O árbitro Fábio Veríssimo terminou as duas semanas de quarentena sem quaisquer sintomas de Covid-19, depois de ter estado em Itália para dirigir um jogo da UEFA Youth League de futebol, a 9 de março.

«Como tínhamos vindo de uma região com muitos casos, entrámos em quarentena no dia 11, como atitude de autodefesa e proteção dos outros», disse Veríssimo.

«Fiquei sozinho em casa, em isolamento social, sem a minha família, que ficou noutra casa. Nunca tive nenhum sintoma. Ontem fui autorizado a voltar para junto da minha família. Continuo a sentir-me bem, sem nenhum sintoma. O mesmo acontece com o Pedro Mota e o Pedro Martins», afirmou à Lusa.

O árbitro de 37 anos assumiu que «só saía para ir fazer uma corrida de vez em quando» e «sem ninguém por perto», durante este período.

«O que me custou mais nestes 15 dias em casa foi não poder ter a minha mulher e os meus filhos comigo. Falava com eles todos os dias, mas não é a mesma coisa. Nos primeiros dias, antes de ser decretado o estado de emergência, custava-me ver as pessoas na rua e eu ter de ficar em casa», referiu, para depois acrescentar: «Aproveitei para arrumar algumas coisas, ver televisão, treinar da maneira possível e dedicar tempo à arbitragem.»

Fábio Veríssimo contou depois como conseguiu chegar a Portugal, numa altura em que as fronteiras na Europa iam sendo fechadas.

«Como tínhamos recebido a notícia de que Portugal ia fechar os voos vindos de Itália, decidimos alugar um carro no aeroporto de Turim, que nos levou até Genebra, na Suíça. Ficámos lá a dormir e no dia seguinte regressámos a Portugal. Íamos com receio de encontrar as fronteiras fechadas, ou que a polícia nos barrasse a passagem por ver que o carro tinha matrícula italiana. Soubemos no dia seguinte que a Suíça fechou a fronteira poucas horas depois», lembrou.

Ainda em Itália, Veríssimo viu que «o comércio estava quase todo fechado e havia muito pouca gente na rua».

O hotel em que estava hospedado estava «a funcionar normalmente, com as precauções naturais, mas na farmácia ao lado as pessoas eram atendidas na rua e faziam fila com muito espaço entre elas, «tal como no café, que só podia ter duas pessoas lá dentro ao mesmo tempo».

Um cenário que vê agora em Portugal, mas que para o árbitro era «estranho naquela altura».

De resto, o juiz português tenta manter-se ativo. «Estou a cumprir um plano de treino físico que é semanalmente enviado pelo preparador físico, que, basicamente, tem treinos com maior ou menor intensidade, dependendo dos dias, e apenas um dia de folga. Em relação ao trabalho teórico, sigo o plano que foi elaborado pelo Conselho de Arbitragem. Temos tido sessões por videoconferência e fazemos trabalhos de grupo. Esta semana o trabalho foi sobre a bola na mão e a mão na bola», concluiu.