Após cinco jornadas da Liga e com cerca de mês e meio de competição oficial em Portugal, desde a Supertaça entre Benfica e Sporting (9 de agosto), é possível fazer um balanço inicial sobre o verdadeiro impacto dos reforços nos grandes.

Os números comprovam a ideia que andava pela cabeça da maioria dos adeptos: nesta altura, o Benfica é o clube com menor índice de aproveitamento das caras novas, em comparação com os registos de FC Porto e Sporting.

Rui Vitória deu poucos minutos aos reforços contratados neste defeso – com claro destaque negativo para o trio formado por Carcela, Taarabt e Bilal -, enquanto Julen Lopetegui e Jorge Jesus – o técnico que apresenta a maior taxa de utilização – têm utilizado os ativos recentes com assinalável regularidade.

Feitas as contas, as caras novas do Benfica jogaram apenas 22,3 por cento dos minutos possíveis na presente temporada, contra os 40,1 por cento do FC Porto e os 46, 8 por cento do Sporting.

Destaque positivo para Jorge Jesus nesse capítulo. Os reforços estiveram em campo quase metade do tempo possível, ao longo dos nove jogos realizados até ao momento.

O Sporting tem 8 jogadores que não estavam no plantel de 2014/15, o Benfica 10 e o FC Porto ataca a presente época com 15 (em 26). Claramente o plantel com maior número de mudanças na sua constituição.



Nesta contabilidade entraram os atletas que regressaram de empréstimos e os que representaram as equipas B na temporada transacta, sem utilização na A. O  Maisfutebol utilizou como referência, para dissipar eventuais dúvidas, os plantéis apresentados pelos clubes nos sites oficiais. É possível conferir a lista nos veículos de  Benfica e  FC Porto, enquanto o Sporting ainda não nomeou o grupo: «Plantel 2015/16 disponível brevemente...»

Rui Vitória, após sete jogos em 2015/16, tem ainda quatro reforços por estrear (Taarabt, Bilal, Ederson e Djuricic, jogador que acabou por ser integrado no plantel, após o fecho do mercado). No FC Porto, Sérgio Oliveira é a contratação sem registo de minutos até ao momento, a par dos jovens Raul Gudiño, Igor Lichnovsky e André Silva, apresentados com o plantel. Por fim, no Sporting, apenas Bruno Paulista e Azbe Jug continuam em branco.

Na análise foi considerado o momento de chegada de cada reforço, já que os mexicanos Raúl Jiménez (Benfica), Layun e Corona (FC Porto) foram garantidos após a realização de jogos por parte das respetivas equipas.

Assim, o método de cálculo incidiu sobre a totalidade de minutos - sem descontos - passíveis de disputa por parte dos reforços, tendo em conta o número de jogos realizados por cada clube, e os minutos efetivamente completados. Dividindo o valor de utilização possível pelo valor de utilização efetiva, foi encontrada a percentagem de utilização.

Nélson Semedo de estaca, Taarabt e Bilal longe da vista

O campeão Benfica realizou sete jogos até ao momento e Rui Vitória manteve a confiança inabalável no nome que escolheu para o flanco direito da defesa: Nélson Semedo. O desempenho do defesa permite concluir que é encarado como um verdadeiro reforço: 100 por cento de utilização.

No mesmo patamar surgem nomes como Victor Andrade e Nuno Santos. Luís Filipe Vieira tinha anunciado a integração de vários jovens no plantel e o sucessor de Jorge Jesus desenhou esse cenário. O brasileiro esteve em 3 jogos dos encarnados, o português em 1.

Gonçalo Guedes já tinha alinhado pela equipa principal na época passada - nada que se compare ao momento atual, ainda assim - e, como tal, não é considerado nesta análise, assim como João Teixeira e Lindelof. Foi o critério encontrado para servir de barómetro universal e incontestável entre os três clubes escrutinados.

Dos reforços vindos de fora do clube, Mitroglou é a opção mais regular, com 83,9 por cento de utilização e quatro golos até ao momento. Raúl Jiménez chegou ligeiramente mais tarde, já marcou mas é encarado como alternativa ao grego.

Medhi Carcela e Adel Taarabt, por outro lado, não se têm afirmado como opções. O primeiro jogou apenas 22 minutos, enquanto o segundo está afastado por completo da competição. Bilal, mais jovem mas com integração no plantel, é outro nome longe da vista dos adeptos. O meio-campo ofensivo e os flancos ressentem-se desta afirmação tardia dos reforços, com Rui Vitória a optar pelo recurso a elementos oriundos da equipa B.

Nome/minutos jogados e possíveis/percentagem:

Nélson Semedo: 630 minutos em 630 possíveis: 100%
Mitroglou: 528 em 630 = 83,9%
Victor Andrade: 119 em 630 = 18,9%
Raúl Jimenez: 68 minutos em 540 = 15,1%
Mehdi Carcela: 22 em 630 = 3,5%
Nuno Santos: 18 em 630 = 2,9%
Adel Taarabt: 0 
Bilal Ould-Chikh: 0
Ederson: 0
Filip Djuricic: 0



Miguel Layún equipara-se a Maxi Pereira e Iker Casillas

No FC Porto, Miguel Layún e Jesus Corona foram oficializados apenas a 31 de agosto mas estiveram nos três encontros que se seguiram. O lateral, aliás, tem uma taxa de utilização de 100 por cento, pegando de estaca no lado esquerdo. Corona fica pelos 59,6 por cento mas foi titular em dois jogos e bisou na estreia, em Arouca.

André Silva consta entre os 15 reforços azuis e brancos, já que foi apresentado com o plantel e o seu nome surge na lista do site oficial do FC Porto, a par de Raúl Gudiño (o terceiro guarda-redes) e Igor Lichnovsky (o quarto central), embora não seja considerado no boletim clínico diário. O avançado lesionou-se ao serviço da equipa B.

Maxi Pereira e Iker Casillas são totalistas, enquanto Danilo Pereira, André André – autor do golo decisivo no clássico frente ao Benfica - e Imbula têm um aproveitamento superior a 70 por cento. No plantel oposto, para além de Sérgio Oliveira, destaque para Alberto Bueno. O espanhol jogou apenas 3 minutos até ao momento.

Cissokho soma 90 minutos mas esteve em apenas 1 jogo, de má memória, frente ao Marítimo. Seguiram-se Martins Indi e Miguel Layún, este como solução com continuidade. Osvaldo, por seu turno, contabiliza 40 minutos mas vai entrando com maior regularidade no decorrer dos encontros, como aconteceu na reta final do embate com o Benfica, substituindo Aboubakar.

Nome/minutos jogados e possíveis/percentagem:

Maxi Pereira: 540 minutos em 540 possíveis – 100%
Casillas: 540 em 540 – 100%
Layun: 270 em 270 – 100%
Danilo Pereira: 407 em 540 – 75,4%
André André: 390 em 540 – 72,2%
Imbula: 385 em 540 – 71,3 %
Corona: 161 em 270 – 59,6%
Varela: 208 em 540 – 38,5%
Cissokho: 90 em 540 – 16,7%
Osvaldo: 40 em 540 – 7,4%
Bueno: 3 em 540 – 0,06%
Sérgio Oliveira: 0 
Raúl Gudiño: 0 
Igor Lichnovsky: 0 
André Silva: 0 



Bruno Paulista é a exceção no processo acelerado de Jesus

Jorge Jesus não perdeu tempo e tem aproveitado ao máximo os reforços contratado neste defeso. As caras novas do plantel têm uma média de utilização de 46,8 por cento, um número acima dos rivais diretos.

Naldo é o mais utilizado, neste lote, com uma percentagem de 88,9 por cento, mas Bryan Ruiz, Téo Gutierrez – três golos até ao momento - e João Pereira foram outras apostas com direito a entrada direta no onze. Aquilani é uma alternativa a que Jesus recorre com assiduidade e até Ricardo Esgaio superou algumas expetativas, surgindo em 3 dos 9 jogos realizados pelo Sporting.

Bruno Paulista é a exceção a esta regra de integração acelerada, assim como Azbe Jug – aqui, com naturalidade -, o terceiro guarda-redes do plantel leonino. Gelson Martins, por ter sido utilizado na época passada, não é considerado um reforço no plantel de Jesus, embora tenha reforçado claramente a sua influência.

Em suma, apostas claras no reforço imediato do onze, abdicando de investimentos em jogadores com margem elevada de progressão mas sem capacidade para reinvindicar uma posição de imediato.

Nome/minutos jogados e possíveis/percentagem:

Naldo: 720 minutos em 810 possíveis = 88,9%
Bryan Ruiz: 577 em 810 = 71,2%
Téo Gutierrez: 573 em 810 = 70,7%
João Pereira: 530 em 810 = 65,4%
Aquilani: 360 em 810 = 44,4%
Ricardo Esgaio: 270 em 810 = 33,3%
Bruno Paulista: 0
Azbe Jug: 0