Anguilla: entrar no Guinness de braço dado com o «Kaiser»

A selecção de Anguilla está habituada a ser olhada com desdém. Afinal, é uma das cinco piores do mundo e, aparentemente, pouco tem a dar ao planeta desportivo. Aparentemente. Apesar da pobreza qualitativa, da limitadíssima matéria-prima e do desinteresse de grande parte da sua população pelo futebol, esta equipa ainda consegue ter tempo para actos de altruísmo.
Neste caso, acedeu participar num evento que acabou estampado nas páginas do Guinness-Livro dos Recordes. Tudo aconteceu a 29 de Maio de 2006. A convite da Câmara Municipal de Bad Neustadt, a selecção de Anguilla deslocou-se à Alemanha e foi recebida com pompa e circunstância.
A cidade engalanou-se e estendeu uma passadeira vermelha com 2,3 kms de comprimento! Sim, foi esse o recorde registado pelo Guinness. A Selecção Nacional de Anguilla pisou a mais longa passadeira vermelha de sempre.
Ora, perante esta história, narrada ao Maisfutebol pelo presidente da federação de Anguilla, Raymond Guishard, uma pergunta impunha-se: porquê a selecção de Anguilla?
«Bem, também nós ficámos muito surpreendidos com o convite na altura. Eles desafiaram-nos a participar nessa cerimónia única e a realizar duas partidas amigáveis. Creio que o principal motivo foi a existência de uma grande comunidade de emigrantes de Anguilla nessa zona da Alemanha. Nesse dia festejou-se o 39º aniversário da independência do nosso país e a câmara de Bad Neustadt teve a simpatia de juntar tudo.»
Tal como está supracitado, a viagem teve laivos altruístas. Raymond Guishard explica porquê. «Honestamente, a minha primeira reacção foi recusar o convite. Pareceu-me impossível reunir toda a comitiva, pessoas com outros trabalhos e compromissos. Foi cansativo, esgotante, mas lá fizemos a vontade aos alemães», partilha, entre gargalhadas, o responsável pelo futebol de Anguilla.
Na mesma ocasião, os Guerreiros Arco-Íris, como ficaram conhecidos, tiveram a honra de conhecer Franz Beckenbauer. «Para mim esse foi o momento mais alto de toda a história do futebol de Anguilla. Nunca esquecerei que caminhei com ele sobre aquele tapete vermelho.»