O Athletic de Bilbao, orgulho do País Basco pela preservação de uma máxima de valorização dos produtos futebolísticos da região, está a acumular situações de excepção que motivam discussão acesa entre os adeptos mais radicais.

Em Fevereiro de 2008, Jonas Ramalho (filho de uma angolana e um basco) foi o primeiro jogador negro a vestir a camisola da equipa principal. Aos poucos, as máximas do clube transformam-se. «Podem jogar no Athletic todos os jogadores nascidos em Euskadi (país basco) e todos aqueles que se formaram em Lezama (escola do clube) ou na cantera de qualquer outro clube basco», refere orgulhosamente o clube de Bilbao.

Contudo, um olhar atento para os escalões de formação do emblema basco permite descobrir várias situações dúbias, que dividem opiniões. Entre jogadores nascidos em Itália, Colômbia, Nigéria ou Mali, também existe um jovem talento oriundo de Guimarães, berço de Portugal.

Monteiro, o português

Víctor Monteiro Oliveira nasceu em Creixomil, freguesia de Guimarães, a 16 de Junho de 1994. Filho de portugueses radicados em Espanha, o médio chegou às escolas do At. Bilbao em 2006. Esta época, subiu à categoria de Cadete B no clube, recolhendo elogios dos responsáveis pela cantera.

Monteiro, como é conhecido no país vizinho, já criou raízes na região de Viscaya, residindo com a sua família em Sodupe. O jogador também representa a selecção basca (Euskadi), na categoria sub-14.

Ao longo dos últimos meses, o Maisfutebol tentou entrar em contacto com o médio e com responsáveis pelos escalões de formação do At. Bilbao, mas a assessoria de imprensa do clube procura evitar a exposição pública destes elementos.

«Situação deve ser analisada pela direcção»

Recolhendo opiniões para lá do manto de silêncio que envolve esta questão polémica, foi possível falar com Félix Sarriugarte, que serviu o At. Bilbao como jogador, treinador das camadas jovens e da equipa principal, durante curtos meses, em 2006.

«A filosofia não mudou. São jogadores que nasceram fora do país basco mas têm raízes na região e estão, como tal, dentro daquilo que o clube sempre defendeu. A identidade é importante e cada situação deve ser analisada pela direcção. Não me compete a mim dizer se determinado jogador, nascendo neste ou naquele país, pode representar o At. Bilbao. O que posso dizer é que sempre foi claro que é preferível sacrificar a parte desportiva do que mudar a filosofia. Os adeptos bascos defendem isso e eu não sou excepção», explicou Sarriugarte, ao nosso jornal.