Angola entrou na CAN 2019 pela porta grande, impondo um empate à favorita Tunísia num jogo em que até esteve perto de ganhar. Os palancas entraram bem no jogo, acusaram a grande penalidade sofrida ainda na primeira parte, mas depois reagiram muito bem no segundo tempo em que o selecionador Srdjan Vasiljevic arriscou tudo, chamando inclusive Gelson Dala, que supostamente estava lesionado, à contenda. Sob a batuta do capitão Mateus, destacaram-se ainda Fredy, Herenilson, Geraldo e, acima de todos, Djalma Campos. Na oitava participação dos palancas numa fase final, Angola somou o quinto empate no jogo de abertura.

Confira a FICHA DO JOGO

As Águias de Cartago entraram em campo com o estatuto de segunda seleção do ranking africano e como uma das favoritas a vencer a presente edição da CAN 2019, mas a verdade é que encontraram uma Angola muito bem organizada em campo e, até ao primeiro golo, chegaram a passar por alguns calafrios.

Os tunisinos, com mais posse de bola, procuraram assumir a iniciativa desde o início do jogo, trocando a bola sem pressa, à espera de um erro dos palancas para invadir a área de Tony Cabaça, mas Angola, inicialmente fechada no seu meio-campo, susteve as primeiras investidas dos tunisinos e foi ganhando confiança para ir, metro a metro, conquistando terreno.

Por volta dos vinte minutos, o cenário inicial estava completamente invertido. A Tunísia continuava a ter mais bola, mas os angolanos eram bem mais expeditos em chegar à frente e rematavam com facilidade fora da área. Bruno Gaspar e Paizo subiam à vontade pelos corredores, permitindo a Wilson Eduardo e Djalma Campos procurarem espaços mais interiores, onde Mateus também procurava desequilíbrios.

Seguiram-se uma série de remates dos angolanos, quase todos fora da área. Herenilson, jovem médio do Petro de Luanda, começou as hostilidades, Djalma seguiu-lhe o exemplo e Wilson Eduardo esteve mesmo muito perto de marcar. Grande passe de Stélvio do meio-campo a solicitar a entrada do avançado do Sp. Braga que, já no interior da área, procurou bater colocado, com a bola a passar muito perto do poste. Era o melhor momento dos palancas que, nesta altura, tinham bem mais remates do que os inofensivos tunisinos.

No entanto, a maior experiência da Tunísia, com muitos jogadores que atuam na liga francesa, acabou por vir ao de cima, numa transição rápida. Msakni destacou Naïm Sliti na área e, quando o avançado do Dijon armava o remate, foi derrubado por uma entrada imprudente de Paizo. Na marca dos onze metros, Msakni atirou a contar. Angola acusou o golo, perdeu o equilíbrio, perdeu bola, perdeu profundidade e permitiu que o jogo se arrastasse até ao intervalo, novamente com a Tunísia no controlo.

Vasiljevic não esperou muito mais e arriscou logo quase tudo no início da segunda parte, com duas substituições de uma assentada, prescindindo de Stélvio e Wilson Eduardo para lançar Geraldo e Gelson Dala. O avançado do Sporting que na época passada brilhou no Rio Ave estava em dúvida para este jogo, depois de se ter lesionado no treino de sexta-feira, mas afinal foi a jogo. Bluff do selecionador?

Angola ganhou desde logo velocidade, com Gelson Dala a encostar-se à esquerda e Geraldo, experiente avançado do Al Ahly, a juntar-se a Mateus no ataque e a cair muitas vezes sobre a direita. Angola cresceu a olhos vistos diante de uma Tunísia que continuava a jogar com um ritmo baixo, à espera de novo erro dos palancas para matar o jogo.

No entanto, os palancas levavam persistentemente o jogo para o campo tunisino, explorando muito bem as alas, agora com Fredy mais recuado a dar cartas na zona central, ao lado do jovem Herenilson. Curiosamente, no momento em que a Tunísia reclamou uma nova grande penalidade, o árbitro nada assinalou e Angola respondeu com o empate.

Mais uma transição rápida, com Mateus a rematar forte à entrada da área para uma defesa incompleta de Mustapha que deixou a bola à mercê de Djalma Campo que só teve de encostar. Um empate conquistado de forma totalmente meritória, pela forma como os angolanos inclinaram o jogo para a baliza da apática Tunísia.

Só depois do golo é que a Tunísia despertou ligeiramente, mas Angola, nesta altura, já transbordava confiança e até ameaçou virar o resultado, com destaque para um livre de Fredy, com Dany a chegar um tudo nada atrasado para a emenda.

A verdade é que é um excelente resultado para Angola que estreou-se no Suez, onde desemboca o Nilo, com um empate diante do favorito do grupo. Angola vai agora defrontar a Mauritânia, no sábado, antes de fechar as contas frente ao Mali de Marega e Diaby.