Parma, 22 de abril de 1998. Itália-Paraguai, jogo de preparação da squadra azzurra para o Campeonato do Mundo. O jovem Gianluigi Buffon, de apenas 20 anos, entra ao intervalo, no ainda seu Ennio Tardini, para o lugar de Angelo Peruzzi e, pouco depois, vê Alessandro Costacurta fazer um autogolo que reduz a vantagem dos transalpinos para um curto 2-1.

Paolo Maldini e Francesco Moriero, com uma bicicleta, tinham adiantado a sua equipa no marcador, mas os guaraní ameaçam agora estragar o ensaio dos da casa. Antes de Moriero bisar e descansar os adeptos azzurri já nos descontos, Gigi é obrigado a uma das maiores defesas alguma vez vistas, de puro instinto e reflexos, após um remate à queima-roupa de Hugo Brizuela. O olhar de choque do paraguaio diz praticamente tudo.

Daí por uns meses, no Mundial, Buffon continuará suplente, desta vez atrás de Gianluca Pagliuca. A Itália será eliminada pela anfitriã e futura campeã França, nos quartos de final, em Saint Denis. Zinedine Zidane e os colegas só festejam nos penáltis (4-3), depois de 0-0 no final do prolongamento.

Se em Paris canta-se com paixão Allez les Bleus e se agita as bandeirinhas, em Itália começa a preparar-se a sucessão. Será dele o lugar no apuramento e no próprio Euro-2000.

Aquela defesa em Parma relevara pela primeira vez ao mundo os poderes de um Super-Homem.

Um dos melhores de todos os tempos.

Outras anatomias:

Peter Schmeichel, 26 anos depois de Gordon Banks
Bogdan Lobont: o romeno que se travestiu de Schmeichel em San Siro
A dupla-defesa impossível de Coupet em Camp Nou
San Casillas repete o milagre dois anos depois no Sánchez Pizjuán
David Seaman a puxar a cassete atrás à beira dos 40 anos