A APAF (Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol) assume, em comunicado, que discorda da forma como foi gerida a situação de Fábio Veríssimo, que após ter sido VAR no FC Porto-Benfica da Taça da Liga decidiu apresentar um pedido de dispensa temporária ao Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, que o aceitou.

«Apesar de poder não compreender e não concordar, [a APAF] não pretende interferir na gestão efetuada ao caso», refere o comunicado do organismo liderado por Luciano Gonçalves.

A APAF considera que a «final four» da Taça da Liga «revelou-se mais um momento em que o elo mais fraco do jogo é julgado por tudo e por todos».

«Não podemos é, de forma alguma, aceitar a forma como o Fábio foi quase “crucificado” por parte de pessoas com responsabilidade no Futebol Nacional e que não imaginam a pressão de ter de decidir em frações de segundo, mesmo na função de VAR», acrescenta ainda o comunicado.

Leia o documento na íntegra:

A Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) não pode deixar de repudiar e condenar o conjunto de declarações, apreciações e verdadeiras ofensas que têm sido levianamente proferidas pelos mais variados agentes desportivos ao longo dos últimos dias, indo para tal, agir em conformidade, por forma a apurar e exigir responsabilidades.

A Final Four, que deveria ser considerada um momento de festa para o Futebol Português, revelou-se mais um momento em que o elo mais fraco do jogo é julgado por tudo e todos.

A Associação não pretende defender o indefensável, mas não pode deixar de estar ao lado dos seus, pois acreditem que um erro para um Árbitro tem um custo bastante diferente do que aquele que pode ter para qualquer outro ser humano.

Um Árbitro sabe que um erro cometido pode originar penalizações, pode definir o seu futuro a nível de carreira ou financeiro, mas é algo assumido como sendo regra do jogo quando iniciam esta nobre atividade.

Mas há algo que a APAF, enquanto Associação de Classe, não pode aceitar é que o Árbitro, o elo mais fraco do jogo, seja o culpado de todas as derrotas.

Jogos em que jogadores e treinadores também erraram, mas é mais fácil apontar o erro ao Árbitro, que em frações de segundos, tem de decidir. Hoje em dia, com uma preciosa ajuda, o VAR, Projeto que nos últimos dias tem sido constantemente questionado e criticado. Não podemos deixar de relembrar que antes do recurso à tecnologia, na qual continuamos a acreditar, já esta tipologia de discurso existia.

O VAR tem de ser encarado como um recurso com o claro objetivo de ajudar a tarefa do Árbitro, mas não pode ser encarado como a solução milagrosa que muitos pretendem que seja.

Sobre o Árbitro e nosso Associado Fábio Veríssimo, a quem já foi disponibilizado todo o apoio por parte da Associação, no que diz respeito à decisão tomada pelo próprio, em conjunto com o Conselho de Arbitragem, de solicitação de dispensa temporária, a APAF, apesar de poder não compreender e não concordar, não pretende interferir na gestão efetuada ao caso.

Não podemos é, de forma alguma, aceitar a forma como o Fábio foi quase “crucificado” por parte de pessoas com responsabilidade no Futebol Nacional e que não imaginam a pressão de ter de decidir em frações de segundo, mesmo na função de VAR.

Nunca deixaremos que a Arbitragem seja o bode expiatório para justificar o insucesso de outros, e ceda a comentários ou pressões de Dirigentes.

Mais uma vez, infelizmente, fala-se de Arbitragem quando poderíamos estar a falar de dois grandes jogos de futebol.

A APAF, como sempre, pretende estar do lado da solução e, por isso, apresenta a sua total disponibilidade para, em local próprio, efetivamente e sem qualquer tipo de filtro, proceder à reflexão que todos, Presidentes, Treinadores, Jogadores e Árbitros, defendem para o Futebol Português.

Fica o desafio!

Luciano Gonçalves

Presidente da Direção