único totalista.

 

É um acentuar das tendências dos últimos anos, contando a partir de 2010, quando a FIFA e a France Football se juntaram para atribuir o troféu, reduzindo para 23 a lista de nomeados. Escolhidos, segundo a organização, «pelos peritos da Comissão da FIFA e por um grupo de peritos da France Football». A partir daqui, serão os selecionadores, capitães de equipa e jornalistas a decidir quem ganha e se Cristiano Ronado sucede a Cristiano Ronaldo.

 

As tendências são claras: só entram nas contas jogadores das cinco grandes Ligas europeias. A última exceção foi Neymar, nomeado duas vezes quando ainda estava no Santos, em 2011 e 2012. Forçando um pouco podemos incluir aqui Etoo, nomeado em 2011 quando estava no Anzhi, depois de ter deixado o Inter.

 

A Liga espanhola mantém-se como a mais representada, este ano muito graças aos seis nomes do Real Madrid campeão europeu. Mas há um empate técnico entre os merengues e o Bayern Munique, com os mesmos seis jogadores. Segue-se o Barcelona, com quatro representantes, e depois o Chelsea. Quatro clubes têm, portanto, 19 dos 23 nomeados, tendo como referência o atual clube dos jogadores.

 

Curioso caso o dos Blues, no meio de outra tendência, a perda de espaço da Premier League e de Inglaterra. Dois dos três nomeados da equipa de José Mourinho não jogaram em Stamford Bridge até junho: Diego Costa e Courtois. Um reforço e um regresso ao clube-mãe, que deixaram o campeão espanhol At. Madrid sem qualquer representante atualmente nos 23. Hazard, Touré e Di María completam a lista de representantes da Premier League, com uma nuance também em relação ao argentino, figura do Real Madrid campeão europeu e da Argentina vice-campeã do mundo, tudo antes de chegar a Old Trafford. Ou seja, em grande parte os clubes da Premier League entraram na lista à custa do seu poder no mercado.

 

E se o funil não apertou ainda mais, França e Itália podem agradecer a Zlatan Ibrahimovic, único representante da Ligue 1, e a Paul Pogba, o médio gaulês da Juventus que também é exemplar único da Serie A.

 

Outra tendência, a Alemanha a ganhar ainda mais espaço. Depois dos cinco jogadores que colocou nos nomeados em 2013, ano do Bayern Munique campeão europeu, eleva agora a representação para seis campeões do mundo. Ninguém se aproxima: a Espanha fica-se pelos três, tal como a Argentina. França e Bélgica são os únicos países que colocam de resto mais de um jogador na lista. A Inglaterra não tem qualquer representante. Nos últimos anos era Rooney quem mantinha a quota, agora resta Gareth Bale como único representante britânico. A Itália também desapareceu do mapa.

 

Fora do continente europeu, pouco. São ao todo cinco os jogadores sul-americanos incluídos: além do trio argentino. Africanos apenas um, Yaya Touré, o segundo ano seguido como único representante do continente.

 

Depois de um Mundial que viu seleções como a Costa Rica ou a Argélia entusiasmar o mundo, acabaram-se as dúvidas sobre o potencial de globalização de um prémio como a Bola de Ouro.

 

Suárez, Xavi e outras escolhas

 

Aqui entramos, de caminho, nas escolhas propriamente ditas. Elas revelam opções claras, e não necessariamente estritamente desportivas. Como a ausência de Luís Suarez. O melhor jogador da última edição da Premier League, Bota de Ouro europeu em conjunto com Cristiano Ronaldo, mordeu Chiellini no Mundial do Brasil, foi suspenso por quatro meses (dos quais efetivamente apenas dois de competição) e ficou de fora da lista. Foi a ausência mais questionada nas reações à lista divulgada de manhã pela FIFA.

 

 

 

Há outras ausências notórias, mas que têm explicações mais práticas. Como a de Franck Ribéry, que no ano passado foi terceiro e agora nem entra nos 23, depois de ter estado afastado por lesão no período crucial do ano, entre abril e setembro. É a primeira vez que um jogador nem entra na lista na época seguinte a ter chegado ao pódio.

 

O mesmo vale, por exemplo, para Radamel Falcao, outro jogador com o ano comprometido por lesão. Aliás, entre a lista de ausentes notáveis, que representam baixas em relação à última lista, há vários avançados, como Aguero, Lewansdowski, Van Persie ou Cavani. Mas podemos recordar também Andrea Pirlo, de fora este ano. Ou Godín, o homem dos golos decisivos na fantástica época do Barcelona, crucial também na caminhada do Uruguai até aos oitavos de final do Mundial.

 

E depois há Xavi. Ou melhor, não há. É a primeira vez em cinco anos que não se encontra o nome do médio do Barcelona na lista de nomeados. Aos 34 anos, depois do fracasso da Espanha no Mundial, Xavi descolou da elite. Mantém-se em contrapartida Iniesta como o único totalista deste período, o único a conseguir intrometer-se naquele universo à parte que é o duelo Cristiano Ronaldo-Messi.

 

Quanto a entradas, há oito estreias absolutas. Diego Costa, Courtois, Di Maria, Gotze, Kroos, Mascherano, Pogba, James Rodríguez são as novidades.

 

 

Mourinho, o totalista

 

No que diz respeito a treinadores, a lista também não é isenta de questões. Entram quatro selecionadores, incluindo nas contas Van Gaal, que acaba o ano como treinador do Manchester United, e não Antonio Conte, que assumiu a Itália pós-Mundial. Olhando para o Campeonato do Mundo, além dos três primeiros classificados o único selecionador que cabe nos 10 nomeados é Jurgen Klinsmann, que ficou com os EUA pelos oitavos de final.

 

 

E volta a entrar José Mourinho, depois do ano do regresso ao Chelsea. O treinador português, que venceu em 2010 um troféu que tem insistido em desvalorizar, tem já, quer queira quer não, um recorde. É o único que foi nomeado nas cinco edições do prémio. Tinha até agora a companhia de Alex Ferguson e De Bosque, ficou sozinho.

 

Ranking de nomeações de jogadores em cinco anos de Bola de Ouro da FIFA:

5

Cristiano Ronaldo (2010/11/12/13/14)

Messi (2010/11/12/13/14)
Iniesta (2010/11/12/13/14)


4
Özil (2010/11//12/13)
Xavi (2010/11/12/13)
Müller (2010/11/13/14)

Neymar (2011/12/13/14)

Schweinsteiger (2010/11/13/14)

3
Xabi Alonso (2010/11/12)
Casillas (2010/11/12)

Benzema (2011/12/14)

Ibrahimovic (2012/13/14)

Lahm (2010/13/14)

Neuer (2012/13/14)

Robben (2010/13/14)

Yaya Touré (2012/13/14)

2


Daniel Alves (2010/11)
Drogba (2010/12)
Eto`o (2010/11)
Fàbregas (2010/11)
Forlán (2010/11)
Sneijder (2010/11)
David Villa (2010/11)
Piqué (2011/12)
Rooney (2011/12)
Luis Suárez (2011/13)
Agüero (2011/12)
Falcao (2012/13)
Pirlo (2012/13)
Van Persie (2012/13)

Gareth Bale (2013/14)

Eden Hazard (2013/14)

Sergio Ramos (2012/14)

1
Asamoah Gyan (2010)
Júlio César (2010)
Klose (2010)
Maicon (2010)
Puyol (2010)
Abidal (2011)
Nani (2011)
Balotelli (2012)
Buffon (2012)
Busquets (2012)
Cavani (2013)
Lewandowski (2013)
Ribéry (2013)
Thiago Silva (2013)

Diego Costa (2014)

Courtois (2014)

Di María (2014)

Gotze (2014)

Kroos (2014)

Mascherano (2014)

Pogba (2014)

James Rodríguez (2014)

 

A representação por países nestes cinco anos

 

2010

 

10 países representados

Europa: 15

América Sul: 5

África: 3

 

Vencedor: Messi

Nomeados: Xabi Alonso (Espanha); Dani Alves (Brasil); Iker Casillas (Espanha); Cristiano Ronaldo (Portugal); Didier Drogba (Costa Marfim); Etoo (Camarões); Fabregas (Espanha); Forlán (Uruguai); Asamoah Gyan (Gana); Iniesta (Espanha); Júlio César (Brasil); Klose (Alemanha): Lahm (Alemanha); Maicon (Brasil); Messi (Argentina); Thomas Müller (alemanha); Ozil (Alemanha); Puyol (Espanha); Robben (Holanda); Schweinsteiger (Alemanha); Sneijder (Holanda); David Villa (Espanha); Xavi (Espanha)

 

2011

 

10 países representados

Europa: 16

América Sul: 6

África: 1

 

Vencedor: Messi

Nomeados: Andres Iniesta (Espanha), Cesc Fábregas (Espanha), David Villa (Espanha), Gerard Piqué (Espanha), Casillas (Espanha), Xabi Alonso (Espanha), Xavi Hernandez (Espanha), Schweinsteiger (Alemanha), Mesut Özil (Alemanha), Thomas Müller (Alemanha), Lionel Messi (Argentina), Sergio Agüero (Argentina), Daniel Alves (Brasil), Neymar (Brasil), Eric Abidal (França), Karim Benzema (França), Cristiano Ronaldo (Portugal), Nani (Portugal), Diego Forlán (Uruguai), Luis Suárez (Uruguai), Samuel Eto'o (Camarões), Wesley Sneijder (Holanda), Wayne Rooney (Inglaterra)

 

2012

 

12 países representados

Europa: 17

América do Sul: 4

África: 2

 

Vencedor: Messi

 

Nomeados: Sergio Agüero (Argentina), Xabi Alonso (Espanha), Mario Balotelli (Itália), Karim Benzema (França), Gianluigi Buffon (Itália), Sergio Busquets (Espanha), Iker Casillas (Espanha), Cristiano Ronaldo (Portugal), Didier Drogba (Costa do Marfim), Radamel Falcão (Colômbia), Zlatan Ibrahimovic (Suécia), Andrés Iniesta (Espanha), Lionel Messi (Argentina), Manuel Neuer (Alemanha), Neymar (Brasil), Mesut Özil (Alemanha), Gerard Piqué (Espanha), Andrea Pirlo (Itália), Sergio Ramos (Espanha), Wayne Rooney (Inglaterra), Yaya Touré (Costa do Marfim), Robin van Persie (Holanda), Xavi (Espanha)

 

2013

 

14 países representados

Europa: 16

América do Sul: 6

África: 1

 

Vencedor: Cristiano Ronaldo

 

Nomeados: Gareth Bale (Real Madrid/Gales), Edinson Cavani (PSG/Uruguai), Radamel Falcao (Monaco/Colômbia), Eden Hazard (Chelsea/Bélgica), Zlatan Ibrahimovic (PSG/Suécia), Andrés Iniesta (Barcelona/Espanha), Philipp Lahm (Bayern Munique/Alemanha), Robert Lewandowski (Borussia Dortmund/Polónia), Lionel Messi (Barcelona/Argentina), Thomas Müller (Bayern Munique/Alemanha), Manuel Neuer (Bayern Munique/Alemanha), Neymar (Barcelona/Brasil), Mesut Özil (Arsenal/Alemanha), Andrea Pirlo (Juventus/Itália), Franck Ribéry (Bayern Munique/França), Arjen Robben (Bayern Munique/Holanda), Cristiano Ronaldo (Real Madrid/Portugal), Bastian Schweinsteiger (Bayern Munique/Alemanha), Luis Suárez (Liverpool/Uruguai), Thiago Silva (PSG/Brasil), Yaya Touré (Manchester City/Costa Marfim), Robin van Persie (Manchester United/Holanda), Xavi (Barcelona/Espanha).

 

2014
 

12 países representados

Europa: 17

América do Sul: 5

África: 1

 

 

Os nomeados: