Há outro grande clássico no fim de semana, além do Benfica-FC Porto. Com a liderança em jogo. At. Madrid-Barcelona, duelo de comandantes da Liga espanhola, confronto entre a equipa-sensação de Diego Simeone e os mais que consagrados campeões. Um duelo com muita história (e muitos golos), mas poucas vezes jogado com este equilíbrio de forças.

Essa é a grande novidade deste ano. O At. Madrid de Diego Simeone chega a meio do campeonato forte, sólido como há muito não se via. Tal como o Barcelona, apenas cedeu quatro pontos até agora. É o detentor da Taça do Rei, apurou-se tranquilamente para os oitavos de final da Liga dos Campeões.

O Barcelona é o Barcelona, desde o início da época com novo treinador, Tata Martino, e agora de novo com Messi, que esteve ausente por lesão mas voltou mesmo a tempo da visita ao Calderón. A dúvida é se será titular, o Barça deixa a ideia que não.

O Barcelona é também talvez a última barreira mental que o Atlético de Simeone tem de passar. A equipa do «Cholo» já quebrou um enguiço longo com o Real Madrid. Não só venceu a Taça do Rei ao eterno rival no fim da época passada como lhe ganhou já esta temporada para a Liga, algo que não acontecia há 14 anos.

Mas com o Barcelona tem sido diferente. O treinador argentino, que chegou ao Calderón no final de 2011, nunca venceu o Barça, em três confrontos para a Liga. Por outro lado, esta época não perdeu nenhum dos dois encontros para a Supertaça, que o Barcelona acabaria de vencer graças aos golos marcados fora.

Levar a melhor neste jogo não só garante a liderança isolada, mas também um ascendente psicológico importante. É nisso que joga o Barça, quando admite a transcendência deste confronto, como fez Xavi. «Este jogo é vital», disse o médio: «Não decidirá a Liga, mas gostávamos de dar um murro na mesa.»

Ao que o Atlético responde sacudindo a pressão. Com a ideia de que o duelo deste sábado não é decisivo e que o favoritismo está todo do lado do Barça. Uma atitude resumida nas palavras do português Tiago: «Não podemos equivocar-nos e pensar que o Barça não é o favorito em todos os campos. Vejo-os como favoritos. Estão em primeiro, são os atuais campeões, estão recheados de estrelas e para nós será uma luta enorme, que tentaremos ganhar.»

3,5 golos por jogo, em média

Temos seguramente garantido um grande jogo. Mas, perante tudo o que está em causa, já será menos provável esperar uma chuva de golos, como as que vêm à memória quando falamos deste duelo. A lenda dos confrontos entre At. Madrid e Barcelona é muito feita desses jogos com resultados a fazer lembrar as peladas de rua. E não é só impressão, os números confirmam-no. Nos 152 confrontos para a Liga entre Atlético e Barça, em casa de um ou de outro, a média de golos deste clássico é de 3,5 por jogo!

Houve de tudo, desde uma já longínqua vitória do Atlético por 6-4, em 1950-51, a um 7-3 para o Barcelona uns anos depois. E não é só coisa de um passado muito distante. Na década de 90, o confronto entre colchoneros e blaugrana era sinónimo de golos com fartura. E depois disso. Ainda em 2006 o Barça foi vencer ao Calderón por 6-0. E depois disso já houve um 4-3. E um 5-2. Alguns desses jogos são memoráveis, recorde-os aqui.

At. Madrid-Barcelona, 4-3 (1993/94)

Nesse confronto de Outubro de 1993, para a 9ª jornada da Liga, três golos de Romário até aos 34 minutos pareciam ter resolvido o jogo a favor do Barcelona. Mas o Atlético deu a volta numa segunda parte louca. O polaco Roman Kosecki fez o 1-3 aos 47 minutos, depois Pedro marcou o 2-3, a seguir Kosecki bisou e a dois minutos do final Caminero apontou o 4-3 e selou a reviravolta frente ao Barça de Johan Cruijff. Na segunda volta desse campeonato, já agora, o Barça venceu no Camp Nou por 5-3.



Barcelona-At. Madrid, 5-4 (1996/97)

Reviravolta épica é isto. Segunda mão dos quartos de final da Taça do Rei no Camp Nou, depois de um empate a dois golos na primeira mão. Ao Atlético bastava um empate e, quando os colchoneros chegaram ao 3-0 depois de um «hat-trick» de Pantic, tudo parecia acabado para aquele que era por esses dias o Barça mais português de sempre, com Baía, Fernando Couto e Figo em campo. No banco do Barça, Bobby Robson fez entrar Pizzi e Stoichkov ainda antes do intervalo, na vez de Popescu e Blanc. E o Barcelona deu a volta. Ronaldo marcou dois a abrir a segunda parte, Pantic ainda fez o 4-2. Embora parecesse, ainda não estava acabado. O 3-4 foi apontado por Figo, depois Ronaldo completou o «hat-trick» para o 4-4. Por fim, Pizzi deu a vitória ao Barça.



At. Madrid-Barcelona, 2-5 (1996/97)

Nessa época em que o At. Madrid defendia o título houve nada menos que seis clássicos com o Barça, juntando aos de Liga dois da Supertaça e dois da Taça do Rei. Tiveram ao todo 37 golos, mais de seis por jogo em média. Além dos tais 5-4 da reviravolta do Barça para os quartos de final da Taça, fica para a posteridade também o último, que foi para a Liga e selou a época em que Ronaldo passou como um cometa pelo Barça. Os catalães venceram por 5-2, com mai um «hat-trick» do então jovem Fenómeno. Quem fecha o marcador é Luís Figo.



At. Madrid-Barcelona, 5-2 (1997/98)

O Barcelona já chegava ao Calderón como campeão naquela penúltima jornada da Liga. E quando Rivaldo marcou de meio-campo e fez o 1-0 parecia que o ambiente seria de festa para os visitantes. Mas não. O Atlético deu a volta, pelo meio um bis de Vieri e um golo de Caminero, no jogo que assinalou a despedida de ambos do Vicente Calderón. E também o intervalo nestes confrontos épicos, antes de o Atlético entrar numa espiral de crise que o levou à II Divisão no virar do século.



At. Madrid-Barcelona, 4-3 (2008/09)

Março de 2009, a meio da eliminatória de Liga dos Campeões em que o FC Porto levaria a melhor sobre o At. Madrid, os «colchoneros» sairam por cima de um dos últimos jogos com resultado de hóquei em patins dos clássicos com o Barcelona. Henry e Messi colocaram os catalães a vencer por 2-0 à meia-hora, mas o Atlético respondeu logo a seguir num golo de Forlán. O resto foi muito Aguero, num jogo que teve dois portugueses em campo, Simão a titular e Maniche a sair do banco do Atlético. Kun fez o 2-2, Henry ainda voltou a colocar o Barça na frente, mas o Atlético voltou a sair por cima: primeiro num penálti batido por Forlán, depois no 4-3 assinado por Aguero. Para a história dos clássicos cheios de golos ainda houve uma vitória do Barça por 5-2 na temporada seguinte. Quanto ao Atlético, venceu depois desse apenas mais um encontro frente ao Barça, um 2-1 em março de 2010.


Atletico Madrid 4 - 3 Barcelona Highlights by psg87280