Nove clubes mudaram de treinador durante a Liga 2020/21, nove mantêm-se fiéis às escolhas feitas no arranque da prova – e, em algumas situações, até bem antes. Ainda vale a pena fazer alterações no comando técnico? Os números sugerem que sim.
A medida tem sido banalizada ao longo dos anos, em certos casos até utilizada de forma leviana, mas neste campeonato o «chicote» tem elevado o ânimo das tropas e melhorado os resultados em quase todas as situações.
Há duas apostas particularmente felizes, embora tardias: Julio Velázquez, no Marítimo, e Ivo Vieira, no Famalicão, são os treinadores que entraram e conseguiram contrariar a trajetória de queda das respetivas equipas.
O espanhol apresenta um aproveitamento de 62,5 por cento (muito, muito superior ao dos dois antecessores) e o madeirense tem uma média de 1,5 pontos por jogo e uma taxa de aproveitamento de 50 por cento (bem acima de João Pedro Sousa e Silas).
Antes de olharmos para os clubes que mudaram, vejamos quem são os nove heróis que se mantêm desde o início do campeonato no mesmo clube.
CLUBES QUE NÃO MUDARAM DE TREINADOR
CLUBE |
TREINADOR |
LIGAÇÃO |
Sporting |
Ruben Amorim (1º classificado) |
2ª época |
FC Porto |
Sérgio Conceição (2º) |
4ª época |
Benfica |
Jorge Jesus (3º) |
1ª época * |
Sp. Braga |
Carlos Carvalhal (4º) |
1ª época * |
Paços |
Pepa (5º) |
2ª época |
Santa Clara |
Daniel Ramos (7º) |
1ª época * |
Portimonense |
Paulo Sérgio (10º) |
2ª época |
Belenenses |
Petit (11º) |
2ª época |
Tondela |
Pako Ayestaran (9º) |
1ª época |
* - Já tinham treinado em ciclos anteriores os respetivos clubes
Os cinco primeiros colocados não mexeram na estrutura técnica, bem como o competente Santa Clara e o surpreendente Tondela. Em Portimão e no Belenenses, Paulo Sérgio e Petit têm dado um seguimento credível aos trabalhos iniciados durante a época anterior.
Como é possível verificar, Sérgio Conceição é o homem há mais tempo a trabalhar de forma ininterrupta no mesmo clube. O treinador bicampeão nacional está a fechar a quarta temporada consecutiva com o FC Porto e ainda a tentar o «tri». Tarefa quase impossível, agora.
Marítimo e Famalicão acertaram em cheio… à segunda tentativa
Os casos de Marítimo e Famalicão são paradigmáticos, como demonstra o levantamento feito pelo Maisfutebol. Num e noutro caso, as direções prescindiram do primeiro timoneiro (Lito Vidigal e João Pedro Sousa, respetivamente), mas falharam rotundamente nas opções seguintes. Dizem-no os resultados.
Milton Mendes baixou de forma ligeiríssima a produtividade de Lito Vidigal, enquanto Jorge Silas entrou e saiu de Famalicão com dados ainda piores do que os de João Pedro Sousa.
À segunda tentativa, e ao terceiro nome, tudo mudou. Julio Velázquez fez em oito jogos quase os mesmos pontos que Vidigal e Milton fizeram em 22 jornadas: 15 vs 18. Em Famalicão o cenário é praticamente o mesmo, com Ivo a elevar bastante uma fasquia que estava manifestamente baixa, após uma época histórica.
Neste grupo de treinadores que entraram e/ou saíram, o terceiro que apresenta o melhor registo é João Henriques. Curiosamente, o técnico que chegou a Guimarães após a terceira jornada também já não está no cargo. Quatro derrotas seguidas convenceram a direção a apostar em Bino Maçães, treinador da equipa B.
Nota final para a situação do Nacional da Madeira: Luís Freire, o treinador que devolveu os insulares à Liga, não resistiu ao colapso de fevereiro/março – seis derrotas consecutivas -, mas o sucessor está a ser capaz de fazer muito pior: Manuel Machado apresenta um aproveitamento pontual de 16,6 por cento, de longe o pior em todas estas contas.
O Maisfutebol analisou apenas os resultados na Liga 2020/21.
CLUBES QUE MUDARAM DE TREINADOR:
VITÓRIA DE GUIMARÃES |
(6º classificado) |
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Tiago Mendes |
3 jogos/4 pontos |
média de 1,33 pontos (44,4% aproveitamento) |
João Henriques |
22 jogos/31 pontos |
média de 1,40 pontos (46,9%) |
Bino Maçães |
5 jogos/6 pontos |
média de 1,20 pontos (40%) |
MOREIRENSE |
(8º classificado) |
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Ricardo Soares |
6 jogos/8 pontos |
média de 1,33 pontos (44,4% aproveitamento) |
César Peixoto |
5 jogos/5 pontos |
média de 1 ponto (33,3%) |
Vasco Seabra |
18 jogos/23 pontos |
média de 1,27 pontos (42,5%) |
* Leandro Mendes orientou a equipa na derrota no Dragão (3 janeiro)
MARÍTIMO |
12º classificado |
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Lito Vidigal |
8 jogos/7 pontos |
média de 0,87 pontos (29,1% aproveitamento) |
Milton Mendes |
14 jogos/11 pontos |
média de 0.78 pontos (26,1%) |
Julio Velázquez |
8 jogos/15 pontos |
média de 1,87 pontos (62,5%) |
GIL VICENTE |
13º classificado |
|
Rui Almeida |
7 jogos/5 pontos |
média de 0,71 pontos (23,8% aproveitamento) |
Ricardo Soares |
23 jogos/27 pontos |
média de 1,17 pontos (39,1%) |
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FAMALICÃO |
14º classificado |
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João Pedro Sousa |
16 jogos/14 pontos |
média de 0,87 pontos (29,1% aproveitamento) |
Jorge Silas |
6 jogos/5 pontos |
média de 0,83 pontos (27,7%) |
Ivo Vieira |
8 jogos/12 pontos |
média de 1,50 pontos (50%) |
RIO AVE |
15º classificado |
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Mário Silva |
11 jogos/11 pontos |
média de 1 ponto (33,3% aproveitamento) |
Pedro Cunha |
4 jogos/4 pontos |
média de 1 ponto (25%) |
Miguel Cardoso |
15 jogos/16 pontos |
média de 1,06 pontos (35,5%) |
BOAVISTA |
16º classificado |
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Vasco Seabra |
9 jogos/8 pontos |
média de 0,88 pontos (29,6% aproveitamento) |
Jesualdo Ferreira |
21 jogos/21 pontos |
média de 1 ponto (33,3%) |
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FARENSE |
17º classificado |
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Sérgio Vieira |
15 jogos/12 pontos |
média de 0,80 pontos (26,6% aproveitamento) |
Jorge Costa |
15 jogos/15 pontos |
média de 1 (33,3%) |
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NACIONAL |
18º classificado |
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Luís Freire |
24 jogos/21 pontos |
média de 0,87 pontos (29,1% aproveitamento) |
Manuel Machado |
6 jogos/3 pontos |
média de 0,50 pontos (16,6%) |
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