«Não vai demorar muito, pois não? É que temos agora mesmo um almoço de amigos», perguntou Nuno Morais, um dos quatro portugueses do APOEL, um dos responsáveis pelo momento único da equipa cipriota no futebol europeu, nesta quinta-feira, em conversa com o Maisfutebol.

O dia seguinte à vitória sobre o Lyon prossegue à mesa, em Nicósia, na companhia de Paulo Jorge, Hélio Pinto, Hélder Sousa, mas também de Manduca, outro dos heróis do apuramento. Todos juntos em busca de uma confirmação: não foi um sonho.

«Acho que ainda não caí em mim. É um momento pelo qual ninguém esperava. Todos achavam que o APOEL ia ser logo eliminado, mas sempre acreditámos no nosso valor e, por isso, chegámos onde chegámos. Estamos muito orgulhosos», assumiu Nuno Morais.

Tudo menos Barcelona

Depois de Manduca ter empatado a eliminatória logo aos oito minutos e de 120 minutos de igualdade, a vitória foi decidida nas grandes penalidades. Nuno Morais foi o segundo a marcar, depois do colega Aílton e logo a seguir a Lisandro. Não falhou.

«Foi uma mistura de emoções. Era um momento crucial, que decidia o jogo, que podia ser um feito histórico, mas Deus deu-me tranquilidade naquele momento. Foi bom ter marcado, mas se todos não tivessem trabalhado nesse sentido, se o Manduca não tivesse marcado o golo, não teríamos chegado até ali. Estivemos bastante concentrados, sabíamos que ia ser muito difícil, mas acreditávamos que podia acontecer»», lembrou o médio.

E aconteceu. Para surpresa de muitos, mas também do próprio APOEL. «Chegar aqui é algo que ninguém pensava e nós chegámos», disse Nuno Morais. «As pessoas olham para o APOEL de outra forma nos últimos dois anos, já não como aquela equipa de terceiro mundo, penso que já ganhámos muito respeito», defendeu.

Mas é um trajeto sem ilusões. No APOEL ninguém dá um passo maior e é com expectativa que aguardam pelo sorteio. «Se pudesse, evitava o Barcelona, que é uma equipa do outro mundo. Mas também não temos o direito de escolher. Qualquer equipa que defrontemos será favorita. O Benfica? É uma possibilidade e, para mim, é indiferente.»

«Todos querem o APOEL»

Paulo Jorge, outro habitual titular do APOEL, não precisou abrir o jornal para confirmar o feito da véspera, mas... quase. «Estou feliz, mas ainda não sei se é verdade ou mentira. É um orgulho enorme. O nosso objetivo era passar a fase de grupos, agora é desfrutar jogo a jogo e quem sabe se não passamos mais uma ronda. Vai ser difícil, mas até aqui também era difícil», argumentou, em conversa com o Maisfutebol.

Tal como Nuno Morais, também o defesa ex-Sp. Braga espera evitar o Real Madrid ou o Barcelona, «gostava do Milan», considera o «Benfica difícil», mas não tem dúvidas de que o APOEL será o adversário mais desejado.

«Todos querem o APOEL, que é teoricamente mais fraco. O Marselha, por exemplo, antes do sorteio dos oitavos disse que queria o APOEL. Vamos trabalhar e dar lutar a quem vier. Se estamos nos quartos é com mérito. Pode ser que joguem mais descontraídos, por pensarem que somos fracos», desejou.

O que não corresponde à verdade, para Paulo Jorge. «Acreditamos no nosso valor, temos uma boa equipa e o segredo é esse mesmo. Temos jogadores de qualidade, mas o plantel é muito forte e unido», defendeu. «Estamos de parabéns», reiterou.