Parece escrito nos astros: Maradona tem de cruzar-se com a Alemanha. No México-86 ganhou, no Itália-90 perdeu, à terceira chega o tira-teimas que não vai permitir mais equilíbrios. Desta vez defronta os alemães no banco, mas como nas finais que jogou em campo volta a ser a figura de maior destaque dentro do jogo.

Tevez, figura de jogo... e a dobrar (destaques)

Curiosamente o embate entre Argentina e Alemanha podia estar escrito, mas de certeza por linhas travessas. No centro do vulcão estão os árbitros: duas decisões polémicas permitiram este desfecho. Primeiro não validaram um golo claro da Inglaterra, depois deixaram a Argentina inaugurar o marcador em fora-de-jogo.

O golo de Tevez, pelo menos um metro à frente do penúltimo defesa mexicano, mudou por completo a face do jogo. Fê-lo antes de mais porque atirou a Argentina para a frente do marcador quando a selecção de Maradona estava a sentir enormes dificuldades para criar perigo. Mas fê-lo também porque desorientou os mexicanos.

Veja a ficha e as notas dadas aos jogadores

Desorientou-os depois de um erro técnico ter mostrado a todo o estádio, com um gráfico muito bonito, que Tevez estava fora-de-jogo. Os jogos são transmitidos nos ecrãs do estádio, mas as repetições não. Correu mal. Aguirre lamentou, os jogadores atiraram-se para cima do assistente e o México, esse, não voltou a ser igual.

Agora sim, finalmente a Argentina

Curiosamente, até esse primeiro golo de Tevez, era o México que estava por cima. A selecção de Aguirre tinha menos bola, mas era mais pragmática: defendia atrás da linha da bola com segurança e saía rápida para o ataque: Salcido atirou com estrondo à trave, Guardado rematou logo a seguir a centímetros do poste.

Estará Messi a guardar os golos para a final? «Não sei, vamos ver»

A Argentina assumia a posse de bola mas sem resultados visíveis. O golo de Tevez mudou tudo, como se disse. O que mancha o jogo e mancha outra vez o Mundial, num domingo negro para o futebol. Foi por isso com o jogo manchado que a Argentina partiu para cerca de uma hora de bom futebol e... golos legais.

Tévez: «Nem me apercebi que estava em fora-de-jogo»

Começou por fazê-lo quando Higuaín aproveitou um erro de Osório para fazer o quarto golo neste Mundial, o segundo da Argentina no jogo. A partir daí o México caiu. De cabeça perdida e sem conseguir manter a consistência que apresentara até então, permitiu que o adversário fosse melhor e esperou pelo intervalo.

Um grande golo, para fechar as contas

Ora o intervalo chegou mesmo, mas com mais confusão pelo meio. Vários jogadores entraram em empurrões e insultos junto ao banco do México e só a intervenção de Maradona serenou os ânimos. No regresso dos balneários, os mexicanos pareciam trazer as pulsações no ritmo certo. Durou muito pouco, porém.

Salcido ainda atirou forte e pouco ao lado, o que parecia indicar o relançamento do México no jogo, mas Tevez colocou um ponto final nas aspirações adversárias com um grande golo. Um golaço, aliás. Do meio da rua, um tiro ao ângulo. A Argentina voltava a marcar na altura certa e com uma boa dose de sorte arrumava o jogo.

O México voltou a acusar o toque e tudo o resto que fez no jogo foi em esforço. É certo que Salcido ainda ameaçou, Barrera quase marcou e Chicharito Hernández marcou mesmo, num remate de fúria. Mas o jogo já não tinha volta a dar. Segue em frente a Argentina, desta vez sem o encantamento de outros jogos.