Artur Jorge é uma das pessoas mais habilitadas para fazer uma antevisão da partida dos oitavos-de-final da Taça UEFA entre Paris Saint-Germain e Benfica. Para além de ter orientado as duas equipas, a condição actual de treinador do Créteil, do segundo escalão francês, permite-lhe ter um conhecimento aprofundado da equipa parisiense. «São duas equipas onde estive e passei bons momentos, mas agora a situação é outra», começou por dizer ao Maisfutebol.
O técnico português atribui algum favoritismo ao Benfica, em virtude da posição que as equipas ocupam no respectivo campeonato, mas considera que o PSG tem uma palavra a dizer. «Aparentemente o Benfica está melhor que o PSG mas são competições diferentes. O PSG ainda não conseguiu fazer um bom campeonato, mas tudo pode acontecer. É bom não esquecer que eliminou uma equipa que vinha da Liga dos Campeões [AEK Atenas]».
A expectativa é, por isso, de um jogo equilibrado, onde o talento individual se vai relevar decisivo: «São duas boas equipas, que não estão bem posicionadas no campeonato, mas vai ser um bom jogo. Há bons jogadores de parte a parte. Mesmo num relvado que não é bom essas individualidades vão aparecer». «O PSG também tem bons jogadores, recentemente chegaram mais três ou quatro com qualidade», acrescentou o técnico.
Tendo em conta a comunidade portuguesa existente em Paris e aquilo que se verificou em jogos do passado, é de esperar que o Benfica conte com um forte apoio dos emigrantes lusos, mas Artur Jorge refuta a ideia de um apoio maioritariamente favorável aos encarnados: «O Benfica não vai jogar em casa. Vai ter lá muitos adeptos, mas vai haver mais gente do PSG. É um clube forte, com adeptos fortes. Quatro quintos do estádio vão ter adeptos do PSG. Espero é que seja um jogo sem incidentes, como às vezes acontece.»
Em Créteil a lutar pela manutenção
Se o PSG luta para evitar a despromoção na Liga 1 francesa, o Créteil vive situação idêntica no escalão inferior. Artur Jorge assumiu o comando da equipa em Outubro, quando estava no último lugar. Quase cinco meses depois o clube subiu uma posição, mas a luta pela manutenção mantém-se complicada.
«Melhorámos um bocadinho quando cheguei mas agora piorámos. É um trabalho duro e difícil. Vamos ver. Temos de continuar a acreditar que é possível garantir a manutenção», referiu Artur Jorge, que tem no plantel os compatriotas Mário Loja e Rui Pataca.
Os problemas são vários, mas o técnico acredita que é possível atingir os objectivos: «têm faltado várias coisas, mas acima de tudo tem faltado sermos uma equipa melhor. Enquanto sentir que há capacidade para fazermos melhor. Ainda faltam doze jornadas. Vamos ver¿»
Apesar de se tratar de um clube com ligações à comunidade portuguesa, uma vez que resulta da fusão com o Lusitanos de Saint-Mur e é presidido por Armando Lopes, emigrante luso, a vida de treinador não é diferente: «Quando se ganha as coisas correm bem, quando se perde as coisas correm mal. Mas isso é igual em qualquer clube.»