As alegações de doping que relacionaram o treinador Alberto Salazar e o atleta norte-americano Galen Rupp não iriam deixar o melhor fundista do mundo de fora da polémica. Como não deixaram.

O corredor inglês (nascido na Somália) campeão olímpico (em 2012) dos 5.000 e dos 10.000 metros faz parte do leque de atletas treinados por Salazar – como Rupp – e não pôde deixar de ser referido, por esse facto, quando se levantaram as suspeitas sobre o técnico norte-americano.

Mas, nesta quarta-feira, Mo Farah foi notícia na primeira pessoa. O fundista foi lançado no furacão que tem abalado o atletismo neste mês de junho quando o «Daily Mail» revelou que Farah falhou dois controlos antidoping.

O primeiro teste falhado é remetido ao início de 2010; o segundo é remetido a fevereiro do ano seguinte, quando Farah já trabalhava com Salazar. Falhar dois testes antidoping não imputa qualquer consequência direta a um atleta, mas coloca-o a apenas uma falha de ser sancionado.

Com três falhas a testes antidpoing no período de um ano, um atleta seria automaticamente suspenso com uma pena que variava entre 12 meses a dois anos – o significado desta eventualidade é que Farah esteve a uma falha de perder os Jogos Olímpicos de Londres onde foi uma das estrelas.



Os regulamentos foram entretanto alterados e qualquer atleta que falhe três controlos em 12 meses pode ficar suspenso até quatro anos. O que também foi revelado agora pelo «Mail» é que Farah contestou a segunda falta (a de 2011) alegando que não ouviu a campainha da porta. Já nesta quinta-feira, segundo o «The Guardian» os oficiais antidoping que bateram à porta de Farah dizem tê-lo feito a cada 10 ou 15 minutos durante uma hora.

Aquela hora é o período em que qualquer atleta britânico de elite tem de poder ser localizado todos os dias. Os atletas têm de informar onde vão estar diariamente mesmo que estejam de férias, por exemplo. É uma regra de localização do «paradeiro» dos atletas de elite britânicos para que possam ser controlados sem aviso prévio por técnicos antidoping.

Farah está agora a treinar em França tendo-se afastado do contacto com Salazar enquanto o treinador é alvo de investigações. O fundista britânico contratou a agência de relações públicas Freuds para o aconselhamento na gestão deste furacão, como está habituada, segundo o «The Guardian», a fazer com outras personagens famosas.

Já na semana em que Salazar ficou sob suspeitas de envolvimento com doping, Farah acabou por desistir do Metting de Birmingham devido ao stress causado pelas notícias sobre o seu treinador. E viu também a sua «performance» ser alvo de escrutínio.

Dados médicos de Mo Farah analisados

O programa «Panorama BBC» coloca em causa a licitude desportiva do centro de treino de elite dirigido por Alberto Salazar, no Oregon (EUA). No documentário, Galen Rupp é acusado de se ter dopado sob a supervisão de Salazar.

Ambos negaram as acusações. «Nunca tomei qualquer substância proibida e Alberto nunca sugeriu que eu tomasse uma substância proibida», garantiu Rupp. Salazar respondeu em comunicado que «as alegações foram sustentadas em falsas assunções e meias-verdades».