O fisioterapeuta Gonçalo Álvaro relatou hoje em tribunal que o antigo presidente do Sporting Bruno de Carvalho «desprezou» a final da Taça de Portugal de futebol, durante uma reunião ocorrida um dia antes do ataque à academia de Alcochete.

A testemunha, à data dos factos coordenador da área de fisioterapia do clube, foi ouvido esta quinta-feira na 15.ª sessão do julgamento da invasão à academia leonina, em 15 de maio de 2018, com 44 arguidos, incluindo Bruno de Carvalho, que decorre no Tribunal de Monsanto, em Lisboa.

O fisioterapeuta contou que o ex-presidente agendou três reuniões para 14 de maio de 2018, segunda-feira, véspera do ataque, após uma derrota por 2-1 frente ao Marítimo: com a equipa técnica, com os jogadores e com os elementos do staff, tendo a testemunha estado presente na reunião do staff, na qual esteve Bruno de Carvalho e outros elementos do Conselho de Administração da SAD, como Rui Caeiro e Carlos Vieira, e o então diretor desportivo André Geraldes.

Quanto ao ataque na academia, Gonçalo Álvaro, estava no balneário dos fisioterapeutas quando foi avisado da presença de pessoas «estranhas» na academia. «Fiz o corredor e quando estou a chegar ao balneário vi um indivíduo de costas a acionar uma tocha e a atirá-la para o interior do balneário e depois a fugir. A minha primeira perceção foi que este indivíduo, que estava encapuzado, tinha furado a segurança, entrado na academia e atirado uma tocha para o balneário. Inicialmente, não atribuí a gravidade ao que tinha acontecido», explicou a testemunha. Quando entrou no balneário, viu um cenário de «pânico» e destruição.

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Já Ludovico Marques, também fisioterapeuta, deu conta do «tom intimidatório e de «ameaça» com que Bruno de Carvalho se dirigiu aos elementos do staff do Sporting, durante a reunião no dia de véspera ao ataque.

«Fiquei sem perceber qual era o objetivo da reunião. Ele [Bruno de Carvalho] referia constantemente: ‘aconteça o que acontecer amanhã, quem é que está com esta direção? Quem não estiver que saia da sala. Em tom intimidatório e [de] ameaça. Repetiu essa frase várias vezes a olhar nos olhos», respondeu Ludovico Marques, às questões da procuradora do Ministério Público.

Questionado posteriormente pelo advogado do então presidente dos leões sobre se o tom do dirigente não era o de sempre, Ludovico Marques respondeu que não a Miguel Fonseca. «Não era o tom habitual dele. Senti-me intimidado, isto foi em tom intimidatório», afirmou.

Artigo atualizado às 13h44