Longe vão os dias em que o adepto português via os Europeus e os Mundiais pela televisão. Bebia a sua cerveja lusitana e aplaudia os Brasis de Garrincha, Pelé, Tostão e Zico. Triste fado que nem o samba animava.
Entre 1930 – ano do primeiro Campeonato do Mundo – e 1994, um ciclo de 64 anos, a Seleção Nacional só esteve em dois Mundiais (1966 e 1986) e um Europeu (1984).
A mudança de paradigma chegou a reboque da Geração de Ouro campeã mundial de sub-20 (1989 e 1991) e de um Europeu animador em Terras de Sua Majestade – quartos de final em 1996.
Do torneio em Inglaterra até ao dia em que estas palavras saem, a única exceção é 1998. O resto são qualificações atrás de qualificações, umas mais brilhantes do que outras. Não se pode ter tudo.
A presença no Euro 2020 é a 11ª consecutiva de Portugal nas grandes competições de seleções, excluindo já destas contas a Taça das Confederações (2017) e a Liga das Nações (2019).
Portugal é, de resto, uma das quatro seleções a fazer o pleno nas grandes competições internacionais do novo século. Lado a lado com três potências da estirpe de França, Alemanha e Espanha.
A banalização dos feitos portugueses retira a sensação de prazer, como se o clímax fosse propositadamente adiado para outras núpcias. Portugal é o país do futebol tântrico.
Rui Patrício e Rúben Dias jogaram os 720 minutos
A qualificação para o Euro 2020 disputou-se exclusivamente no ano civil de 2019 e pode ser dividida em duas fases: antes e depois da Liga das Nações.
Os pastosos amigáveis foram eliminados da agenda e Portugal disputou os oito jogos em quatro momentos, sempre em grupos de dois: março, setembro, outubro e novembro.
Altura, pois, para fazer o balanço e contas para identificar as escolhas mais sólidas de Fernando Santos e lançar pistas para a convocatória que sairá daqui a sensivelmente meio ano.
O primeiro quadro apresentado pelo Maisfutebol é, precisamente, esse: todos os futebolistas utilizados, posição por posição, nos oito compromissos relativos à fase de qualificação para o Europeu.
24 nomes com tempo de jogo, quatro com presença em todas as partidas (Rui Patrício, Rúben Dias, Bernardo Silva e Cristiano Ronaldo) e mais dez atletas convocados mas sem oportunidade de entrar em campo.
Destes 34 sairá, naturalmente, a esmagadora maioria das escolhas do selecionador nacional para o Europeu das 12 cidades.
JOGADORES UTILIZADOS NA FASE DE QUALIFICAÇÃO:
GUARDA-REDES | |
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Rui Patrício | 8 jogos (720 minutos) |
José Sá e Beto | não utilizados |
LATERAIS DIREITOS | |
João Cancelo | 4 jogos (295 minutos) |
Nélson Semedo | 3 jogos (245 minutos) |
Ricardo Pereira | 2 jogos (180 minutos) |
CENTRAIS | |
Rúben Dias | 8 jogos (720 minutos) |
Pepe | 4 jogos (360 minutos) |
José Fonte | 4 jogos (360 minutos) |
Ferro, Carriço, R. Semedo e D. Duarte | sem utilização |
LATERAIS ESQUERDOS | |
Raphael Guerreiro | 7 jogos (630 minutos) |
Mário Rui | 1 jogo (90 minutos) |
MÉDIOS | |
Danilo | 5 jogos (450 minutos) |
Bruno Fernandes | 6 jogos (427 minutos) |
William Carvalho | 4 jogos (360 minutos) |
João Moutinho | 6 jogos (284 minutos) |
Rúben Neves | 4 jogos (244 minutos) |
Pizzi | 4 jogos (213 minutos) |
João Mário | 3 jogos (73 minutos) |
André Gomes e Renato Sanches | sem utilização |
AVANÇADOS | |
Cristiano Ronaldo | 8 jogos (642 minutos) |
Bernardo Silva | 8 jogos (632 minutos) |
João Félix | 4 jogos (243 minutos) |
André Silva | 3 jogos (177 minutos) |
Rafa Silva | 3 jogos (146 minutos) |
Gonçalo Guedes | 5 jogos (142 minutos) |
Gonçalo Paciência | 1 jogo (90 minutos) |
Dyego Sousa | 2 jogos (74 minutos) |
Bruma | 2 jogos (46 minutos) |
Diogo Jota | 2 jogos (26 minutos) |
Eder e Daniel Podence | sem utilização |
Conclusões:
Na baliza, Rui Patrício é dono e senhor da posição, agora secundado por Beto e José Sá. Anthony Lopes e Cláudio Ramos perderam espaço nos últimos meses.
No lado direito da defesa, João Cancelo até foi o mais utilizado, mas o nível exibido por Ricardo Pereira ao longo dos últimos largos meses faz dele o grande candidato à titularidade.
Na esquerda, Raphael Guerreiro é o titular e Mário Rui, sempre regular no Nápoles, a alternativa óbvia.
O lote de centrais também parece fechado. Rúben Dias, Pepe e José Fonte são intocáveis e há ainda quatro candidatos a um lugar na quarta vaga, se ela existir: Rúben Semedo, Domingos Duarte, Carriço e Ferro.
Para o Euro 2016, Fernando Santos convocou sete médios. Mais um do que para o Mundial 2018. Na fase de qualificação, há seis nomes utilizados com consistência e três à frente de todos os outros: Danilo, William e Bruno Fernandes.
Rúben Neves e João Moutinho surgiram regularmente e Pizzi apareceu a titular nos últimos dois jogos. João Mário jogou três vezes, mas aparenta estar atrás da concorrência.
Para o ataque as opções são abundantes. Cristiano Ronaldo e Bernardo Silva são indiscutíveis, João Félix acabará certamente por entrar nos 23 e depois há ainda Gonçalo Paciência (cada vez mais um ponta-de-lança competitivo e completo), André Silva e Eder. Gonçalo Guedes, Diogo Jota e Bruma são os avançados/extremos que espreitam um lugar.
MARCADORES DOS GOLOS
Cristiano Ronaldo | 11 golos |
Bernardo Silva | 3 golos |
William Carvalho | 2 golos |
Gonçalo Guedes | 2 golos |
Danilo Pereira | 1 golo |
Bruno Fernandes | 1 golo |
Pizzi | 1 golo |
Gonçalo Paciência | 1 golo |
1ª jornada: Portugal-Ucrânia, 0-0 (22 de março)
90 minutos a atacar e uma eficácia miserável. Pyatov fechou a baliza ucraniana, Portugal tentou até ao fim e ficou a reclamar um penálti sobre Dyego. A equipa abusou dos cruzamentos para a área e dos passes longos. Faltaram ideias, mais e melhores.
Leia a CRÓNICA do jogo da autoria do diretor-executivo Sérgio Pereira
JOGARAM AINDA: Rafa Silva, Dyego Sousa e João Mário
2ª jornada: Portugal-Sérvia, 1-1 (25 de março)
Atacar, atacar e atacar para só agarrar um ponto. Um-golo-do-outro-mundo de Danilo Pereira, exibições enormes de William Carvalho e Bernardo Silva, um atropelo de Rui Patrício a um avançado sérvio logo a abrir e, depois, o correr atrás do prejuízo. Cristiano lesionou-se e Portugal acabou a reclamar mais uma grande penalidade. Com razão evidente, acrescente-se.
Leia a CRÓNICA do jogo da autoria do subdiretor Luís Pedro Ferreira
JOGARAM AINDA: Pizzi, André Silva e Gonçalo Guedes
3ª jornada: Sérvia-Portugal, 2-4 (7 de setembro)
A primeira vitória foi mais difícil do que o resultado indicia. A Sérvia jogou na expetativa, num surpreendente bloco baixo, e só um erro do guarda-redes permitiu o golo a William em cima do intervalo. Primeira parte aborrecida, segundos 45 minutos de loucos: cinco golos, com Bernardo Silva a acabar com todas as dúvidas já perto do fim.
Leia a CRÓNICA do jogo na Sérvia
JOGARAM AINDA: João Cancelo, João Félix e João Moutinho
4ª jornada: Lituânia-Portugal, 1-5 (10 de setembro)
Os bálticos assustaram com um golo de bola parada, mas o dia foi de Cristiano Ronaldo: póquer e exibição monstruosa. O piso sintético não facilitou, embora a Seleção Nacional tenha acabado a golear. As diferenças entre as duas equipas deram para isso.
Leia a CRÓNICA do jogo de Vilnius
JOGARAM AINDA: Pizzi, Rafa Silva e Gonçalo Guedes
5ª jornada: Portugal-Luxemburgo, 3-0 (11 de outubro)
Cristiano Ronaldo ameaçou de bicicleta e marcou de chapéu; Bernardo Silva acabou com a resistência luxemburguesa; Guedes voltou a sair do banco para agitar e marcar um golo em cima do minuto 90. Tudo relativamente simples.
Leia a CRÓNICA do jogo da autoria do subdiretor Nuno Travassos
JOGARAM AINDA: Gonçalo Guedes, João Mário e Rúben Neves
6ª jornada: Ucrânia-Portugal, 2-1 (14 de outubro)
Alerta amarelo, primeira derrota na caminhada para o Europeu. Cristiano Ronaldo chegou ao golo 700 da carreira numa noite desconsolada da Seleção Nacional. Dois golos sofridos nos primeiros 27 minutos e demasiados erros defensivos. Assim, não.
Leia a CRÓNICA do jogo de Kiev
JOGARAM AINDA: João Félix, Bruno Fernandes e Bruma
7ª jornada: Portugal-Lituânia, 6-0 (14 de novembro)
Esmagador. Golos e mais golos, com Cristiano Ronaldo a encontrar em Gonçalo paciência uma alma gémea. Entenderam-se e somaram golos e assistências. A Lituânia confirmou que os dias de jogadores como Jankauskas acabaram há muito.
Leia a CRÓNICA do jogo da autoria do jornalista Jorge Anjinho
JOGARAM AINDA: Bruma, João Moutinho e Diogo Jota
8ª jornada: Luxemburgo-Portugal, 0-2 (17 de novembro)
Primeira parte de sofrimento no batatal do Grão-ducado, golo de Bruno Fernandes a colidir com a lógica da partida e Ronaldo, claro, a aproveitar uma acrobacia de Diogo Jota para chegar ao golo 99 pela seleção. Qualificação fechada para o Euro 2020.
Leia a CRÓNICA de jogo da autoria do jornalista Ricardo Gouveia
JOGARAM AINDA: João Moutinho, Diogo Jota e Rúben Neves