O presidente da Juventus, Andrea Agnelli, mostrou-se preocupado com a saúde financeira do futebol e teme que as perdas sejam maiores do que aquelas que o mais recente estudo publicado anunciou.

Com isso em vista, o italiano considera que as provas europeias devem ser revistas e acredita que elas possam ser disputadas em «sistema suíço», algo que o The Times avançou estar no pensamento dos dirigentes da UEFA para 2024. 

Primeiro, a preocupação de Agnelli, que é a justificação pela qual o dirigente de Turim, também líder da Associação Europeia de Clubes (ECA), pretende mudar as provas continentais.

«A Deloitte Money League anuncia uma perda de dois mil milhões de euros nestas duas temporadas, mas temo que seja mais. Na temporada passada tivemos apenas três ou quatro meses de estádios vazios, quebras em receitas comerciais, descontos para as emissoras, enquanto a atual será uma temporada inteira sem adeptos nos estádios. E no que se refere aos direitos de TV, na Alemanha eles perderam 10% e há emissoras internacionais que não estão a pagar o que devem. É por isso que penso que esta época irá piorar, acreditamos que o prejuízo global destes dois anos para a nossa indústria se situa entre 6,5 e 8,5 mil milhões de euros», disse, no webinar eThinkSport2021, organizado pela «News Tank Football».

Durante muito tempo, Agnelli foi um dos defensores da criação de uma Superliga Europeia, mas no webinar deu apoio à Liga dos Campeões numa nova configuração. O italiano continuou na argumentação para chegar, então, ao formato que pretende para a Champions League.

«Este ano ocorreram movimentações de 3,9 mil milhões de euros contra 6,5 ​​no ano anterior. São 2,6 mil milhões a menos de um ano para o outro, sem contar os mecanismos solidários dos clubes. Isso mostra-nos que navegamos em mares muito agitados. Se esta análise é válida para as ligas de primeiro nível, é difícil analisar o que aconteceu nas ligas menores, na segunda e terceira divisões, nas ligas amadoras, ao nível da infraestrutura e da perda de empregos ... Tudo isto mostra como o futebol está a viver um momento muito complicado e ele nos diz que precisamos fazer reflexões sérias para o futuro da nossa indústria. Queremos encarar o futuro com uma perspetiva nostálgica ou progressista? É nosso dever pensar no futuro para que o futebol continue a ser o desporto mais popular do mundo nas próximas décadas. Temos um público muito mais segmentado do que no passado. A geração Z tornar-se-á o consumidor em menos de cinco anos e temos que nos perguntar: o que está a ser oferecido a eles agora é o que eles querem? Temos de dar-lhes competições emocionantes.»

Perante todas estas justificações, o presidente da Juventus diz-se favorável a competições europeias em «sistema suíço».

Isto significaria que 32 ou 36 equipas estariam divididas em grupos e jogariam dez partidas [sem defrontarem o mesmo adversário duas vezes, cinco em casa e cinco fora]. Porém, a pontuação seria global [como sucede com as divisões dentro de conferências nos desportos dos EUA] e os 16 primeiros classificados qualificavam-se para os oitavos, disputados ao estilo norte-americano: o primeiro frente ao 16.º, o segundo frente ao 15.º e assim sucessivamente.

«Se olharmos para as cinco principais ligas europeias, há 1.826 partidas todos os anos contra apenas 125 na Champions League», rematou Agnelli, sob o argumento de uma abordagem «mais qualitativa do que quantitativa» das competições.

Refira-se que a intenção da criação de uma Superliga Europeia levou a que a FIFA e as confederações que a compõem, entre as quais a UEFA, tomassem uma posição de força sobre o assunto, fazendo com que a ideia perdesse força.