Quando Benfica e Manchester United subirem ao relvado do Estádio da Luz nesta quarta-feira, para o 10.º duelo entre ambos sempre na principal competição europeia, não serão muitos no relvado ou nas bancadas que terão memória daquela final europeia de há 49 anos e daquele golo de George Best.

Maio de 68: se em Paris a data ficou perpetuada pelas reivindicações estudantis, em Londres a multidão encheu não as ruas e as universidades em protesto, mas acorreu em massa a Wembley para ver “Red Devils” contra “Diabos Vermelhos”.

92 225 espetadores lotaram a grande casa do futebol inglês para verem o Manchester de Sir Matt Busby ser Simply the Best no Velho Continente, conquistando pela primeira vez na sua história a Taça dos Campeões Europeus.

Onzes de Manchester United e Benfica na final da Taça dos Campeões Europeus de 1967/68 

O jogo chegou ao intervalo empatado a zero e chegaria ao final do tempo regulamentar com uma igualdade a uma bola. Com um subtil cabeceamento com que Bobby Charlton inaugurou o marcador aos 53’, mas o Benfica reagiria por Jaime Graça, que reestabeleceria o equilíbrio no marcador aos 79’, com um remate cruzado.

A decisão seguiria para prolongamento, mas podia nem sequer lá ter chegado, caso Eusébio não desperdiçasse uma oportunidade que nos seus pés normalmente resultaria em golo. Alex Stepney parou um petardo de pé esquerdo do «Pantera Negra», que na sequência da defesa voltou para trás para cumprimentar o guadião inglês.

Havia, portanto, meia-hora para decidir o título europeu e um génio para sair da lâmpada. George Best já era «diabo à solta» nos «Red Devils», mas só no período de prorrogação haveria de fazer a diferença no marcador.

Logo aos dois minutos de prolongamento, golo. O golo da final, pela arte de Best e pela importância em encaminhar o título para Manchester.

O lance começa em Stepney. Com um pontapé longuíssimo o guarda-redes inglês põe no ataque – o jogo direto britânico no seu melhor. Brian Kidd ganha de cabeça e endossa a bola para outra disputa: Jacinto Santos entra à queima e fica à mercê de Best, que tira o defesa-central encarnado do caminho com um ligeiro toque e fica na cara do José Henrique.

Depois do golpe de sagacidade, o momento de arte: Best domina com o pé direito, entra na área simula o remate e tira o desamparado guarda-redes encarnado do lance, ao driblar em «gancho» para concretizar com o pé esquerda para a baliza deserta.

Dois minutos depois, Brian Kidd ampliava de cabeça para 3-1, dando um presente aos adeptos no dia em que ele próprio completava 19 anos. Quatro minutos depois, num remate na passada, o capitão Charlton bisou e sentenciou o resultado final num 4-1 demasiado pesado para o Benfica que se apagou no momento decisivo.

Tal como dois anos antes, na meia-final do Mundial de 1966, de novo contra os ingleses, Eusébio voltou a sair em lágrimas do relvado de Wembley.  

Era a hora da consagração dos «Babes» de Matt Busby, que entre a multidão que celebrava a conquista do Manchester United viu uma tarja em sua homenagem: «Sir Matt for Prime Minister.»

Veja aqui o resumo (a cores) da final da Taça dos Campeões Europeus entre Manchester United e Benfica: