Cairo, 16 de setembro de 2012. Este dérbi do Cairo entre Al Ahly e Zamalek, um dos maiores jogos do continente africano, estava longe de ter a envolvência de outros tempos.

Foi, talvez, um dos mais desprovidos de emoção da história. Com o Al Ahly matematicamente apurado para as meias-finais e o Zamalek sem hipóteses de seguir em frente, não estava mais em jogo do que o primeiro lugar do Grupo B.

Mas, mesmo a feijões, um dérbi do Cairo nunca deixaria de sê-lo e de ter os aperitivos habituais. Acontece que o Egito vivia tempos de extrema tensão. Em fevereiro desse ano, mais de 70 pessoas morreram em Port Said num jogo entre o Al Ahly (então orientado por Manuel José) e a equipa local do Al-Masry. Durante seis anos (até setembro de 2018) os jogos das competições domésticas decorreram à porta fechada.

Esse Al Ahly-Zamalek, que até nem era referente a provas nacionais, não ficou de fora.

A partida terminou com um empate a um golo e ficou marcado por uma fantástica defesa de Sherif Ekramy, guarda-redes internacional egípcio que ainda hoje permanece naquela que foi considerada a equipa africana do século XX. Ainda que de uma distância considerável, Mahmoud Fathallah bateu um livre com a força e colocação necessárias ter sucesso. Ekramy voou para a esquerdo e negou o golo ao defesa do Zamalek com a luva esquerda bem junto ao vértice esquerdo da baliza, com a bola a desviar ainda no ferro.

Na bancada do Estádio Internacional do Cairo, com capacidade para mais de 70 mil espectadores, estava apenas um grupo de elementos da polícia de choque.

Artigo original: 13/05; 23h51

Outras anatomias:

Peter Schmeichel, 26 anos depois de Gordon Banks

Bogdan Lobont: o romeno que se travestiu de Schmeichel em San Siro

A dupla-defesa impossível de Coupet em Camp Nou

San Casillas repete o milagre dois anos depois no Sánchez Pizjuán

David Seaman a puxar a cassete atrás à beira dos 40 anos

Buffon mostra aos 20 anos os primeiros poderes de super-homem

Esqueçam o líbero, este é o Neuer de entre os postes e é do melhor que há

Holandês voador que realmente sabia voar só mesmo Van der Sar

Só Petr Cech é mais rápido do que um pensamento

Dasaev: uma cortina de ferro no último Mundial romântico

Camp Nou, agosto de 2011: a prova que Valdés era tão bom como os melhores

Ubaldo «Pato» Fillol, 1978: o voo que segura a Argentina no Mundial dos papelinhos

Dida: o voo para a eternidade do primeiro grande goleiro

Chilavert: o salto do Bulldog que nega o último golo a Maradona

Szczesny: o penálti a dois tempos que cala de vez Arsène Wenger

Ter Stegen: o grito «sou o nº1» numa meia-final da Champions

De Gianluigi para Gianluigi, o rasto de gelo de Donnarumma que faz escorregar o Nápoles

A defesa da vida de Dudek que alicerçou uma reviravolta histórica

O milagre de Montgomery em Wembley'73

Quando o eterno Preud'Homme voou para travar Batistuta na Luz

Quando Tim Howard parou o tempo em Goodison Park

Kuszczak: muralha humana em Wigan antes do salto para Old Trafford

Gordon Banks: a anatomia #24 que merecia ter sido a primeira

Toni Turek: o expoente máximo do milagre de Berna em 1954

Toldo: o pesadelo de Kanu no mata-mata de Wembley

Ceni: o voo do tri do São Paulo