É hoje, acho que não restam grandes dúvidas, um dos melhores guarda-redes à escala planetária.

Vimo-lo crescer no Beira Mar, Olhanense, União de Leiria, Rio Ave e no Benfica, e no Atlético Madrid solidificou ainda mais a sua consistência, transpondo para os relvados da liga espanhola toda a frieza que sempre o caracterizou entre os postes.

Os primeiros tempos no Calderón não foram fáceis, havia por lá um Moyá em grande momento, mas o guarda-redes esloveno, resgastado pela cláusula de rescisão da Luz, esperou calmamente pela sua vez. Diego Simeone tinha plena consciência de quem tinha no banco.

A partir do momento em que ganhou a titularidade, Oblak justificou plenamente a contratação, com inúmeras intervenções de enorme categoria. Escolher uma nunca seria fácil, mas dificilmente se conseguirá ir além, na memória, daquela tripla intervenção a 16 de março de 2017, na Liga dos Campeões.

Cumpria-se o minuto 68 no Vicente Calderón e os alemães do Bayer Leverkusen perseguiam um golo que lhes desse vida depois do 2-4 no seu estádio. Brandt, primeiro, Volland, depois e por duas vezes, viram Oblak levantar-se da relva e negar-lhes esse golo. Uma tripla-defesa que correu mundo.


O Atleti seguiria em frente depois do 0-0 nessa noite, ultrapassaria o Leicester nos quartos de final e cairia perante a sua besta negra na Champions e eterno rival, o Real Madrid, nas meias. Esse momento não valeu o caneco, mas simbolizou a incrível capacidade de Jan Oblak entre os postes. Um verdadeiro muro, numa equipa habituada a erguer vários até à sua baliza.  

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Artigo original: 23h50, 15/04