Esta terça-feira fica a faltar, precisamente, um mês para o arranque do Euro 2016, em França, que será o maior de sempre, com 24 seleções apuradas. Mas, como é tradição neste tipo de competições curtas, haverá muita gente de qualidade a ficar de fora.

Desde logo os craques das seleções não apuradas, como é lógico, com a Holanda à cabeça de todas. Depois, aqueles que não entrarão, por opção, na lista de 23 que cada um dos selecionadores nacionais irá definir. E, o que mais nos interessa agora, aqueles que, provavelmente, até estariam nos eleitos, em condições normais, mas por causa de uma lesão (ou até de um castigo e, sim, estamos a falar de Benzema, mas não só...) vão ter de ver a competição pela televisão.

A verdade é que, neste momento, já não são poucos os descartados por problemas físicos. E numa altura em que a maioria dos campeonatos europeus ainda estão em fase de decisões, em que há finais europeias e das Taças nacionais para disputar, é normal que ninguém abrande ou tire o pé.

O que faz, naturalmente, subir a tensão dos selecionadores que não podem fazer mais do que ver de fora e rezar para que nada aconteça àqueles com os quais querem contar em França. Mas imagina-se que muitos sofram em silêncio sempre que algum dos seus meninos fica caído após um lance dividido...

GRUPO A: mais castigos do que lesões a afetar a anfitriã França

O ausente mais sonante do grupo A é, também, até ao momento, o ausente mais sonante de todo o Europeu. Falamos de Karim Benzema, avançado do Real Madrid. A 13 de abril, anunciou que ficaria de fora, na sequência do caso de chantagem e tentativa de extorsão ao colega Mathieu Valbuena.

A Federação explicou a decisão de afastar o jogador, sublinhando que, além do rendimento desportivo, analisa também o comportamento e o espírito de grupo para que tudo corra pelo melhor no torneio.

Benzema foi o ponta de lança titular da seleção francesa no Mundial 2014 e no Euro 2012, mas agora a solução será outra.

Benzema-Valbuena: o caso que abalou a seleção francesa

Outro caso de ausência forçada na França por suspensão é o de Mamadou Sakho, embora, nesta situação, por causa de uma suspensão provisória de 30 dias devido a um controlo antidoping positivo.

A sanção imposta pela UEFA ao defesa do Liverpool foi acolhida, também, pela FIFA. Contudo, ainda falta a decisão final e, caso o jogador consiga «limpar o seu nome, para usar as palavras da Federação Francesa, poderá ainda estar nos escolhidos.

Ainda na seleção gaulesa, há um caso de lesão que afasta um jogador do torneio. Falamos de Kurt Zouma, do Chelsea, que sofreu, em fevereiro, uma rotura de ligamentos no joelho que, logo ali, lhe traçou o cenário negro: poderia esquecer o Europeu. Ainda não voltou a jogar, de facto.

Ainda no grupo A, a Suíça também já sabe que não poderá contar com Josip Drmic, avançado de 23 anos que alinhava esta temporada no Hamburgo, por empréstimo do Borussia Monchengladbach. Sofreu uma grave lesão no joelho em março deste ano.

GRUPO B: Roy Hodgson com dores de cabeça

Oxlade-Chamberlein é, apenas, o último caso. A seleção inglesa tem sido uma das mais martirizadas por lesões, depois de confirmado o apuramento para o Euro 2016.

O avançado do Arsenal teve uma recaída na recuperação de uma lesão no joelho, sofrida em fevereiro, quando já estava a voltar aos treinos. Terá de voltar a parar e, garantiu o seu treinador Arsene Wenger, não tem hipóteses de ir ao Europeu.

Mas não é caso único entre os ingleses. O guarda-redes Jack Butland, do Stoke City, também não estará em França, devido a uma fratura no tornozelo. Seria uma alternativa a Joe Hart para a baliza.

Jordan Henderson, que também sofreu uma lesão nos ligamentos do joelho, é dúvida, também, entre os ingleses, embora o seu treinador no Liverpool, Jurgen Klopp, tenha assegurado que recupera a tempo.

Mais difícil é a situação de Luke Shaw, do Manchester United, que parece descartado depois da dupla fratura sofrida no jogo da Liga dos Campeões com o PSV, ainda em setembro do ano passado. A verdade é que não voltou a jogar e dificilmente o fará a tempo de ter condições para estar no Europeu.

Luke Shaw no momento da lesão horrível

Ainda neste grupo há outro caso de dúvida, mas na seleção da Rússia. Denis Cherychev, emprestado pelo Real Madrid ao Valência, vai ser submetido a uma cirurgia, informou o clube, depois de uma temporada marcada por várias lesões.

GRUPO C: quem resiste no miolo alemão?

Gundogan, que já havia falhado o Mundial 2014 (e com isso a hipótese de ser campeão do mundo) por causa de uma lesão, é a última carta fora do baralho de Joachim Low para tentar conquistar o título europeu, que foge desde 1996.

Mas está longe de ser a única. Desde logo, Badstuber, do Bayern Munique, um crónico lesionado, que em fevereiro fraturou o tornozelo e terá vida difícil para recuperar a tempo. Não joga desde 10 de fevereiro e, pior ainda, completou apenas nove partidas esta temporada.

Bastian Schweinsteiger é outro caso. O médio, um dos líderes do grupo, teve uma temporada atribulada e não joga desde março. Van Gaal, o seu treinador, já lhe traçou o destino: não volta a jogar esta época. Joachim Low, por seu turno, prometeu esperar até ao limite. Afinal, não falamos de um jogador qualquer…

Recuperação de Schweinsteiger é uma das grandes dúvidas na Alemanha

Outra dúvida alemã é a estrela do Wolfsburgo Julián Draxler, que se lesionou na eliminatória com o Real Madrid, para a Champions e não voltou a jogar, estando também em dúvida para o torneio.

Emre Can, do Liverpool, também ameaçou desfalcar a Alemanha, mas poderá ser selecionado. Mesmo tendo sofrido uma lesão no histórico jogo (4-3) com o Borussia Dortmund, para a Liga Europa, conseguiu voltar ainda na segunda mão das meias-finais e tem até ao final da época para provar a Low que está em forma.

E dos problemas alemães estamos conversados, embora neste grupo C seja ainda de salientar a ausência de Chris Brunt na Irlanda do Norte, que já sabe desde março que não poderá fazer parte do regresso do seu país a uma grande competição de seleções. Foi operado aos ligamentos do joelho direito.

GRUPO D: o quarteto com menos problemas

O grupo formado por Espanha, República Checa, Turquia e Croácia é um dos mais fortes da fase inicial do Europeu, mas, até ver, é aquele em que menos artistas ficarão de fora por lesão ou castigo.

Ainda assim, há a salientar o caso de Dejan Lovren que não irá representar a Croácia. O defesa do Liverpool desentendeu-se com o selecionador Ante Cacic, depois de ter exigido ser titular. A não ser que haja um ‘volte-face’ irá mais cedo de férias.

Neste grupo há ainda que ter em atenção o caso de um dos mais famosos jogadores checos: Tomas Rosicky. Com apenas um jogo na equipa principal do Arsenal, esta época, o histórico médio foi massacrado por lesões mas tem crédito suficiente para que o selecionador, Pavel Vrba, não desista dele.

Rosicky ainda vai a tempo de mais um Europeu?

GRUPO E: italianos e irlandeses em sarilhos

Neste grupo, a lista de ausentes já confirmados ou muito prováveis, é longa. Comecemos pela Itália, onde Verrati é apenas o último exemplo. Antes dele, já Claudio Marchisio era baixa certa para o Europeu. Um rombo importante no meio campo transalpino.

As opções para a baliza também sofreram um revés com a rotura de ligamentos de Mattia Perín, do Génova, o que pode abrir a porta ao jovem Gianluigi Donnarumma. E na defesa há dúvidas se Giorgio Chiellini recuperará a tempo. Não joga há mais de um mês…

Por fim, há o caso de Mario Balotelli, que até tem vindo a jogar ultimamente no AC Milan, depois de uma lesão sofrida no final de 2015, mas a quem o selecionador Antonio Conte já disse, publicamente, que o mais provável é ver o Europeu pela televisão.

Da Itália seguimos para a Irlanda, onde a estrela da companhia, Robbie Keane, é dúvida. Não joga desde março devido a lesão e não é certo que recupere a tempo. O selecionador Martin ONeill até admitiu que poderá levar o avançado de 35 anos a França mesmo que fora do grupo de 23, caso não recupere a tempo.

Robbie Keane vai ao Euro: mas pode não ser para jogar

Situação idêntica é a de outro veterano, mas este das balizas: Shay Given. E ainda no campo dos guarda-redes, a Irlanda já sabe que também não contará com Rob Elliot, do Newcastle, com uma rotura de ligamentos no joelho.

Como se ainda não fosse suficientemente difícil a vida do selecionador irlandês, há ainda a lamentar a ausência de Alan Judge, avançado do Brentford, que fraturou a perna numa lesão arrepiante em abril.

Por fim, o périplo por este grupo termina na Bélgica onde se lamenta a ausência praticamente certa de Zakaria Bakkali, do Valência, depois de se ter submetido a uma cirurgia em março a uma lesão na anca, com tempo de recuperação estimado em quatro meses. Mais recentemente, o central Vincent Kompany também anunciou que falha o torneio, devido a uma lesão na coxa. 

Há ainda dúvidas em volta de Divock Origi, avançado do Liverpool, que não joga desde abrir com uma lesão no tornozelo. Marc Wilmots, selecionador, já disse que vai esperar pelo último momento para decidir o seu afastamento ou inclusão.

GRUPO F: Coentrão e Danny fora dos planos portugueses

No grupo final, o país com mais ausências forçadas, até ver, é mesmo Portugal. E logo dois potenciais titulares. Fábio Coentrão e Danny, já se sabe, não estarão no Europeu, ambos devido a lesão.

Danny não tem uma história feliz na seleção

Para o avançado do Zenit esta foi, de resto, quase certamente, a última oportunidade da carreira para marcar presença num campeonato da Europa. Em 2008 ainda não tinha atingido o nível que o levou à seleção e em 2012 não integrou os eleitos de Paulo Bento.