Foram cerca de 38 horas e 40 minutos de espera. Uma espera organizadamente planeada. Seriam cerca das 23 horas de segunda-feira quando o filho acampou à porta das bilheteiras das Antas, um gesto que estaria longe de imaginar poder ser repetido por tantos milhares de pessoas. Pelas 9 horas da manhã seguinte chegou a esposa, mãe do rapaz, que o substituiu na guarda do primeiro lugar da fila. Pelas 17 horas de ontem, a mãe da família Vilela, de Castelo de Paiva, deu lugar ao marido José, que teve o prazer de, faltavam vinte minutos para as quinze horas desta quarta-feira, ser o primeiro sócio portista a adquirir bilhete para a final de Sevilha.
Dois bilhetes, aliás - «um para mim e outro para a minha mulher», referiu - adquiridos sob a supervisão de Reinaldo Teles, o administrador portista, e selados com um abraço a Antero Henriques, o Director das Relações Externas da SAD do F.C. Porto. Na hora de falar aos jornalistas, concluída a épica maratona por um ingresso para Sevilha, o comerciante, sócio número 24 381, repetia apenas que «valeu a pena». «Fiz o possível e o impossível por estar aqui e esta é uma das maiores alegrias da minha vida», confidenciou depois de quebrado o choque inicial provocado por tantas câmaras.
A alegria desencadeada pela aquisição dos bilhetes era tal que José Vilela sublinhou logo, para todo o país, não estar à venda. «Podiam oferecer-me mil contos por cada um que eu não vendia nenhum», frisou. Quer estar em Sevilha e reviver outra grande alegria - «essa sim, a maior da minha vida», revelou -, quando o F.C. Porto venceu a Taça dos Clubes Campões Europeus. «Tive a felicidade de acompanhar o jogo no estádio do Pratter e é algo inexplicável». Dia 21, em Sevilha, só concebe outra alegria igual. «Estou mais do que esperançado. Tenho quase a certeza que vamos ganhar a Taça UEFA». Pelo caminho, lamenta não poder levar também o filho nas mini-férias de três dias percorridas em carro próprio até Sevilha, com passagem ainda pelo Algarve. «Não pode. Está em tempo de aulas», justificou. «Mas de certeza que terá ainda muitas mais finais para ir».
Para já, José Vilela só sonha com «um bom banho» e uma cama à sua espera. «Agora vou descansar», despede-se. Bem merece.