Já esteve no México, na inconfundível região de Chiapas, saltou para a Venezuela, onde defendeu o campeão F.C. Caracas, agora prepara-se para jogar no Bolívar, da Bolívia. Fala-se de André Martins, o avançado mais sul-americano do futebol nacional. Ele que mantém o sonho de se estrear na Taça Libertadores.
Na Bolívia André Martins foi encontrar a herança de Rodrigo Figueroa. Quem? Pois, Rodrigo Figueroa. Para o leitor mais desatento, recorda-se que Rodrigo Figueroa foi o preparador-físico chileno que admitiu dar Viagra a alguns jogadores. Dizia ele que beneficiava a resposta física na altitude de La Paz.
Entretanto Rodrigo Figueroa deixou o Bolívar em Dezembro, arrastado pela saída de toda a equipa técnica. Ora por isso André Martins não espera ser enganado com o comprimido azul. «Não conhecia essa história», sorri. «Acho que não me vão dar Viagra. O clube ultrapassa a questão da altitude de outra maneira.»
Há gente a desmaiar no fim dos treinos
O jogador fala de «treinos específicos para a altitude» e «reforço da preparação física». Diz também que para já não precisa. «O meu organismo reage bem à altitude. Sinto-me cansado mais rapidamente e custa a respirar, mas conheço colegas estrangeiros que até desmaiam e já perderam sete quilos numa semana.»
O problema da altitude, adianta, sente-se em toda a cidade. Sente-se aliás logo que se chega a La Paz. «O aeroporto fica em El Alto, que está a 4100 metros de altitude», diz. «Por isso há a falta de oxigénio e temos de respirar mais devagar. Há algumas pessoas que até ficam com dores de cabeça e enjoos.»
Mesmo assim nada justifica o Viagra escondido em copos de sumo, como fazia Rodrigo Figueroa. «Se acontecesse comigo não ia gostar». O Viagra não é doping, mas pode ter reacções físicas. «Não podem fazer isso sem avisar os jogadores ou pelo menos sem falar com eles. Mas nesta altura não tenho esse receio.»
Na Bolívia pela Taça Libertadores
Ultrapassada a questão da altitude, sobram elogios à Bolívia. Assinou contrato de dois anos e deve estrear-se no início de Fevereiro na competição de clubes mais importante da América do Sul. Com ambições, claro. «O Caracas também vai jogar a Libertadores, mas sonho chegar longe», diz ao Maisfutebol.
Da Venezuela trouxe uma taça nacional. Na Bolívia diz encontrar um clube melhor. «Não podia recusar o Bolívar. É um clube grande, com um projecto ambicioso para esta época e com aspirações legítimas na Taça Libertadores. É o nono classificado do ranking da Conmebol. Tem 22 participações na Libertadores.»
É o clube mais emblemático da Bolívia, foi o vencedor do Torneio Abertura e é o maior candidato a confirmar o título no Torneio Clausura. «O Bolivar quer construir uma equipa forte, falaram comigo e mostraram muito interesse na minha vinda. Os adeptos foram calorosos comigo e noto que há entusiasmo nas pessoas.»
As primeiras impressões da Bolívia foram aliás muito boas. «Fiquei surpreendido com o país», garante. «La Paz parece-me uma cidade bonita e tranquila. As pessoas são simpáticas. É gente humilde e trabalhadora. Fiz segunda-feira os primeiros treinos e fui bem recebido pelos colegas.» A Libertadores vem já a seguir.