Há pouco mais de 58 anos, o F.C. Porto defrontou pela primeira vez o Arsenal, adversário da próxima terça-feira em jogo a contar para a Liga dos Campeões. Vivia-se ainda o período do pós-guerra, quando os «gunners», considerados na altura a melhor equipa do mundo, se deslocaram à Cidade Invicta para fazer um amigável contra os azuis e brancos.
Para surpresa de muitos, talvez de todos, os dragões escaparam à humilhação anunciada e venceram por 3-2, numa partida jogada no antigo Estádio do Lima. O F.C. Porto tinha como treinador o argentino Eladio Vaschetto e os marcadores dos golos que selaram a histórica vitória foram Correia Dias (2) e Araújo. Aos 30 minutos, os portistas já venciam por 3-0 e depois¿ foi só resistir aos constantes bombardeamentos dos canhões de Londres.
Apesar do carácter amigável da contenda, o triunfo teve também um sabor especial porque foi conseguido pouco tempo após a selecção de Inglaterra ter esmagado por 10-0 a selecção portuguesa.
Vitória no Lima dá direito à aquisição do maior troféu do mundo
Já um ano depois da realização do inesquecível duelo com o Arsenal, alguns sócios do F.C. Porto entenderam perpetuar o feito através da feitura de um troféu. Decidiram chamá-lo Taça Arsenal e após uma subscrição pública a que centenas de simpatizantes aderiram, foi recolhido dinheiro suficiente para fazer do ceptro algo de¿ majestoso. Efectivamente, a taça foi constituída de duas peças monumentais; o relicário, que pesava 120 quilos (!) e media 2,80 metros, e no seu interior uma peça concebida em prata na sua totalidade.
No total, este grupo de associados despendeu 1.000 euros, ou seja, investiram 200 contos, na antiga moeda, no ano de 1949. Uma fortuna, está bom de ver. Registe-se que esta gigantesca peça ainda hoje pode ser vista no museu do F.C. Porto. Para finalizar, deixamos o nome dos seis sócios que avançaram para a subscrição pública e tornaram possível oferecer ao clube aquele que entrou no «guiness» por ser o maior troféu do mundo. Esses homens foram Eduardo Soares, José Moreira, Ivo Araújo, Manuel Ferreira, Elói da Silva e Torcato Plácido.