Artur Moraes deve cumprir, no próximo domingo, o 100º jogo oficial pelo Benfica. O guarda-redes atinge esta marca importante numa altura em que atravessa um momento menos confiante, e frente ao V. Guimarães, adversário do final da Taça de Portugal, jogo em que esteve infeliz.

Foi por altura do traumático final de época que Artur começou a ouvir alguns assobios, entre críticas generalizadas a toda a equipa. O guarda-redes tem revelado alguma intranquilidade desde então, mas continua a merecer a confiança de Jorge Jesus. É assim desde 27 de julho de 2011, quando se estreou frente ao Trabzonspor.

Meia época a grande nível no Sp. Braga foi suficiente para convencer então o Benfica a avançar para a sua contratação. Embora «escaldados» com a desilusão que tinha sido Roberto Jiménez, os adeptos benfiquistas ficaram rapidamente rendidos ao denominado «Rei Artur».

O brasileiro até tinha a concorrência de Eduardo, mas foi a primeira opção de Jesus. Até hoje. Quase 26 meses depois da estreia chega ao centésimo jogo de águia ao peito. Frente ao Anderlecht voltou a ouvir alguns assobios mas manteve a baliza inviolável. Tal como na estreia.

O problema está na mente?

António Fidalgo considera que o momento menos feliz de Artur está associado à vertente psicológica. O antigo guarda-redes do Benfica defende que a qualidade do brasileiro está mais do que provada.

«Chegou ao Benfica rotulado de bom guarda-redes e comprovou isso desde início. Na primeira época foi um dos pilares da equipa. Na última época esteve um pouco aquém daquilo a que nos habituou. A reação do público não é estranha, pois vivem o jogo de forma emocional e não racional. Penso que este momento tem a ver com a componente mental, pois já provou que tem qualidade técnica», afirma Fidalgo, em conversa com o Maisfutebol.

O antigo guarda-redes diz que «por mais que Artur garanta que está tranquilo a linguagem corporal diz o contrário». «Principalmente quando joga com os pés. Viu-se isso contra o Anderlecht. Não era exímio a jogar com os pés, mas agora complica mais», acrescenta o comentador.

Perante este cenário, Fidalgo diz que «terá de ser Artur a resolver o problema, com ou sem ajuda». «Não é antes um problema, antes um desafio», corrige. «Um guarda-redes não pode estar intranquilo, pois isso passa para a equipa. A motivação, serenidade, autoestima e confiança devem estar sempre a nível elevados. Não se pode deixar afetar pelos assobios», aconselha.

Fidalgo defende, em jeito de conclusão, que Artur «já mostrou nas épocas anteriores que é guarda-redes para o Benfica», e lembra até que o brasileiro «foi muito elogiado pela massa associativa». «Isso diz que a qualidade está lá. Há momentos menos bons, mas nesta posição isso tem outros reflexos na equipa. Se um avançado falha cinco golos de baliza aberta e depois marca o golo da vitória é um herói. Se um guarda-redes faz seis grandes defesas mas depois é mal batido, torna-se réu», aponta.

Os números de Artur

99 jogos pelo Benfica

- 63 na Liga

- 5 na Taça de Portugal

- 1 na Taça da Liga

- 21 na Liga dos Campeões

- 9 na Liga Europa

82 golos sofridos

Saldo global: 64 vitórias/22 empates/13 derrotas

30 jogos europeus (só cinco guarda-redes representaram mais vezes o Benfica na UEFA)

30 jogos consecutivos na Europa (é o melhor registo de Eusébio; apenas Nené, Shéu e Diamantino fizeram mais [32])