Arsène Wenger falou este domingo pela primeira vez desde que anunciou a saída do Arsenal. Na conferência de imprensa após a vitória frente ao West Ham, o treinador não evitou o tema do momento.

«É uma mistura de sentimentos. Sinto-me tocado por tudo o que recebi do futebol inglês e grato por ter tido esta experiência neste país. Isso é muito especial para mim. O futebol é especial, é paixão, e não se encontra em mais lado nenhum. Sei que não vou ter isso em mais lado nenhum na minha vida», afirmou o técnico.

«Senti-me um pouco como no meu funeral porque as pessoas falavam de mim, e eu estava aqui. Já não preciso de morrer, já sei como é. Sentido de humor à parte, quero agradecer a todos os que foram bons para mim. Certamente recebi mais elogios do que mereço e, às vezes, mais críticas do que mereço. Foi difícil, mas também fantástico», frisou.

Questionado sobre se foi a altura certa para sair, Wenger não quis responder. «Quero manter o foco, manter as prioridades até ao final da época. Falarei sobre isso um pouco mais tarde na minha vida». Ainda assim explicou que «o clube tem que se preparar para o futuro» e que não podia chegar a junho, sair, e dizer: «Agora façam o que quiserem».

Ainda assim, garantiu que não se sentiu aliviado com a saída e falou sobre o descontentamento dos adeptos. «Não estava cansado, mas pessoalmente penso que este clube é mais respeitado lá fora do que em Inglaterra. Os nossos adeptos não projetaram aquela imagem de união que quero que exista no clube. Isso magoou-me».

«Não guardo mágoa nem quero capas fazer manchetes estúpidas. Sinto apenas que os adeptos não estavam contentes e entendo isso, tenho que o respeitar», acrescentou.

«Estou feliz quando os adeptos estão felizes. Estou preparado para sofrer para os fazer felizes. Todas as decisões que tomei nestes 22 anos foram para bem do Arsenal. Mesmo quando foram decisões erradas, a minha prioridade era o bem do clube», disse ainda Wenger.

«Acredito que deixo um clube muito forte. Era esse o meu objetivo e dou oportunidade a quem vier depois de mim para fazer ainda melhor nos próximos 20 anos», frisou.

Sobre o seu sucessor, Wenger diz que o Arsenal precisa de «alguém muito mais forte em todos os aspetos».

E voltará a treinar em Inglaterra? «Seria emocionalmente difícil para mim. É difícil dizer nunca, mas, neste momento estou demasiado ligado a este clube para dizer que vou para outro lado. É muito difícil para mim», respondeu, garantindo que a saída não é total.

«Nunca deixarei completamente este clube. Estarei sempre ligado ao Arsenal. Não se dá 22 anos da vida assim. Dei os melhores anos da minha vida a este clube. Cheguei com 46 anos e trabalhei sete dias por semana. Não foram seis ou seis e meio. Foram sete, durante 22 anos. Não se pode simplesmente ir embora e dizer obrigado e adeusinho como se nada fosse. É impossível. Sei que tenho que enfrentar esse desafio, mas já tive outras dificuldades na vida, espero ultrapassar esta também», frisou o treinador francês, dizendo não saber ainda se vai continuar a treinar.

«Não quero falar muito e depois, daqui a seis meses, dizerem que vos menti. Neste momento não sei».

Questionado sobre se será uma desilusão se não vencer a Liga Europa, Wenger diz que a equipa vai «tentar». «Jogamos contra o Atlético Madrid e tudo por acontecer. Esperamos continuar a ter resultados positivos até ao fim e depois vemos onde chegamos».