Senhoras e senhores, este é Jermaine Gumbs, o empertigado ponta-de-lança da Selecção Nacional de Anguilla. Tem 23 anos, joga no Binfield FC (um clube amador de Inglaterra) e adormece todos os dias a pensar no dia em que jogará no Campeonato do Mundo. Sim, apesar de ser internacional por um dos cinco piores países do ranking FIFA, Jermaine destila confiança.

Em entrevista ao Maisfutebol, o avançado afirma ter confiança no futuro. «Sinto-me o líder da selecção de Anguilla, sou um goleador. Honestamente, temos apenas quatro jogadores suficientemente bons para alinhar na Premier League ou noutro bom campeonato da Europa. Gostava de jogar em Portugal, por exemplo», questiona Gumbs.

Aqui fica, então, a auto-definição do matador de Anguilla. «Sou rápido, tenho força e remato bem. Mas também gosto de fintar e ter a bola nos pés.» Jermaine só não veste a camisola nove porque o primo Roy não deixa . «Ele tem 39 anos, temos de respeitar os mais velhos. Mas sou o dez. Também gosto do número.»

Jermaine Gumbs esteve presente nos últimos três jogos da selecção mas, lá está, andou sempre divorciado dos golos e das área adversárias. «Fomos goleados duas vezes por El Salvador, 12-0 e 4-0, e perdemos 3-1 contra S. Vicente e Grenadinas. Nesse jogo já fiz dois remates, mas ainda não consegui qualquer golo», lamenta.

Um estádio a nascer em constante sobressalto

Jermaine Gumbs nasceu em Inglaterra, mas é filho de um natural de Anguilla. Durante a infância e a adolescência visitava uma vez por ano a ilha do Caribe. Apaixonado por futebol, começou a ser disputado nos últimos anos por duas federações, como orgulhosamente nos explica.

«O meu pai é também cidadão de St. Kitts e Nevis. Mas eu optei por Anguilla, porque sabia que nesta selecção tenho oportunidade de jogar sempre. Adoro o país. As pessoas são muito relaxadas, há praias e paisagens muito belas, boa comida e excelente vinho. O mundo merece saber mais sobre Anguilla.»

A natureza foi generosa com Anguilla, mas o Homem parece estar demasiado acomodado àquilo que o planeta lhe dá. «Há pouco investimento. O campeonato local é uma espécie de torneio entre amigos. Os jogos disputam-se nuns campos horríveis e treina-se muito mal (ver vídeo). Mas agora está a ser construído um bom estádio», adverte Jermaine Gumbs.

O estádio está, de facto, a ser erigido há três anos mas o projecto ainda não foi concluído e tem sofrido constantes atrasos.

Filipe Morais, o amigo português

A dada altura da conversa, Jermaine Gumbs lembra-se de um pormenor interessante: tem um amigo português. «Sim, sou amigo do Filipe Morais, que joga na Escócia, no Saint Johnstone. Conhecemo-nos num torneio de futebol, quando vivíamos os dois em Slough. É um bom jogador.»

Dado o recado, a última mensagem chega carregada de esperança. Jermaine acredita piamente que os resultados de Anguilla vão melhorar. «Se a federação apostar em jogadores que actuam fora do país, tudo vai correr bem. Temos vários atletas em Inglaterra com ligações genéticas a Anguilla. Frente a El Salvador, uma selecção forte, já demos luta no segundo jogo. Fiquem atentos aos nossos resultados.»

Veja o video de um treino em Anguilla: