A seleção nacional de andebol disputa no próximo fim de semana o torneio pré-olímpico, em Montpellier, contra as seleções de França, Croácia e Tunísia.

Num momento particularmente sensível devido à morte de Alfredo Quintana, guarda-redes e um dos principais pilares da seleção, Portugal vai em busca de uma qualificação que seria histórica na modalidade, mas também no desporto português que só teve uma modalidade coletiva nos Jogos: o futebol.

Nesta terça-feira, o selecionador nacional, Paulo Jorge Pereira, assumiu que a situação é delicada, mas garante que não vai faltar ambição. Até porque há o objetivo claro de dedicar o feito a Alfredo Quintana.

«Não sabemos que resultado é que vamos ter. Vamos defrontar das melhores seleções do mundo, duas delas que lutam sempre por medalhas. Mas vamos lutar por nós e, sobretudo, por ele», referiu, em relação ao guarda-redes vitimado por uma inesperada paragem cardiorrespiratória.

Nesse sentido, Paulo Jorge Pereira, elogiou a forma como a equipa do FC Porto – que tem a maioria dos jogadores da seleção – jogou na Liga dos Campeões depois da perda do guarda-redes.

«Não sabemos o que vai acontecer. O FC Porto jogou muito bem com o Elverum e a resposta foi excecional. Foi um jogo com as emoções à flor da pele e foi sinal positivo a resposta dada. Espero que seja idêntico, mas não sabemos», reforçou, deixando um pedido.

«Peço que confiem que vamos dar o nosso máximo. Mas qualquer resultado pode acontecer. Vamos com desvantagem em termos de tempo de trabalho e vamos defrontar das melhores seleções do mundo, mas garantimos que vamos lutar.

A desvantagem de que fala o selecionador nacional prende-se com uma realidade de apenas quatro dias de treino antes daquela que será a competição mais exigente da história do andebol português.

«É difícil. Três jogos em três dias com quatro treinos. Dois ontem, relativamente curtos, a maioria do grupo não trabalhou durante quase 15 dias pela realidade que conhecemos. Hoje vamos treinar novamente, amanhã fazemos outro treino e depois temos três jogos em três dias», enumerou.

«Fisicamente não estamos no melhor momento. Mas estamos a tentar ideias e detalhes que podemos melhorar dentro do tempo que temos. Estamos a tentar ter muita paciência e respeito porque os atletas estão a fazer tudo o que podem», elogia.

A juntar à perda de Alfredo Quintana, Paulo Jorge Pereira não pode contar com o experiente Humberto Gomes, devido a uma lesão.

Isso fez com que a escolha dos guarda-redes convocados tenha recaído sobre três jovens talentosos, com experiência de seleções jovens, mas poucas presenças na seleção principal. Isso, porém, não preocupa o selecionador.

«Temos três guarda-redes jovens que têm estado muito bem nos clubes e para quem agora chegou o momento de mostrar que podem representar Portugal. Devemos ter muito respeito por eles», realça.

«Estamos a trabalhar em função dos meios que temos. Jogadores estão a fazer tudo o que podem para se adaptarem».

Apesar das limitações e da impossibilidade de antever cmo irão reagir os jogadores em termos emocionais, Paulo Jorge Pereira não deixa a ambição em Portugal. Leva-a como sempre na bagagem, desta feita para França.

«Para mim é claro que se vencermos a Tunísia e conseguirmos recuperar para o dia seguinte - e se eventualmente a Croácia é ganhar à França – podemos discutir a passagem», assegura.

«Estamos a trabalhar para aceder aos Jogos Olímpicos, mas temos consciência de que as condições se modificaram bastante. E vão exigir de nós uma adaptação rápida às novas condições. Os jogadores deram uma resposta fantástica, dentro do que podem fazer. Até ao fim e até ao limite vamos lutar», conclui.

De resto, ambição é algo que Paulo Jorge Pereira garante estar no auge. Nem pode ser de outra forma.

«Não iria ter nunca necessidade de motivar os jogadores para esta situação única poder ir a uns Jogos Olímpicos. Num país com 10 milhões de habitantes e muito pouca gente a praticar andebol, seria um feito incrível. Em termos de motivação não era preciso utilizar nada de especial».

E para reforçar a garantia, o selecionador confidenciou a resposta que recebeu de um dos jogadores antes do estágio.

«Depois da situação que vivemos, enviei mensagens individuais aos jogadores. Quase todos responderam e um deles disse que agora tínhamos mais um motivo para ganhar. Se calhar temos mais um motivo para lutar e para ganhar. A entrega deles tem sido excecional», enalteceu.