O FC Porto apresentou-se neste sábado sob o lema a Constelação do Dragão. Teve como prato forte uma vitória frente ao Villarreal, com mais um golo de André Silva (1-0), mas deixou igualmente sinais importantes para o futuro.

Os adeptos lotaram o recinto e renovaram esperanças. Viram estrelas que admiram e estrelas cadentes. Perceberam que Martins Indi não fará parte do plantel, que Sérgio Oliveira ainda conta e que André Silva é o novo 10, com plenas condições para fazer bem melhor que o seu antecessor com o número simbólico: Dani Osvaldo.

A numeração não esconde a realidade: há espaço para um 4 e um 9. Aliás, Vincent Aboubakar deixou de vestir essa camisola e passou para um longínquo 26. Esperam-se novas estrelas nesta Constelação, sobretudo um central e o avançado.

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O espetáculo de apresentação teve outros momentos de interesse, como a entrada em cena de uma nova mascote, mais uma vez em torno da ideia forte para a época 2016/17. O FC Porto passa a ter um Draco.

Foi bonita a festa, sim senhor, mas ficam para trás anos de inusitado fracasso desportivo e os adeptos desesperam por boas novas. Nuno Espírito Santo regressou ao clube para transmitir sentimento e rumo. Que tenha argumentos para tal.

O sucessor de José Peseiro já esboça aliás o novo FC Porto, deixando de parte figuras como Miguel Layún, Yacine Brahimi e Vincent Aboubakar (estes dois nem saíram do banco). Para além de Felipe, apontado desde logo ao onze, o técnico vai dando confiança a Alex Telles e liberta o talento de Otávio.

Regressado de Guimarães, Otávio é o ponto de desequilíbrio deste novo Dragão, a técnica e o improviso, a coragem e a malandrice em campo. Seria essa a fórmula para o golo frente ao Villarreal. Ao 13º minuto de jogo, o brasileiro dominou com o ombro (braço?) e fugiu a Ndiaye. Dominou e cruzou em cima (ou para lá?) da linha de fundo. Novo festejo de André Silva.

Otávio e Silva, Silva e Otávio. O avançado chegou aos oito golos em oito jogos de pré-época e foi o mais saudado pelos adeptos no momento da apresentação. São as grandes esperanças para o futuro do FC Porto.

Não falta talento a estes jovens, mas André Silva e Otávio tem 20 e 21 anos, respetivamente. Precisam de espaço e tempo para afirmação plena e uma estrutura forte em seu redor. No terreno de jogo. Corona, também ele relativamente novo (23 anos) mostrou pouco esta noite.

André André tem alma para jogar nas costas do avançado, partilhando despesas com os extremos, mas prender Hector Herrera ao lado de Danilo Pereira parece contraproducente, face às caraterísticas do mexicano. Felipe e Marcano denotaram acerto, Maxi e Alex Telles cumpriram sem deslumbrar, Iker Casillas só tremeu com os pés. Aqui nada de novo. Deveria evitar riscos.

A melhor oportunidade do Villarreal surgiria precisamente após um erro de Casillas, ao procurar devolver uma bola a Alex Telles. O passe saiu mal, a formação espanhola recuperou perto da área e seria Alexandre Pato – estreia do sonante reforço – a atirar ao lado em excelente posição.

Pelo meio o FC Porto foi globalmente melhor, sem forçar, e esteve perto do segundo logo após o intervalo, num belo desenho do trio mais ofensivo. Otávio abriu para Jesus Corona na direita, o extremo cruzou rasteiro para André Silva mas desta vez o português falou.

Pouco mais há a contar sobre o jogo em si, que se transfigurou com a habitual dança das substituições. Sobram indícios dessa rotação, em que apenas dois jogadores de campo que ficaram a tempo inteiro do banco de suplentes – Yacine Brahimi e Vincent Aboubakar.

Como em todas as constelações, há estrelas que vemos, que ainda têm brilho mas já não estão verdadeiramente lá. Será realidade ou ficção?

O mercado irá ditar leis, sabendo-se que o FC Porto anunciou um prejuízo de 37,9 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2015/16 e precisará de encaixes significativos para reequilibrar contas e fechar o plantel. Espera-se um verão quente até final de agosto.