João Sampaio, vice-presidente do Sporting, considera que se «subiu um degrau na escalada da violência verbal», na Assembleia Geral (AG) desta quinta-feira, e relaciona o ambiente crispado com o descontentamento de uma das claques.

«Ao descontentamento que, em parte, tem a ver com as feridas do passado, e também com os resultados desportivos, associou-se este descontentamento de um grupo organizado de adeptos. E digo isto sem receio. Essa situação está clarificada, os sócios já se aperceberam no estádio, e ontem aperceberam-se na AG», começou por referir o dirigente, em declarações ao canal do clube.

«O Conselho Diretivo acha determinante dizer que a violência verbal, a violência que pode facilmente resvalar para a violência física, é a grande responsável por todas as dificuldades que o clube teve os incidentes de Alcochete. Não podemos compactuar com isto. Os sportinguistas já têm dado sinais no estádio relativamente à violência no comportamento dos grupos organizados. O nosso apelo é que critiquem a direção quando assim entenderem, mas pacificamente, respeitando os direitos de todos, e deixando que a democracia flua», acrescentou ainda João Sampaio.

O vice-presidente leonino associa o descontentamento de um dos grupos organizados de adeptos (GOA) às condições do novo celebrado pela direção de Frederico Varandas.

«Na nossa perspetiva a relação com os GOA não era saudável. Eram claramente beneficiados relativamente aos outros sócios, o que nos pareceu de uma injustiça atroz. Já este ano decidimos propor a celebração de um novo protocolo, que passava pela compra de bilhetes a um preço reduzido, e outras regalias, como apoio a viagens ou a coreografias comuns. Três dos GOA aceitaram muito bem e habituaram-se muito bem a este protocolo, sem nenhum tipo de dificuldade. Há um grupo organizado que não está muito satisfeito - e estou a ser eufemístico - e mobiliza-se no descontentamento e mobiliza o descontentamento de outros sócios. É preciso que tudo isto seja entendido dentro de um contexto de mudança na relação com os GOA. Sabemos que são importantes, e queremos ajudá-los a apoiar os atletas do Sporting, mas a apoiar no sentido verdadeiramente do termo. Não devem confundir as dificuldades de relação que têm com a direção, com o seu papel de adeptos. Esse é sempre, em primeira linha, apoiar os atletas. O descontentamento com a direção, seja ele qual for, deve vir para cima da direção», defendeu.

João Sampaio entende que os sportinguistas devem fazer um «balanço crítico» da assembleia, e lamenta que Sousa Cintra não tenha conseguido falar na mesma, por causa dos assobios.

«Não podemos admitir, numa associação que tem a democracia tão instituída, que uma pessoa não consiga falar na AG. Temos gerido as críticas, algumas violentas, fora de tom, mas isto demonstra uma situação muito grave, e os sportinguistas têm de se mobilizar para que não se repita. Tivemos um ex-presidente do Sporting que não conseguiu falar na AG do clube de que é sócio. Independentemente de ter sido presidente, dos méritos que tenha ou não, Sousa Cintra é sócio do Sporting, e deve poder falar. Isto é gravíssimo, e os sportinguistas devem mobilizar-se para que isto acabe.»

Ainda relativamente aos acontecimentos da véspera, o vice-presidente congratulou-se com a aprovação das contas e desvalorizou a circunstância desse resultado ter sido consequência de uma maioria de votos mas não de votantes.

«Isso reflete uma diferença estatutária em que me revejo. Admito que seja discutível, mas a minha opinião é que faz sentido, que numa associação centenária a antiguidade seja premiada com mais direitos. No Sporting os associados são muito participativos, felizmente, e estas coisas estão sempre em discussão, mas eu convivo muito bem com esta regra», referiu.