«Erro histórico». É assim que Pedro Henriques, antigo árbitro e comentador da TVI, classifica o possível regresso ao sorteio como sistema de escolha dos árbitros.
 
Em conversa com o Maisfutebol, Pedro Henriques lembra: «Em 2001, quando cheguei à primeira categoria, ainda apanhei o sorteio. E posso dizer que à sétima ou oitava jornada, havia jogos que só tinham duas ou três hipóteses, por causa das condicionantes».
 
Pedro Henriques fala do sorteio como «sistema nefasto e injusto» para os árbitros: «As pessoas dizem que todos os jogos são igualmente difíceis, mas não é verdade. Há graus de dificuldade muito diferentes. E o problema é que com o sorteio surgem alturas em que para os jogos mais difíceis já não vão estar disponíveis os melhores árbitros. No meu tempo era assim: não eram os Artur Soares Dias e Jorge Sousa da época que eram sorteados para os jogos de maior dificuldade…»
 
«Por causa do sorteio», acusa Pedro Henriques, «árbitros como o Paulo Baptista e o Bruno Paixão ficaram com a carreira prejudicada. O Bruno Paixão por aquele Campomaiorense-FC Porto, nunca mais se livrou… E um árbitro deve ser protegido disso».
 

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«Nenhum treinador sorteia os seus jogadores»
 
«Os jogos não são todos iguais, os árbitros não são todos iguais. Como os jogadores também não. Nenhum treinador escolhe os seus jogadores por sorteio, pois não?», aponta Pedro Henriques.
 
«Não é a mesma coisa dirigir um Benfica-Sporting com 40 mil espetadores ou uma partida com dois mil. Dou um exemplo: dirigi um FC Porto-Sporting e só tive que dar um amarelo a 15 minutos do fim porque nessa altura os jogadores reconheciam a minha autoridade. Se fosse um puto que estivesse a começar, se calhar tinha que distribuir cartões para se impor. O sorteio não prevê essas situações, tem que ser quem nomeia a fazê-lo», insiste.
 
Para Pedro Henriques, «nenhum sistema é perfeito, mas mas a nomeação é menos imperfeita que o sorteio».
 
«Daqui a um ano estamos a voltar às nomeações»
 
O comentador da TVI faz uma previsão, em declarações ao Maisfutebol: «Se por acaso o sorteio passar na FPF, o que me parece improvável, mas se passar, aposto que daqui a um ano, quando houver outro Conselho de Arbitragem, os clubes estão a aprovar outra vez o regresso às nomeações».
 
Pedro Henriques espera que «o sorteio não passe», mas aponta: «Caso passe, acho que Vítor Pereira deve colocar o seu lugar à disposição, porque isso vai contra tudo em que acredita. Que fique claro: na minha opinião, o Vítor Pereira é o melhor presidente que o CA já teve, pelo menos dos últimos 20/30 anos. Mas caso o sorteio passe, ele vai ter que tirar conclusões. No lugar dele, e nesse caso, demitia-me».
 
«Sorteio não é compatível com processo justo de classificações»
 
Sobre a questão das classificações, Pedro Henriques defende que «é fundamental que quem nomeia, neste caso o presidente do Conselho de Arbitragem, as conheça ao longo da época, para evitar situações como a que aconteceu com o Marco Ferreira, que foi o árbitro da final da Taça e acabou por descer».
 
E vai mais longe: «As classificações devem ser tornadas públicas, para que o processo seja o mais transparente possível. Quando me dizem: ‘Ah, mas como é que se nomeia quem está em último, os clubes vão protestar…’, isso tem tudo a ver com a capacidade de quem nomeia de defender os árbitros, de lidar com essas críticas».
 
Pedro Henriques é claro: «O sorteio não permite um sistema justo de classificações. Ao contrário do que as pessoas pensam, o mais importante nas classificações não é a historia do 3,4 ou 3,1. Isso decorre do coeficiente do observador, isso sim é que é importante. Há graus de dificuldade diferente para os jogos. Com o sorteio, pode acontecer que haja árbitros que dirijam vários jogos com grau elevado, outros que nunca têm essa possibilidade. Tudo isso fica viciado com o sorteio».
 
Pedro Henriques encerra o seu caso anti-sorteio com esta frase forte: «A partir de determinada altura, é mais fácil adivinhar quem vai apitar um jogo com o sorteio do que com a nomeação direta. Não faz sentido».


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