4-Itália-Brasil, 3-2 (Campeonato do Mundo, 1982)
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Onde: Barcelona (Sarriá), Espanha
Resumo: O Brasil tinha o Mundo a seus pés, jogando e ganhando como há anos não se via. A Itália tinha um percurso miserável - três empates ronceiros na primeira fase e um show de antijogo na vitória (2-1) sobre a Argentina de Maradona - e parecia incapaz de alinhar três passes seguidos. O jogo foi deslumbrante. O Brasil confirmou todas as suas qualidades, mas o patinho feio italiano viveu a mais improvável das metamorfoses e jogou divinamente. Rossi marcou três golos que deixaram o mundo incrédulo.
Consequências: A Itália embalou e tornou-se campeã mundial. O Brasil desenvolveu um novo trauma colectivo, só superado pelo Maracanazo de 1950. Os teóricos do resultadismo encontraram mais um exemplo imortal de que o jogo bonito não compensa. A memória dos adeptos de todo o mundo, que ainda hoje sabe de cor a composição da linha média brasileira - Cerezo, Falcão, Zico e Sócrates - continua a desmenti-los.
5- Hungria-Alemanha, 2-3 (Campeonato do Mundo, 1954)
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Onde: Berna (Wankdorf), Suíça
Resumo: A Hungria tinha trucidado todos os seus adversários até aí, incluindo a mesma Alemanha, na primeira fase (8-3!), o Brasil e o Uruguai. Os húngaros, que para além de um jogo revolucionário tinham descoberto as vantagens de um bom aquecimento, marcaram cedo, como de costume: aos 8 minutos já ganhavam por 2-0. A passeata começou a correr mal logo depois. Morlock reduziu e Rahn empatou ainda antes dos 20 m. Daí para a frente, o massacre húngaro esbarrou na muralha dos alemães, que a seis minutos do fim passaram para a frente. Ainda houve tempo para Puskas ver um golo mal anulado, antes de o jogo chegar ao fim, com a primeira derrota dos húngaros em mais de dois anos.
Consequências: Pela primeira vez, suspeitas de doping mancharam uma final do Campeonato do Mundo: poucos dias depois, toda a selecção alemã ficou de cama com uma estranha intoxicação alimentar. A Hungria não voltou a ter oportunidade de cruzar-se com a glória: continuou a ganhar jogos atrás de jogos, até a invasão soviética de 1956 dispersar uma inigualável geração de talentos por toda a Europa.
6- Coreia do Norte-Itália, 1-0 (Campeonato do Mundo, 1966)
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Onde: Middlesbrough (Ayrsome Park), Inglaterra
Resumo: Durante alguns anos, os adeptos italianos tremiam de cada vez que ouviam falar em dentistas. Era essa a profissão de Pak-Doo-Ik, o extremo esquerdo coreano que marcou o único golo do jogo, aos 42 minutos, com um cruzamento-remate que apanhou o grande Albertosi fora do lugar. Foi a suprema humilhação para o futebol arrogante e ultrapassado dos italianos, incapazes de travar a incrível velocidade dos seus entusiastas mas limitados adversários.
Consequências: Os coreanos foram eliminados por Portugal nos quartos-de-final, no jogo mais lendário da carreira de Eusébio (quatro golos). Os italianos, eliminados, foram bombardeados com legumes no aeroporto, à chegada ao seu país. As fronteiras do calcio fecharam-se a estrangeiros durante 15 anos, para que os jovens futebolistas de Itália pudessem afirmar-se mais facilmente. O catenaccio, táctica destinada a evitar repetições da catástrofe, teve terreno livre para crescer durante dez anos.