O presidente da Mesa da Assembleia geral do Benfica, Tinoco Faria, confirmou esta quinta-feira estar na posse de um dossier relativo ao processo «Apito Dourado» que lhe foi entregue pelo presidente da direcção, Luís Filipe Vieira, e que o clube vai entregar à Procuradoria Geral da República. No dossier «verifica-se que há um conjunto de documentos que indiciam graves ilícitos desportivos e criminais de vários agentes», afirmou Tinoco Faria em entrevista à TVI exigindo em seguida a reacção da FPF e da Liga na comunicação do caso às instâncias desportivas.
«Há peças do dossier que constituem partes de processos jurídicos, uns em curso outros arquivados, mas todos relativos ao [processo] Apito Dourado», contou Tinoco Faria acrescentando que «o Benfica considera que deve entregar à Procuradoria Geral de República [o dossier], o que vai fazer imediatamente para que esta dê o destino e o tratamento que achar pertinente». «O Benfica tem a obrigação de fazer a entrega dada a natureza dos documentos», frisou o dirigente mas sem querer adiantar pormenores em concreto sobre factos ou pessoas, pois alguns dos documentos são relativos a processos ainda em segredo de justiça.
«FPF e Liga devem constituir-se assistentes nos processos»
Tinoco Faria adiantou, porém que «simultaneamente e com base em notícias que têm sido veiculadas [nos últimos dias], o Benfica vai tirar as consequências que entende já ser possível tirar: há indícios de práticas lesivas da ética desportiva, do fair-play e transparência na Liga na Liga de Honra e na II Divisão B». O presidente da Mesa da Assembleia Geral dos encarnados promete assim «reclamar das instâncias desportivas FPF e Liga que façam o que já deviam ter feito: constituírem-se assistentes nos processos».
«O Benfica far-se-á assistente [do processo] quando tiver legitimidade», explicou Tinoco Faria em relação aos casos em que os encarnados possam considerar-se directamente prejudicados, mas destacando que «quando não tiver [legitimidade] que sejam as entidades competentes a fazê-lo» frisando que é «o que já deviam ter feito».
«Maioria dos clubes está connosco»
Com a FPF e a Liga como alvos muito concretos, Tinoco Faria sublinhou que «quando há notícias de presumíveis irregularidades há o dever funcional de agir para defesa da ética desportiva e da transparência no futebol». «Não se pode olhar e não fazer nada», acentuou o dirigente do clube da Luz que, mesmo desconhecendo o que foi arquivado ou o número de suspeitos concluiu que «mesmo os casos criminalmente arquivados podem ser objecto da justiça desportiva no âmbito de infracções disciplinares».
Tinoco Faria exigiu assim que «a FPF e a Liga tomem conhecimento dos autos, requeiram as certidões e participem às instâncias desportivas os indícios que é preciso investigar». «Que remédio têm eles se não fazê-lo», sentenciou o presidente da Mesa da Assembleia Geral dos encarnados, pois, garantiu «há indício de conluios reiterados e de violação da ética». E mesmo que as instâncias visadas não façam o que exigiu, Tinoco Faria garantiu que o clube da Luz não parará: «Se mais ninguém se mexer vai mexer-se o Benfica. A maioria dos clubes está connosco.»