O mundo como o conhecíamos acabou na quarta-feira. Na madrugada de quinta-feira, a invasão russa da Ucrânia deu início a uma guerra e terminou com expressões que nos habituámos a utilizar como pós-guerra, fim da Guerra Fria ou antiga ameaça russa.

Sem ficar indiferente a isso, o desporto uniu-se na condenação do ataque à Ucrânia e apertou o cerco a Moscovo. As sanções ao regime russo entraram em campo e isolaram Putin.

O cerco começou logo na quinta-feira, quando o Schalke 04 anunciou que ia deixar de utilizar o logotipo da Gazprom, principal patrocinador do clube, na frente da camisola.

Também na quinta-feira, as federações da Polónia, da Suécia e da República Checa escreveram uma carta conjunto à UEFA a anunciar que se recusavam a viajar para a Rússia para disputar o play-off de acesso ao Mundial 2022. A Polónia é a primeira adversária do play-off, quem vencer esse jogo vai defrontar o vencedor do Suécia-Rep. Checa. Mas nenhuma quer jogar na Rússia.

Ainda na quarta-feira também, o governo do Reino Unido anunciou que a companhia aérea estatal russa, a Aeroflot, estava banida de operar no país. A Aeroflot é patrocinadora do Man. United.

Durante a tarde, Gianni Infantino, o presidente da FIFA, anunciou que estava a acompanhar com atenção tudo o que estava a acontecer na Ucrânia e ameaçou com tomar medidas contra a Rússia relativamente ao apuramento para o Mundial 2022.

Mais à noite, Nápoles e Barcelona entraram em campo com uma mensagem clara, no Estádio Diego Armando Maradona: «Parem a guerra», pediram os jogadores das duas equipas.

Em Espanha, a seleção ucraniana de basquetebol fez um jogo de apuramento para o Mundial, foi ovacionada de pé pelos adeptos espanhóis e os jogadores foram às lágrimas.

Já na Fórmula 1, a equipa Haas retirou dos carros o patrocínio da empresa russa Uralkali, bem como as cores da bandeira russa.

Esta quinta-feira, logo de manhã, chegou a notícia que mais terá mexido com o orgulho russo: a UEFA decidiu retirar a final da Liga dos Campeões de São Petersburgo e transferi-la para Paris.

Para além disso, o Comité Executivo decidiu também que todas as equipas e seleções russas teriam de jogar os jogos em casa em campo neutro e, portanto, fora de território russo.

Ao final da manhã foi a vez da Fórmula 1 anunciar que nas atuais condições é impossível pensar em realizar o Grande Prémio de Socchi, que está agendado para setembro. Isto já depois de Max Verstappen e Sebastian Vettel terem pedido o cancelamento da prova russa.

Ao início da tarde outra notícia com impacto: o Manchester United rescindiu o contrato de patrocínio com a companhia aérea estatal russa, a Aeroflot.

Depois da UEFA, também a Euroliga de Basquetebol anunciou que nenhum jogo europeu da modalidade se poderia disputar em solo russo, devendo sê-lo em solo neutro, tendo ainda cancelado os jogos com equipas russas agendados para esta semana.

Mais tarde foi a vez do Comité Olímpicos anunciar que nenhuma competição internacional de atletismo deve ser realizada na Rússia ou Bielorrússia e que nenhum atleta destes dois países deve ser aceite em competições internacionais.

Já durante a noite desta sexta-feira, os estádios do Augsburgo, do Bayern de Munique e do Atlético de Madrid manifestaram a sua solidariedade com a Ucrânia ao iluminarem-se de azul e amarelo, as cores da bandeira do país.

A Federação Internacional de Judo, por outro lado, emitiu um comunicado em que fala do «judo pela paz» e anuncia o cancelamento do Gram Slam de Kazan.

Tudo isto em dois dias apenas.

Pode não ser o suficiente para acabar com a guerra, e não é seguramente, mas é alguma coisa e é, sobretudo, um ataque ao orgulho de Vladimir Putin, ele que recorrentemente se serve do desporto, e sobretudo da organização de grandes competições, para reforçar o orgulho russo perante o mundo.