O ex-atleta paralímpico Carlos Lopes considerou que o treinador Nuno Alpiarça, falecido na quinta-feira, foi «uma vítima de Covid-19 sem ter a doença» e criticou a demora entre a chamada do INEM e a chegada ao hospital.
«O Nuno Alpiarça, sem ter covid-19, acabou por ser uma vítima da doença, porque foi deixado no chão durante muito tempo e isso, naturalmente, pode ter sido decisivo. Passaram quase duas horas entre a chamada para o INEM e a chegada ao Hospital de Santa Maria», disse o antigo atleta em declarações à agência Lusa.
Também à Lusa, o INEM disse não ter existido qualquer atraso na assistência e acrescentou: «Nas duas horas que decorreram entre o pedido de ajuda inicial e a chegada ao hospital, o doente esteve sempre a receber a assistência médica adequada à sua condição clínica.»
Carlos Lopes, em tempos treinado por Nuno Alpiarça, socorreu-se dos relatos de dois atletas que estavam com a vítima, para insistir que o treinador ficou demasiado tempo no chão sem que nada lhe tivesse sido feito, à exceção da colocação de uma máscara e de uma viseira. «No atual protocolo, apanha-se alguém com dificuldades de respiração e a pessoa fica no chão com uma máscara, porque o protocolo covid-19 se sobrepõe a tudo», apontou.
«Não foram indicados quaisquer sinais ou sintomas compatíveis com uma vítima crítica, tendo sido apenas referido que a vítima teria sofrido uma queda», informou o INEM, que disse ainda que a chamada inicial foi efetuada às 10h19. «Por se tratar de uma situação de dificuldade respiratória com uma semana de evolução (informação transmitida pela própria vítima), existem protocolos de segurança que têm obrigatoriamnte de ser cumpridos.»
O INEM avança ainda que, depois de o estado da vítima se ter agravado, acionou um pedido de VMER, na qual foram realizadas manobras de Suporte Avançado de Vida durante aproximadamente 20 minutos, tendo Nuno Alpiarça sido transportado para o Hospital e Santa Maria, em Lisboa, às 11h43. «Não faz sentido algum referir que o doente demorou duas horas a chegar ao hospital, quando a VMER é precisamente um meio de emergência altamente diferenciado que funciona como uma extensão do hospital», aponta o INEM.
Nuno Alpiarça, que tinha testado negativo em testes para a covid-19, morreu esta quinta-feira na zona de Benfica, em Lisboa, pouco antes de iniciar um treino. Tinha 53 anos.